São Paulo, segunda, 25 de maio de 1998 |
Próximo Texto | Índice CORAÇÃO AMERICANO Região encanta não só pela natureza, mas também pela união da cultura paraguaia e indígena Pantanal casa bichos, plantas e homens
CARLA ARANHA Mato Grosso do Sul É certo que uma visita à região inclui, invariavelmente, uma saraivada de "uaus" frente aos bichos e à flora locais. Mas, por trás dessa roupagem "natureba", há muito mais no Pantanal. Para início de conversa, você estará no coração da América do Sul, em uma parte do Brasil que já foi Paraguai e por isso é fortemente influenciada por nossos vizinhos "do lado de lá". A música, a culinária e até as feições pantaneiras não mentem: de paraguaio, há sempre um quinhão considerável. Vide, por exemplo, quitutes como a sopa paraguaia, um bolo salgado com queijo. "Do lado de cá", os índios, de várias tribos, ainda são uma presença tão viva que os sul-mato-grossenses chegam a utilizar termos do seu linguajar, como "cunã" (moça) no dia-a-dia. Como se vê, o Pantanal é a parte do Brasil onde a América espanhola e a portuguesa fundem suas artérias. É também o lugar onde você sente no corpo e na alma o ciclo da natureza e suas implicações. Enquanto o sol abrasador vai tingindo de cor de urucum a sua pele, a mente reaviva um sentimento geralmente "esquecido" entre as buzinas de carros e os edifícios que tapam o céu nas grandes cidades. A noção da mortalidade, tão explícita no ritmo das águas pantaneiras e na vida que nasce e morre sob seus olhos, penetra até o último osso. Talvez seja por isso que ali os turistas não trocam cartões de visitas, não falam de trabalho ou de coisas como carro e apartamento. Viver, no sentido mais intrínseco da palavra, parece ser só que o importa ali. E já é muito. A jornalista Carla Aranha viajou a convite do Grupo Accor, Vasp e Ambiental Turismo Próximo Texto | Índice |
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