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GUERRA NUNCA MAIS!
Em Auschwitz, salas de prisioneiros hoje abrigam exposições
Turistas deixam flores em homenagem ao 1,1 milhão de pessoas que ali foram mortas pelo terror nazista
DO ENVIADO ESPECIAL A AUSCHWITZ,
NA POLÔNIA
Quando o químico italiano
Primo Levi -que muito mais
tarde receberia o prêmio Nobel
de Literatura- foi entregue ao
campo de concentração de
Auschwitz, no final de 1944,
após uma jornada desumana de
quatro dias de sede, fome e frio,
ele e seu grupo foram deixados
numa sala com uma torneira.
Um aviso em alemão, pintado na parede, proibia os prisioneiros de beber a água imprestável, cheirando a pântano.
Levi narrou em "É Isto Um
Homem?": "Isto é o inferno.
Hoje, em nossos dias, o inferno
deve ser assim: uma sala grande
e vazia, e nós, cansados, de pé,
diante de uma torneira gotejante mas que não tem água potável, esperando algo certamente terrível, e nada acontece, e continua não acontecendo
nada. Como é possível pensar?
Não é mais possível; é como se
estivéssemos mortos".
Para quem acabara de ler o livro no trem da Deutsche Bahn
que leva a essa cidadezinha no
sul da Polônia, foi notável ver
na parede de um dos antigos
dormitórios dos prisioneiros,
desenhadas há quase sete décadas, palavras idênticas.
Em Auschwitz, o tamanho
impressiona. Visto de longe, o
campo de concentração principal lembra um quartel. A percepção muda na entrada, que
mantém as letras de ferro que
dizem: "O trabalho liberta".
Como o visitante vê nas provas exibidas pelo museu -como centenas de latas usadas
nas câmaras de gás- , nunca se
tratou de trabalho, mas de uma
política de extermínio colocada
em prática primeiro pela fome
e pelas execuções, depois pelas
doenças e, por último, pelas câmaras de gás.
Permanecem intactos a câmara do forno crematório da
construção principal. No chão,
sempre há flores levadas pelos
visitantes. Alguns dos antigos
blocos de prisioneiros agora
abrigam exposições de arte
permanentes e temporárias.
O museu descreve que 1,1 milhão de prisioneiros foram executados em Auschwitz entre
1940 e 1945 - e, 90% deles,
eram de origem judaica.
(RUBENS VALENTE)
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