São Paulo, quinta-feira, 25 de junho de 2009

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GUERRA NUNCA MAIS!

Em 1942, povoado tcheco foi devastado

Extermínio de Lídice foi ordenado por Hitler após atentado que matou Heydrich, o "Carniceiro de Praga"

DO ENVIADO ESPECIAL A LÍDICE, NA REPÚBLICA TCHECA

A Segunda Guerra foi pródiga em barbáries e massacres, mas a história de Lídice, povoado localizado a cerca de 24 km de Praga, na República Tcheca, é tão poderosa que, quase 70 anos depois, resiste a desaparecer nos desvãos da história.
O turista interessado em aprender sobre o episódio de Lídice (em tcheco, "Lidítia") deve iniciar a viagem em Praga.
O Memorial Nacional dos Heróis do Terror de Heydrich fica em local histórico da resistência tcheca, a igreja ortodoxa de São Cyrill e São Methodius. Nas paredes da cripta há marcas de tiros e granadas do cerco nazista que terminou com o suicídio de quatro militares.
Eram paraquedistas treinados para assassinar um dos principais nomes da máquina de guerra do Terceiro Reich. Os militares Jan Kubis e Josef Gabcik foram designados pelo presidente do governo tcheco no exílio, Edvard Benes, para liderar o plano de assassinato do nazista Reinhard Heydrich, o "Carniceiro de Praga".
Kubis e Gabcik passaram seis meses estudando a rotina de Heydrich. Por volta de 10h30 de 27 de maio de 1942, num cruzamento no subúrbio de Liben, o carro de Heydrich foi atacado. Ele morreu cerca de uma semana depois.
O ódio de Hitler levou a uma série de execuções em massa. O museu de Praga informa que pelo menos 5.000 pessoas foram assassinadas nos dias e meses posteriores.
Destino cruelmente especial foi reservado ao povoado de Lídice. A Gestapo alegou que um dos paraquedistas trocara cartas com um morador de Lídice. O suficiente para Hitler decretar o extermínio do lugar. O museu em Lídice exibe cópia da ordem formal para as execuções e deportações em massa.
Fotos e filmes mostram que os 173 homens que viviam em Lídice foram executados seis dias após a morte de Heydrich. Das 98 crianças deportadas nos dias seguintes, 82 foram exterminadas no campo de Chelmno. Das 196 mulheres deportadas, 50 morreram asfixiadas.
As casas foram demolidas, uma a uma. O museu de Lídice exibe filmes da época em que prisioneiros de guerra aparecem transportam os tijolos das casas destruídas, para serem reaproveitados pelos nazistas.
Hoje Lídice é num enorme parque, com um pequeno, mas impactante museu. As casas da "Nova Lídice" foram construídas ao lado do terreno original, hoje ocupado por um gramado, esculturas e bancos de madeira.
No meio da antiga Lídice, há 82 esculturas de crianças em tamanho natural, criadas entre 1969 e 1981 pela artista tcheca Marie Uchytilova e tornadas bronze entre 1993 e 2000.
A cerca de 1 km da antiga Lídice, doações ajudaram a criar a Galeria Lídice, que guarda 422 obras de artistas plásticos de 29 países, incluindo uma tela do brasileiro D. J. Oliveira.
No início da rua que leva à galeria, o governo tcheco plantou um roseiral que não dá flores nem botões, "em memória das crianças de Lídice". (RV)


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