São Paulo, quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

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Autor mapeia passos de protagonista de Salinger

MARINA DELLA VALLE
DA REPORTAGEM LOCAL

Diante do lago do Central Park, é bem provável que fãs ferrenhos de "O Apanhador no Campo de Centeio" -clássico do autor americano J.D. Salinger, morto em 27 de janeiro-se perguntem o que acontece com os patos dali no inverno.
A questão é uma dúvida recorrente do protagonista do livro, Holden Caulfield, em suas andanças sem destino por Manhattan -transformadas em mapa por Peter Beidler, autor de "A Reader's Companion to J.D.Salinger's Catcher in the Rye" (http://coffeetownpress.com), sem lançamento no Brasil. Veja o mapa em infográfico interativo do "New York Times" em www.nytimes.com/interactive/2010/01/28/nyregion/20100128-salinger-map.html Leia abaixo trechos da entrevista que Beidler, professor de inglês da universidade Lehigh, na Pensilvânia, concedeu à Folha, por e-mail.

 

FOLHA - Por que um mapa traçando os passos de Holden Caulfield para acompanhar o livro?
PETER BEIDLER
- A maioria dos leitores não conhece Nova York o suficiente para seguir a trilha de Holden em Manhattan. Quis dar aos leitores uma ideia da geografia do lugar. No fim, o mapa acabou sendo uma das coisas mais úteis no livro.

FOLHA - É possível ler o livro como um guia daquela parte da cidade?
BEIDLER
- Claro! Especialmente a área do Central Park e redondezas. O guia pode estar um pouco ultrapassado, mas a cidade é essencialmente a mesma. A estação Penn como Holden a conheceu não existe mais, mas outra foi construída. Não há mais compartimentos para bagagem na Grand Central Station, e por aí vai. Seria mais correto dizer que o livro é um guia exato para a Nova York de 1949, mas a cidade não mudou tanto. Claro que Salinger inventou o hotel Edmont. Da mesma maneira, ele deixa de fora Wall Street, a estátua da Liberdade... Então, diria que é um guia exato, mas incompleto.

FOLHA - Como o senhor definiu os locais inventados?
BEIDLER
- Lendo o livro com cuidado e consultando um mapa de Manhattan. Salinger dá várias pistas. O melhor exemplo é o hotel Edmont. Ele nos conta um pouco da rota do táxi que leva Holden dali até a estação Penn. Diz que fica a 41 quarteirões de Greenwich Village. Com essas pistas é possível apontar o local com precisão razoável.

FOLHA - Como o senhor vê os questionamentos de Holden sobre os patos no contexto do livro?
BEIDLER
- Vejo a preocupação de Holden sobre o destino dos patos quando o lago congela como um reflexo de sua preocupação sobre para onde ele irá agora que foi chutado da escola e sente que não pode voltar para casa, ou ficar em casa. Eu li que, por causa do livro, perguntam bastante aos representantes do parque para onde vão os patos no inverno. A resposta é que eles ficam ali mesmo. Eu vi alguns sobre o gelo em um dia frio de inverno, mas eles também ficam na terra ou em seus ninhos. Os patos sabem cuidar de si mesmos. Holden, não.


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