São Paulo, quinta-feira, 24 de novembro de 2005

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BOMBOM POR BOMBOM

Chocolate tenro e recheado é obra-prima belga; fabricação do alimento no país data de 1627

Pralina é ovo de Colombo gastronômico

DO ENVIADO ESPECIAL À BÉLGICA

O chocolate era desconhecido dos europeus até o descobrimento da América. É um produto asteca. Foi trazido do México para o velho continente pelos espanhóis.
Mas só bem depois dos descobrimentos é que os belgas esboçaram o trajeto que os levaria a ser um dos grandes países "chocolatiers" da Europa. Um brevê de 1667 permite que um belga de Bruxelas produza chocolate.
Em 1846 a atual capital belga possuía cinco moinhos de cacau. Duas décadas depois, dois fabricantes já faziam chocolate com máquinas a vapor.
Em 1912 os belgas criaram um ovo de Colombo gastronômico e se especializaram na produção das pralinas, de início amêndoas confeitadas que se tornaram um chocolatinho tenro e recheado. A colonização do Congo criou uma fonte de fornecimento estável de matéria-prima.
Talvez não seja leviano dizer que nunca nasceu um cacaueiro em toda a Bélgica. O país se esmera no processamento do chocolate, e não na produção da matéria-prima. "Eles se especializaram no refinamento e na arte da chocolateria, produzindo bombons e doces. O cacau vem da América, da Ásia ou da África", explica o chef pâtissier francês Fabrice Lenud
Cada belga consome em média 7 kg de chocolate por ano. Mas a produção é sobretudo exportada. Há marcas conhecidíssimas, como a Newhaus (1857), a Côte d'Or (1870) ou a Godiva (1920).
São ao todo 150 empresas, em geral pequenas e médias, que empregam 11,5 mil pessoas e faturam anualmente 2,2 bilhões. "O país é do tamanho da ilha de Marajó e é o maior produtor de chocolate do mundo. Boa parte de sua economia está baseada nisso", completa Lenud.
O setor optou pela qualidade quando há cinco anos uma norma da União Européia facultou o uso de seis tipos de gordura que não fossem a de cacau. A Bélgica não queria perder para a Suíça e para a França o mercado de chocolates finos. Foi por isso que o cacau continuou a ser empregado pelas mais conhecidas empresas como fonte exclusiva de gordura. O uso apenas de manteiga de cacau, em vez de gorduras vegetais, é uma das características que garantem ao chocolate o atestado de qualidade e pureza.
Há quatro museus do chocolate na Bélgica. O de mais fácil acesso se encontra em Bruxelas, num dos prédios históricos da conhecida Grand Place. O espaço reconta a história do alimento, com fotos e objetos, além de uma pequena oficina, que mostra todas as etapas da produção artesanal. O endereço é 13 Grand Place 1.000. (JOÃO BATISTA NATALI)


Colaborou a Redação

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