São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

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nos alpes

Montanha garante lotação de Zermatt

TEIMOSA Primeira chegada ao topo dos 4.478 metros locais só aconteceu em 1865, depois de 18 tentativas malsucedidas

DA ENVIADA ESPECIAL À SUÍÇA

Zermatt, uma pequena e charmosa vila de 6.000 habitantes no Cantão de Grisões onde carros não entram, vive lotada de turistas do mundo todo os 365 dias do ano. O motivo atende pelo nome de Matterhorn.
A montanha de 4.478 metros, coberta de neve o ano todo, domina a paisagem recheada de picos e sonhos dos visitantes que a procuram para contemplar sua beleza, fazer escaladas e se arriscar nos esportes de inverno. Ao pé da montanha, Zermatt é o ponto de partida e chegada da aventura.
A conquista da Matterhorn em 1865, depois de 18 tentativas fracassadas de italianos e suíços, colocou Zermatt no mapa do mundo. A vila só era acessível a pé ou a cavalo.
"A primeira conquista da Matterhorn em julho de 1865 foi uma tragédia shakesperiana com todos os seus componentes: competição, mentiras, triunfo, inveja, morte e acusações", diz Willy Hofstetter, presidente da Associação do Museu Alpino de Zermatt.
O inglês Edward Whymper entrou para a história como o primeiro alpinista a chegar ao topo da montanha gelada. Em sua equipe, formada por sete aventureiros, havia até um lorde e um reverendo.
Na mesma época, uma equipe de italianos também tentava conquistar a Matterhorn. Whymper venceu a disputa, completando a escalada em 34 horas. Triunfo comemorado, era a hora da descida. E da tragédia. Uma corda que unia os alpinistas se rompeu e quatro despencaram para a morte. Três corpos foram achados dois dias depois pela equipe de resgate -da quarta vítima, só foram encontrados um sapato, as luvas e o cinto.
Na investigação das mortes, sobrou para os sobreviventes: Whymper e o guia suíço Peter Taugwalder foram acusados de ter cortado a corda que os unia ao restante do grupo para salvar suas próprias vidas.
A tragédia e o desfecho deixaram Zermatt famosa e transformaram a vila isolada em destino obrigatório. A corda que se rompeu pode ser vista no museu alpino de Zermatt, em um prédio ao lado da igreja. Além de contar a história da primeira escalada bem-sucedida da Matterhorn, o museu expõe achados arqueológicos que reproduzem como vivia a população de Zermatt antes da fama.
Hoje vila é acessível por trens modernos, como o Glacier Express, que despejam centenas de turistas todos os dias na estação -a população cresce para 30 mil habitantes no inverno.
Dependendo do tempo, o turista mais aventureiro pode encarnar o espírito de Whymper e escalar a Matterhorn. A segurança atualmente é bem maior, claro, mas, por ano, os seis helicópteros de resgate da estação ainda realizam cerca de 1.500 missões. A opção da maioria dos visitantes é "desbravar" a Matterhorn em teleféricos, que circulam a uma altura de 3.000 metros, ou sobre esquis -há escolas de esqui, snowboarding, paragliding e outras.
Zermatt conserva suas características rústicas, e a maioria da população vive para o turismo: são guias de montanha, empregados de hotéis e instrutores de esqui, alpinismo e outros esportes. O comércio de suvenires também emprega muita gente. Casas e hotéis, todos restaurados, mantêm suas fachadas cobertas por flores, muitas flores. (ES)


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