São Paulo, quinta-feira, 24 de novembro de 2005

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GOLE POR GOLE

País tem 113 cervejarias e seis mosteiros que produzem o fermentado; assunto é popular como o futebol no Brasil

Bebida nacional, cerveja belga é mais forte

Geert Vanden Wijngaert/Associated Press
Garrafas de cervejas belgas em exposição em Bruxelas, que pode chegar a reunir até 450 rótulos


DO ENVIADO ESPECIAL À BÉLGICA

Os arqueólogos também entendem de cerveja. Encontraram ruínas de dispositivos de fermentação de trigo e cevada dos séculos 3º e 4º. Os belgas têm na cerveja sua bebida nacional. Há hoje no país 113 cervejarias.
Elas eram algo em torno de 3.000 um século atrás. A produção cresceu. O que ocorreu foi uma concentração das empresas para torná-las mais rentáveis.
Um belga adulto entende tanto de cerveja quanto um brasileiro de futebol. As pessoas respondem na ponta da língua quando indagadas sobre quantas são as cervejarias trapistas.
São apenas seis. Elas não têm operários. Têm monges. A bebida artesanal -são 17 tipos- serve para financiar as obras sociais dos mosteiros. Chimay, Orval, Rochefort, Westmalle ou Westvleteren são algumas de suas designações.
Uma cerveja barata e de grande consumo, como a Stella Artois, tem o teor alcoólico de 5,2. Mas as cervejas mais fortes têm 12 graus. São fortíssimas -exigem dupla ou tripla fermentação-, e também muito nutritivas. Devem ser consumidas de forma moderada.
As cervejas de baixa fermentação são as Pils. As de alta fermentação se dividem em seis subgrupos (claras, especiais ou abadias).
O grande "boom" qualitativo da cerveja aconteceu no século 14, quando Carlos 4º, imperador alemão, impôs normas de alta fermentação que evitam o desenvolvimento de bactérias.
Com o tempo, a cerveja virou sinônimo de bebida saudável. Era consumida até por crianças. Uma nova virada se deu no século 19. A bebida se tornou então algo criticável em razão do alcoolismo e de acidentes de trabalho, já com a revolução industrial.
Há 12 museus com sobre marcas ou cerveja em geral- como um em Antuérpia, três em Namur e três outros em Bruxelas. Nas livrarias há gôndolas com publicações sobre a bebida. O site www.bierebel.com recomenda 24 livros. Um dos mais completos é o do ensaísta britânico Michael Jackson (homônimo do cantor).
Em qualquer cidade média da Bélgica é possível encontrar estabelecimentos que são verdadeiros centros de degustação. Têm algo como 300 cervejas em estoque.
Há muitos anos, em Gent, um delas idealizou um copo curvilíneo, apoiado numa haste de madeira. Não deu outra: o freguês bebia e levava o copo para casa.
Para evitar o prejuízo, o dono do local servia a cerveja e exigia que o freguês desse como garantia seus sapatos, que eram pendurados no teto. Só depois de pagar e devolver o copo é que os sapatos do cidadão eram restituídos.
(JOÃO BATISTA NATALI)


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