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Controle rígido reforça estereótipo e preconceito
Pequena elite é, na maioria, formada por membros do partido comunista
A despeito de problemas, visita revela parques e áreas verdes, onde não se vê violência nem moradores de rua
PEDRO CARRILHO
ENVIADO ESPECIAL A PYONGYANG
Pode soar estranho, mas, à
primeira vista, Pyongyang, a
capital da Coreia do Norte, se
revela como uma cidade de
avenidas amplas, parques e
áreas verdes, onde não se vê
violência urbana, engarrafamentos e moradores de rua.
A outra face? Bem, essa é
bem mais divulgada -e o fato é que muito pouco se sabe
sobre esse país, conhecido
pelas esquisitices de seus líderes políticos, pelos conflitos com os sul-coreanos e
com as potências do Ocidente, e, mais recentemente, pelos testes nucleares.
Na Coreia do Norte, há um
controle rígido de cada passo
dos turistas, o que acaba sendo contraproducente para a
imagem que muitos levam de
volta. Os visitantes menos
dispostos a ler nas entrelinhas saem de lá com mais estereótipos e preconceitos do
que quando chegaram.
Devido ao total controle da
informação, até mesmo os
possíveis fatos positivos podem acabar ficando escondidos atrás da cortina de fumaça da propaganda oficial.
POPULAÇÃO
O contato com a população, quando possível, e a observação dos seus hábitos cotidianos são um dos destaques de uma visita.
Lá, há uma pequena elite
que começa a consumir bens
de consumo importados. São
geralmente membros do partido comunista que, em muitos casos, já tiveram a oportunidade de viver em grandes cidades ocidentais.
E há a esmagadora maioria, um povo sofrido não apenas pelas imposições do regime totalitário como também
por um histórico de ocupações, de guerras atrozes, do
fim do bloco soviético, de desastres naturais e, mais recentemente, por uma série
de embargos, sanções e bloqueios econômicos.
Nota-se uma explícita vontade de reunificação com os
irmãos da Coreia do Sul, mas
é praticamente impossível
distinguir os reais sentimentos dos norte-coreanos depois de décadas de propaganda política.
Uma viagem a um país como a Coreia do Norte deve ser
encarada como uma oportunidade de enxergar nas entrelinhas e observar as sutilezas de uma das sociedades
mais fechadas do planeta.
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