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"MY KIND OF TOWN"
Instituto de 115 anos deve parte de acervo a mecenato
No séc. 19, comerciantes e investidores financiaram aquisição de obras para coleção que iniciou o museu
DO ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO
Instituto de Arte de Chicago
(ou Chicago Art Institute;
www.artic.edu), na South Michigan avenue, 111, maior museu de arte da metrópole, consta do best-seller "1.000 Lugares
para Conhecer Antes de Morrer", de Patrícia Schultz, editado no Brasil pela Sextante.
E não é para menos: instalada num prédio neoclássico que
arquitetos contemporâneos
como Sullivan e Adler criticaram à sua abertura, em 1893, a
coleção compreende 225 mil
peças, expostas em dez setores.
Preocupados com a modernidade da arquitetura na época,
Adler e Sullivan afirmaram
que, ao inaugurar essa construção passadista e neoclássica, "a
arquitetura americana recuou
50 anos". Já a autora do livro,
parece, morre de amores pelo
velho prédio...
Polêmicas à parte, talvez
mais do que qualquer outro
museu dos EUA essa instituição deve sua coleção ao mecenato: ricos comerciantes, investidores e industriais de Chicago financiaram a aquisição
eclética e abundante de obras
de arte desde 1879, quando a
coleção que originou o museu,
a Chicago Academy of Fine
Arts, foi inaugurada. Em 1882, o
museu foi rebatizado e se tornou o instituto de arte.
O mecenato foi tão pródigo
que logo as obras não cabiam
na sede antiga. Martin A. Ryerson, que morreu em 1933, deve
ter sido o maior entre os doadores, legando em vida ao museu
227 pinturas, além de esculturas, objetos de arte e gravuras
flamengas. Foram ao menos
seis óleos de Renoir, 13 de Monet, além de quadros de Cézanne e Degas e de pinturas holandesas de mestres como Rembrandt e Van der Weyden.
A coleção foi transferida para
o local atual às vésperas da Exposição Mundial Colúmbia, em
1893. O prédio foi ampliado
posteriormente e, hoje, exibe
óleos de Veronese, Tiepolo,
Constable e Turner, Delacroix,
Van Gogh, Picasso, Modigliani,
Léger, Klee, Magritte, Dalí, Miró, Mondrian, Matisse, Giacometti, Tolouse-Lautrec, Utrillo
e Seurat. Entre as obras de artistas norte-americanos expostas ali, o destaque é a obra-prima "Vida Noturna", de Edward
Hopper, óleo urbano retratando a solidão num coffee shop.
Entre os contemporâneos
mais festejados que têm obras
nesse museu, os destaques são
Pollock, Sargent e Albright.
Mas arte moderna genuinamente americana, se é que se
pode falar assim, está também
representada em obras mais
conhecidas localmente, caso de
"American Gothic", de Grant
Wood, um óleo de 1930 que
mostra um velho fazendeiro segurando um ancinho em companhia de uma mulher, na verdade baseados no dentista do
autor e em sua irmã, que posaram para a pintura.
A obra azul celeste "America
Windows", vitral de Marc Chagall, de 1977, alude à Declaração
de Independência -que então
completava 200 anos- e à pintura, à música, ao teatro, à dança e ao patriotismo. Conhecido
por seu lirismo e por obras que
remetem ao judaísmo, o autor,
de origem russa, dedicou essa
obra ao prefeito Richard J. Daley, pioneiro na instalação de
gigantescas estátuas públicas
nas ruas de Chicago (veja texto
nas págs. F4 e F5). Anos antes,
em 1974, o próprio Chagall havia feito um mosaico ao ar-livre
para o First National.
O artista pós-impressionista/pontilhista francês Georges
Seurat também tem sua obra
emblemática "Um Domingo
em La Grande Jatte" exibida
nesse museu. A entrada suntuosa é guardada por dois leões
esculpidos por Edward Kemeys (1843-1907).
Daria para passar dias admirando sua coleção. Nos dias ensolarados, o restaurante do pátio interno tem música ao vivo.
Mas é melhor não perder ali
tempo com a música de diletantes contemporâneos: o instituto de arte tem 5.000 anos de
artes plásticas e visuais para
exibir, incluindo aí óleos e gravuras, esculturas, objetos, tapeçarias e artefatos que contam a
história da civilização mundial.
(SILVIO CIOFFI)
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