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BOCA POR BOCA
Na capital, Bruxelas, até praça Grand Place é museu a céu aberto
Bélgica realça arte e história
JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL À BÉLGICA
A Bélgica é injustamente um
dos patinhos feios do turismo europeu. O país, amistoso e belíssimo, é raramente incluído nos roteiros que buscam o que ele tem
de sobra: monumentos históricos, passeios, gastronomia e entretenimento de qualidade.
Os belgas estão nesta semana
em evidência, com a visita a São
Paulo, Rio, Brasília e Porto Alegre
de uma missão econômica chefiada pelo príncipe Felipe, herdeiro
do trono dessa monarquia de
pouco mais de 10 milhões de habitantes, acompanhado de representantes de 93 empresas interessadas em investimentos e no incremento do comércio bilateral
-US$ 2,5 bilhões, em 2004.
A história belga está associada à
da Holanda, da qual se separou
em 1830, e a tudo o que se passou
em termos políticos, como a dominação espanhola, francesa ou
austríaca nos Países Baixos.
É antes de mais nada uma região européia em que o acúmulo
de riquezas por séculos seguidos
permitiu investir maciçamente na
arquitetura e nas artes.
Cidades como Bruges, Bruxelas,
Liège, Gent, Namur ou Antuérpia
têm centros históricos com forte
concentração de igrejas e prédios
do período gótico. Em Bruxelas, a
capital, há 14 museus, com algumas coleções incríveis.
Um exemplo: Museu Real de
Belas Artes. Tem uma bela coleção de telas de Jan Bruegel (entre
elas a "A Queda de Ícaro") e ainda
32 retratos ou painéis gigantescos
com cenas sacras de Rubens. Nas
salas do século 20, telas do surrealista René Magritte e sua coleção
doada ao morrer, em 1967.
Existe também o Museu Real de
Arte e História, com coleção de tapeçaria e esculturas do século 16.
Seu espaço de exposições provisórias abriga até o fim do ano um
acervo sobre móveis e peças art
nouveau. O Museu de Instrumentos Musicais tem um acervo de
1.500 peças. Ainda no campo da
alta cultura, Bruxelas tem o La
Monnaie, uma das principais casas de ópera da Europa, inaugurada em 1700 e reformada em 1819.
E, sobretudo, a Grand Place, espécie de museu a céu aberto, classificado como patrimônio da humanidade pela Unesco. São 34
prédios medievais, renascentistas
ou do século 18, uma concentração única de pedras com muita
história para contar. Vale a pena
percorrer por dentro os que estão
abertos à visitação. Os principais
são a Casa do Rei, a Casa dos Duques de Brabante e a Prefeitura
(Hotel de Ville), de 1402.
A Bélgica, ao lado da Alemanha,
da Dinamarca e da República
Tcheca, é também o país da cerveja. Seus habitantes adultos bebem
em média 150 litros por ano. Há
50 mil pontos de venda da bebida
-um para cada 200 habitantes.
Quanto à culinária, uma visão
anedótica associa o belga apenas à
batata frita. A batata veio do Peru,
pela mão dos espanhóis. Mas foi
por influência dos reis da França
que ela se popularizou.
Os bastões de batata frita são
mergulhados duas vezes na gordura incandescente, a temperaturas diferentes e idealmente esfriados entre as duas operações. É isso que dá à batata frita na Bélgica
um contraste entre o interior molinho e a crosta enrijecida.
Em Bruxelas, o turista saberá de
imediato que está na capital administrativa da União Européia.
Um décimo da população trabalha direta ou indiretamente para o
Conselho, para o Parlamento ou
para os lobbies regionais. O mais
belo em termos de instalações é o
dos alemães da Baviera.
O principal edifício das instituições da Europa é o Carlos Magno.
Se der sorte, o turista poderá presenciar uma das sessões do Parlamento, uma torre de Babel com
seus quase 700 deputados de 25
países e que exigem em permanência 220 tradutores.
João Batista Natali viajou à Bélgica a
convite do governo e da Lufthansa
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