São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2010

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Companhia estatal não compra novos aviões há 20 anos

Estrangeiros ouvidos pela reportagem reclamaram do cheiro de querosene nas aeronaves norte-coreanas

Na Air Koryo, maioria dos voos são feitos em jatos russo-soviéticos, desenvolvidos ainda na década de 1960


DO ENVIADO A PYONGYANG

Viajar pela Air Koryo (www.korea-dpr.com) é uma das maiores emoções para os estrangeiros. A companhia área estatal de aviação tem uma das frotas mais antigas do mundo e divide com a Air China a responsabilidade de levar os estrangeiros para Pyongyang.
A Air Koryo não compra uma nova aeronave desde o final da extinta União Soviética, há 19 anos.
O número de aviões da sofrida frota da empresa é uma incógnita, mas estima-se que não ultrapasse 20. Os mais antigos já cumpriram mais de quatro décadas de serviços prestados ao regime do ""pai da nação".
A maioria dos voos é feita em aviões Tupolev-154, de fabricação russa, desenvolvidos ainda nos anos 1960.
Mesmo com a idade avançada, cerca de 250 jatos desse modelo continuam em atividade. No ano passado, a União Europeia proibiu a empresa de voar pelos países do bloco. Nos anos 60 e 70, a companhia operava regularmente para Berlim Oriental.
Estrangeiros ouvidos pela Folha fizeram descrições tensas sobre os voos na companhia. Quase todos reclamaram do calor e do forte cheiro de querosene dentro das aeronaves.
Mesmo assim, a empresa diz não ter registro de acidentes graves desde que foi fundada, há 56 anos.
Para o exterior, a Air Koryo opera apenas a linha Pyongyang-Pequim. A viagem dura uma hora e meia.
Os voos da empresa quase sempre estão cheios de funcionários do governo. Já a Air China faz o mesmo trajeto, mas seus voos recebem estrangeiros em sua maioria.
No trajeto entre as duas cidades feito pela Folha, o Boeing da empresa chinesa recebeu apenas 16 passageiros na ida e 19 na volta.

MEDO DE AVIÃO?
Atual mandatário do país, Kim Jong-il não usa os serviços da Air Koryo. Ele tem trauma de aviões desde quando fez um curso de pilotagem na antiga Alemanha Oriental, nos anos 1970.
Nas viagens mais longas, para dentro ou fora do país, Kim Jong-il usa trens. Para não voar, ele é capaz de ir até a Rússia pelos trilhos. Detalhe: de trem, o percurso demora quase uma semana.
Em maio, Jong-il cruzou a fronteira com a China, em seu trem blindado, e chegou à cidade portuária de Dalian. A última viagem do ditador tinha sido em 2006, quando visitou centros industriais chineses. (SERGIO RANGEL)


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