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BOMBOM POR BOMBOM
Chocolate tenro e recheado é obra-prima belga; fabricação do alimento no país data de 1627
Pralina é ovo de Colombo gastronômico
DO ENVIADO ESPECIAL À BÉLGICA
O chocolate era desconhecido
dos europeus até o descobrimento da América. É um produto asteca. Foi trazido do México para o
velho continente pelos espanhóis.
Mas só bem depois dos descobrimentos é que os belgas esboçaram o trajeto que os levaria a ser
um dos grandes países "chocolatiers" da Europa. Um brevê de
1667 permite que um belga de
Bruxelas produza chocolate.
Em 1846 a atual capital belga
possuía cinco moinhos de cacau.
Duas décadas depois, dois fabricantes já faziam chocolate com
máquinas a vapor.
Em 1912 os belgas criaram um
ovo de Colombo gastronômico e
se especializaram na produção
das pralinas, de início amêndoas
confeitadas que se tornaram um
chocolatinho tenro e recheado. A
colonização do Congo criou uma
fonte de fornecimento estável de
matéria-prima.
Talvez não seja leviano dizer
que nunca nasceu um cacaueiro
em toda a Bélgica. O país se esmera no processamento do chocolate, e não na produção da matéria-prima. "Eles se especializaram no
refinamento e na arte da chocolateria, produzindo bombons e doces. O cacau vem da América, da
Ásia ou da África", explica o chef
pâtissier francês Fabrice Lenud
Cada belga consome em média
7 kg de chocolate por ano. Mas a
produção é sobretudo exportada.
Há marcas conhecidíssimas, como a Newhaus (1857), a Côte d'Or
(1870) ou a Godiva (1920).
São ao todo 150 empresas, em
geral pequenas e médias, que empregam 11,5 mil pessoas e faturam
anualmente 2,2 bilhões. "O país
é do tamanho da ilha de Marajó e
é o maior produtor de chocolate
do mundo. Boa parte de sua economia está baseada nisso", completa Lenud.
O setor optou pela qualidade
quando há cinco anos uma norma da União Européia facultou o
uso de seis tipos de gordura que
não fossem a de cacau. A Bélgica
não queria perder para a Suíça e
para a França o mercado de chocolates finos. Foi por isso que o
cacau continuou a ser empregado
pelas mais conhecidas empresas
como fonte exclusiva de gordura.
O uso apenas de manteiga de cacau, em vez de gorduras vegetais,
é uma das características que garantem ao chocolate o atestado de
qualidade e pureza.
Há quatro museus do chocolate
na Bélgica. O de mais fácil acesso
se encontra em Bruxelas, num
dos prédios históricos da conhecida Grand Place. O espaço reconta a história do alimento, com fotos e objetos, além de uma pequena oficina, que mostra todas as
etapas da produção artesanal. O
endereço é 13 Grand Place 1.000.
(JOÃO BATISTA NATALI)
Colaborou a Redação
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