|
Texto Anterior | Índice
DESAFIO GELADO
Instrutor utiliza psicologia para potencializar aprendizado
Esquiar expõe personalidade
DO ENVIADO ESPECIAL AO VALLE NEVADO
Gastón Ortiz, 34, é um professor de esqui diferente. Ex-patrulheiro de montanha com vários
anos de experiência e psicólogo
formado pela Universidade de
Santiago, ele decidiu unir os dois
conhecimentos para "potencializar" o aprendizado do esporte. "O
processo de aprendizado do esqui
pode ser uma experiência mais
psicológica que pedagógica", diz.
Para Gastón, o ambiente radical
da montanha traz à tona toda a
complexidade da personalidade
das pessoas. "Mesmo os mais poderosos lá embaixo aqui mostram
suas fraquezas e medos", diz.
Ele também sustenta que o esqui é uma invenção humana, pois
deslizar montanha abaixo não é
algo feito naturalmente pelo homem ou por nenhum outro animal. "Portanto a prática do esqui
exige uma atitude mental, não é
apenas algo físico", afirma.
Leve-se ou não a sério as teses
do psicólogo/instrutor de esqui, o
fato é que esquiar bem é mesmo
bastante difícil e, no processo de
aprendizado e de desenvolvimento, surgem dificuldades que, muitas vezes, têm como origem uma
barreira psicológica ou mental.
Um exemplo é a relação atração
versus medo diante de uma encosta bem inclinada. Apesar de o
esquiador-aprendiz saber que,
para descer com controle e eficiência, é preciso jogar o peso do
corpo na mesma direção da inclinação da montanha, muitas vezes
o medo faz com que ele tente se
colar à montanha, numa postura
defensiva que prejudica principalmente a realização das curvas.
"Não adianta lutar contra a gravidade, mas sim usá-la a seu favor", ensina. Para Gastón, um esquiador no bom caminho não é
nem o "dramatizante", que faz
menos do que pode devido ao
medo, nem o "temerário", que
possui uma técnica inferior à que
imagina ter, mas aquele que assume um "risco consistente". "É
preciso uma atitude de coragem,
mas com consistência", diz.
Falar é fácil, fazer é que é difícil.
"É preciso estimular as pessoas a
obter resultados. Mas não de fora
para dentro, baseados na aparência de que se está esquiando bem,
mas de dentro para fora", diz.
Embora com um nível apenas
mediano de esqui seja possível
"sobreviver" à maior parte das
pistas de Valle Nevado, a melhor
maneira de um esquiador sem
muita experiência desfrutar ao
máximo é juntar-se a uma aula
coletiva. Ou particular, se tiver
bolso para isso.
A aula coletiva, de duas horas,
custa US$ 32 para principiantes e
US$ 24 para os níveis 1, 2 e 3. Os
hóspedes que permanecem cinco
dias ou mais num dos três hotéis
do centro de esqui podem realizar
o número correspondente de aulas coletivas sem custo extra. A
aula particular, de duas horas,
custa US$ 93. (OTÁVIO DIAS)
Texto Anterior: Com muita neve, temporada atinge auge Índice
|