São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2010

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Controle rígido reforça estereótipo e preconceito

Pequena elite é, na maioria, formada por membros do partido comunista

A despeito de problemas, visita revela parques e áreas verdes, onde não se vê violência nem moradores de rua


PEDRO CARRILHO
ENVIADO ESPECIAL A PYONGYANG

Pode soar estranho, mas, à primeira vista, Pyongyang, a capital da Coreia do Norte, se revela como uma cidade de avenidas amplas, parques e áreas verdes, onde não se vê violência urbana, engarrafamentos e moradores de rua.
A outra face? Bem, essa é bem mais divulgada -e o fato é que muito pouco se sabe sobre esse país, conhecido pelas esquisitices de seus líderes políticos, pelos conflitos com os sul-coreanos e com as potências do Ocidente, e, mais recentemente, pelos testes nucleares.
Na Coreia do Norte, há um controle rígido de cada passo dos turistas, o que acaba sendo contraproducente para a imagem que muitos levam de volta. Os visitantes menos dispostos a ler nas entrelinhas saem de lá com mais estereótipos e preconceitos do que quando chegaram.
Devido ao total controle da informação, até mesmo os possíveis fatos positivos podem acabar ficando escondidos atrás da cortina de fumaça da propaganda oficial.

POPULAÇÃO
O contato com a população, quando possível, e a observação dos seus hábitos cotidianos são um dos destaques de uma visita.
Lá, há uma pequena elite que começa a consumir bens de consumo importados. São geralmente membros do partido comunista que, em muitos casos, já tiveram a oportunidade de viver em grandes cidades ocidentais.
E há a esmagadora maioria, um povo sofrido não apenas pelas imposições do regime totalitário como também por um histórico de ocupações, de guerras atrozes, do fim do bloco soviético, de desastres naturais e, mais recentemente, por uma série de embargos, sanções e bloqueios econômicos.
Nota-se uma explícita vontade de reunificação com os irmãos da Coreia do Sul, mas é praticamente impossível distinguir os reais sentimentos dos norte-coreanos depois de décadas de propaganda política.
Uma viagem a um país como a Coreia do Norte deve ser encarada como uma oportunidade de enxergar nas entrelinhas e observar as sutilezas de uma das sociedades mais fechadas do planeta.


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