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Companhia estatal não compra novos aviões há 20 anos
Estrangeiros ouvidos pela reportagem reclamaram do cheiro de querosene nas aeronaves norte-coreanas
Na Air Koryo, maioria dos voos são feitos em jatos russo-soviéticos, desenvolvidos ainda
na década de 1960
DO ENVIADO A PYONGYANG
Viajar pela Air Koryo
(www.korea-dpr.com) é
uma das maiores emoções
para os estrangeiros. A companhia área estatal de aviação tem uma das frotas mais
antigas do mundo e divide
com a Air China a responsabilidade de levar os estrangeiros para Pyongyang.
A Air Koryo não compra
uma nova aeronave desde o
final da extinta União Soviética, há 19 anos.
O número de aviões da sofrida frota da empresa é uma
incógnita, mas estima-se que
não ultrapasse 20. Os mais
antigos já cumpriram mais
de quatro décadas de serviços prestados ao regime do
""pai da nação".
A maioria dos voos é feita
em aviões Tupolev-154, de fabricação russa, desenvolvidos ainda nos anos 1960.
Mesmo com a idade avançada, cerca de 250 jatos desse
modelo continuam em atividade. No ano passado, a
União Europeia proibiu a empresa de voar pelos países do
bloco. Nos anos 60 e 70, a
companhia operava regularmente para Berlim Oriental.
Estrangeiros ouvidos pela
Folha fizeram descrições
tensas sobre os voos na companhia. Quase todos reclamaram do calor e do forte
cheiro de querosene dentro
das aeronaves.
Mesmo assim, a empresa
diz não ter registro de acidentes graves desde que foi
fundada, há 56 anos.
Para o exterior, a Air
Koryo opera apenas a linha
Pyongyang-Pequim. A viagem dura uma hora e meia.
Os voos da empresa quase
sempre estão cheios de funcionários do governo. Já a
Air China faz o mesmo trajeto, mas seus voos recebem
estrangeiros em sua maioria.
No trajeto entre as duas cidades feito pela Folha, o
Boeing da empresa chinesa
recebeu apenas 16 passageiros na ida e 19 na volta.
MEDO DE AVIÃO?
Atual mandatário do país,
Kim Jong-il não usa os serviços da Air Koryo. Ele tem
trauma de aviões desde
quando fez um curso de pilotagem na antiga Alemanha
Oriental, nos anos 1970.
Nas viagens mais longas,
para dentro ou fora do país,
Kim Jong-il usa trens. Para
não voar, ele é capaz de ir até
a Rússia pelos trilhos. Detalhe: de trem, o percurso demora quase uma semana.
Em maio, Jong-il cruzou a
fronteira com a China, em
seu trem blindado, e chegou
à cidade portuária de Dalian.
A última viagem do ditador
tinha sido em 2006, quando
visitou centros industriais
chineses.
(SERGIO RANGEL)
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