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São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2003

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DESAFIO GELADO

Instrutor utiliza psicologia para potencializar aprendizado

Esquiar expõe personalidade

DO ENVIADO ESPECIAL AO VALLE NEVADO

Gastón Ortiz, 34, é um professor de esqui diferente. Ex-patrulheiro de montanha com vários anos de experiência e psicólogo formado pela Universidade de Santiago, ele decidiu unir os dois conhecimentos para "potencializar" o aprendizado do esporte. "O processo de aprendizado do esqui pode ser uma experiência mais psicológica que pedagógica", diz.
Para Gastón, o ambiente radical da montanha traz à tona toda a complexidade da personalidade das pessoas. "Mesmo os mais poderosos lá embaixo aqui mostram suas fraquezas e medos", diz.
Ele também sustenta que o esqui é uma invenção humana, pois deslizar montanha abaixo não é algo feito naturalmente pelo homem ou por nenhum outro animal. "Portanto a prática do esqui exige uma atitude mental, não é apenas algo físico", afirma.
Leve-se ou não a sério as teses do psicólogo/instrutor de esqui, o fato é que esquiar bem é mesmo bastante difícil e, no processo de aprendizado e de desenvolvimento, surgem dificuldades que, muitas vezes, têm como origem uma barreira psicológica ou mental.
Um exemplo é a relação atração versus medo diante de uma encosta bem inclinada. Apesar de o esquiador-aprendiz saber que, para descer com controle e eficiência, é preciso jogar o peso do corpo na mesma direção da inclinação da montanha, muitas vezes o medo faz com que ele tente se colar à montanha, numa postura defensiva que prejudica principalmente a realização das curvas.
"Não adianta lutar contra a gravidade, mas sim usá-la a seu favor", ensina. Para Gastón, um esquiador no bom caminho não é nem o "dramatizante", que faz menos do que pode devido ao medo, nem o "temerário", que possui uma técnica inferior à que imagina ter, mas aquele que assume um "risco consistente". "É preciso uma atitude de coragem, mas com consistência", diz.
Falar é fácil, fazer é que é difícil. "É preciso estimular as pessoas a obter resultados. Mas não de fora para dentro, baseados na aparência de que se está esquiando bem, mas de dentro para fora", diz.
Embora com um nível apenas mediano de esqui seja possível "sobreviver" à maior parte das pistas de Valle Nevado, a melhor maneira de um esquiador sem muita experiência desfrutar ao máximo é juntar-se a uma aula coletiva. Ou particular, se tiver bolso para isso.
A aula coletiva, de duas horas, custa US$ 32 para principiantes e US$ 24 para os níveis 1, 2 e 3. Os hóspedes que permanecem cinco dias ou mais num dos três hotéis do centro de esqui podem realizar o número correspondente de aulas coletivas sem custo extra. A aula particular, de duas horas, custa US$ 93. (OTÁVIO DIAS)

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