CRISTIANE BARÃO
enviada especial ao Pantanal

Pescar no Pantanal deixou de ser um programa exclusivamente masculino. Uma viagem como essa atrai cada vez mais mulheres, crianças e famílias inteiras. A pesca esportiva leva quase 30 mil pessoas para a região todos os anos, motivadas também pela curiosidade e a busca de descanso.
A procura em larga escala por esse público feminino provocou investimentos no turismo ecológico e a diversificação do setor hoteleiro, com ampliação do número de pousadas e barcos-hotéis.
Esses barcos permitem estadias de até 15 dias no rio Paraguai e têm as mesmas características de um hotel comum.
Segundo empresários do setor, o conforto e a higiene das embarcações são hoje responsáveis pela frequência de quase 140 pessoas por dia na bacia do rio Paraguai.
Em um passeio de seis dias a partir de Corumbá, por exemplo, são navegados 280 km até a várzea do rio São Lourenço.
Os barcos têm suítes com ar-condicionado, banheiros privativos com água quente e fria, e os pacotes turísticos incluem pensão completa. A maioria possui TV e sistema de som.

Sem jacarés
Os pescadores percorrem o rio Paraguai e são acompanhados por um "piloteiro", espécie de guia que conhece toda a região.
O barulho dos motores, porém, acaba afugentando os jacarés. Por isso é pouco comum encontrá-los durante a pescaria.
Atraída pela novidade, a secretária-executiva Eliana Martins, 27, resolveu passar cinco dias pescando. Mesmo sem nunca ter sentado à beira de um rio, Eliana conseguiu pescar o primeiro barbado, com 600 gramas. Ela fazia parte de um grupo de 12 pessoas, onde havia oito homens.
O segredo para a boa pesca, segundo os "piloteiros", é ter paciência, característica que geralmente é mais comum nas mulheres do que nos homens.
Segundo a Associação Corumbataense de Empresas Regionais de Turismo, calcula-se que, dos cerca de 35 mil quilos de peixes pescados por turistas por temporada, 5.000 quilos vêm da pesca realizada pelas mulheres. A alta temporada de pesca esportiva no Pantanal ocorre entre os meses de julho e outubro, quando o rio Paraguai chega a subir um centímetro a cada 12 horas.
Nos meses de abril e maio, o rio atinge o ciclo máximo, o volume de água se estabiliza e a cor do Paraguai torna-se mais clara.
O volume de água na cheia, segundo a população ribeirinha, vem diminuindo a cada ano, resultado da redução das chuvas.