São Paulo, quinta-feira, 25 de junho de 2009

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GUERRA NUNCA MAIS!

Em Auschwitz, salas de prisioneiros hoje abrigam exposições

Turistas deixam flores em homenagem ao 1,1 milhão de pessoas que ali foram mortas pelo terror nazista

DO ENVIADO ESPECIAL A AUSCHWITZ, NA POLÔNIA

Quando o químico italiano Primo Levi -que muito mais tarde receberia o prêmio Nobel de Literatura- foi entregue ao campo de concentração de Auschwitz, no final de 1944, após uma jornada desumana de quatro dias de sede, fome e frio, ele e seu grupo foram deixados numa sala com uma torneira.
Um aviso em alemão, pintado na parede, proibia os prisioneiros de beber a água imprestável, cheirando a pântano.
Levi narrou em "É Isto Um Homem?": "Isto é o inferno. Hoje, em nossos dias, o inferno deve ser assim: uma sala grande e vazia, e nós, cansados, de pé, diante de uma torneira gotejante mas que não tem água potável, esperando algo certamente terrível, e nada acontece, e continua não acontecendo nada. Como é possível pensar? Não é mais possível; é como se estivéssemos mortos".
Para quem acabara de ler o livro no trem da Deutsche Bahn que leva a essa cidadezinha no sul da Polônia, foi notável ver na parede de um dos antigos dormitórios dos prisioneiros, desenhadas há quase sete décadas, palavras idênticas.
Em Auschwitz, o tamanho impressiona. Visto de longe, o campo de concentração principal lembra um quartel. A percepção muda na entrada, que mantém as letras de ferro que dizem: "O trabalho liberta".
Como o visitante vê nas provas exibidas pelo museu -como centenas de latas usadas nas câmaras de gás- , nunca se tratou de trabalho, mas de uma política de extermínio colocada em prática primeiro pela fome e pelas execuções, depois pelas doenças e, por último, pelas câmaras de gás.
Permanecem intactos a câmara do forno crematório da construção principal. No chão, sempre há flores levadas pelos visitantes. Alguns dos antigos blocos de prisioneiros agora abrigam exposições de arte permanentes e temporárias.
O museu descreve que 1,1 milhão de prisioneiros foram executados em Auschwitz entre 1940 e 1945 - e, 90% deles, eram de origem judaica.
(RUBENS VALENTE)


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