DO ENVIADO ESPECIAL À BÉLGICA

No centro de Bruxelas, um palácio ajardinado é o local do qual despacha o rei Alberto 2º, 71, coroado em agosto de 1993 como sucessor de Balduíno 1º, que morreu sem deixar herdeiros. O palácio está aberto à visitação de julho ao final de agosto.
A Bélgica tem duas regiões lingüísticas (flamenga, que fala o holandês, e a valã, que fala o francês) com rivalidades e forte identidade nacional. E uma minoria alemã.
A monarquia foi o regime adotado quando da criação do país, em 1830, para amarrar essa diversidade. Até por isso o atual monarca não é chamado de "rei da Bélgica". Seu título, "rei dos belgas", remete ao povo, não ao país.
Ele chefia uma monarquia leve, promulga as leis aprovadas pelo Parlamento e exerce um papel, sobretudo, de representação dos interesses gerais do Estado. Há por lá a expressão "magistratura de influência" para definir essa função política e simbólica.
O gabinete do rei recebe em média 15 mil pedidos por ano. O cidadão vê no monarca um ombudsman. São viúvas que se queixam do atraso de pensões, mães que pedem tratamento para o filho drogado, endividados que solicitam que ele interceda para que seus bens não sejam executados.
O rei não tem poderes para tomar providências, mas passa os pedidos aos ministérios, que dão um encaminhamento caprichado a essas questões de súditos.
A rainha Paola, com quem Alberto 2º se casou em 1959, é uma princesa da Calábria. Eles tiveram três filhos. O primogênito, Felipe, 45, é também o príncipe herdeiro. Ele é casado com uma nobre local, Matilde. E têm também três filhos. A mais velha, Elizabeth, tem quatro anos. Emmanuel, o menor, nasceu há algumas semanas.
Para as cerimônias oficiais, o rei circula numa Mercedes. Mas a informalidade transparece pelos hábitos da princesa Matilde. Ela tem um Smart, carro compacto.
Diferente do monarca britânico, o rei dos belgas não possui guarda especial. E diante de seu palácio não há troca de guardas.
Aliás, o palácio tem uma "sala do trono" em que não há trono. Nas cerimônias, o rei Alberto ocupa uma cadeira comum, revestida de veludo. A cadeira chamada de trono está no Parlamento.
O príncipe Felipe sucedeu seu pai, em 1993, como presidente de honra do Escritório Belga do Comércio Exterior. É uma função importante para um país que produz muito e que precisa exportar, já que seu mercado interno, de 10 milhões de consumidores, é minúsculo. (JOÃO BATISTA NATALI)


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