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NILO SEM MISTÉRIO
Já foram descobertos 60 túmulos de faraós; transporte motorizado até as tumbas dá trégua ao calor
Deserto do Vale dos Reis resguarda sepulcro monarca
COLABORAÇÃO PARA FOLHA, NO EGITO
Na margem oeste do Nilo, do
outro lado de Luxor, estende-se a
área da antiga necrópole de Tebas, onde vilas e plantações dividem espaço com túmulos de faraós, nobres, artesãos e ruínas de
templos dedicados aos mortos.
Ali fica o Vale dos Reis, onde, até o
momento, foram encontrados
pouco mais de 60 túmulos.
Para despistar saqueadores e
melhor proteger os tesouros enterrados, as tumbas do Vale dos
Reis ficam longe dos santuários
usados para cultuar os faraós.
Protegidos pelo calor e pelo deserto, os senhores do Egito aguardavam a imortalidade. O lugar foi
escolhido porque era afastado das
enchentes do Nilo, encimado por
um morro cujo topo lembra a forma de uma pirâmide, e a rocha
era fácil de ser escavada. O vale
também era fácil de ser protegido
e, visto de longe, parece ser o local
onde o sol se põe.
Leve muita água para o passeio.
A distância da entrada do vale até
a área onde estão os túmulos não
é grande, mas você ficará muito
feliz em pagar para andar nos carrinhos, em forma de trenzinho,
que percorrem esse trecho.
Dentro dos túmulos é mais
quente ainda, e as pessoas não ficam muito tempo lá dentro. O
que não é de todo ruim, já que só a
respiração dos visitantes contribui para a degradação das pinturas. Mas os poucos minutos que o
visitante passa ali serão o suficiente para admirar as paredes que
ilustram a vida do faraó, cenas de
caças, de festivais, de adoração a
deuses e do "Livro dos Mortos".
Nem todos os túmulos estão
abertos à visitação, e alguns fecham às vezes para pesquisas. O
ingresso dá acesso a três túmulos,
e os guias dão dicas sobre quais
visitar. Entre os maiores está o de
Tutmosis 3º (reinou de 1479 a
1425 a.C.), que realizou grandes
campanhas militares, chegando
até a Síria. O túmulo de Ramsés 1º
(1295-1294 a.C.) é pequeno, mas
tem belíssimas pinturas. Apenas o
de Tutancâmon é cobrado à parte. A múmia ainda está lá, mas o
local não é dos mais belos. Assim,
muitos se contentam em ver só o
seu tesouro no Museu Egípcio.
Atrás do Vale dos Reis fica o
templo de Hatshesput (1473-1458
a.C.), uma mulher que se tornou
faraó. É um belo monumento, de
fachada imponente, em parte esculpido na rocha de um paredão
que domina a paisagem. Ao ver os
trenzinhos que levam os turistas
da entrada para a primeira das
três escadarias que conduzem aos
terraços do templo -de novo, a
distância é curta, mas no calor esse transporte é mais que bem-vindo-, é difícil imaginar que no
passado toda a frente era cercada
de plantas e árvores exóticas.
Hatshesput reinou como faraó
por 20 anos. Em algumas pinturas, é retratada como homem,
usando até barba. Duas capelas
homenageiam Hathor (deusa do
amor e do prazer, associada à vaca) e Anubis (deus da mumificação). O interior está bastante danificado pela ação do tempo e de
sucessores de Hatshesput: Akenáton (aquele que, sem sucesso, quis
estabelecer culto a um deus único,
Aton) removeu as referências a
Amon, e cristãos chegaram a
transformar o local em mosteiro.
Entre o Vale dos Reis e o templo
fica uma vila chamada Gurna. Os
habitantes eram os guardiões das
tumbas, mas também, suspeitam
alguns, saqueadores. Hoje, suas
coloridas casas chamam a atenção, e é possível visitar lojas onde
artesãos produzem peças de alabastro e outras pedras.
O passeio é completado com
uma visita ao Vale das Rainhas
-que abriga também tumbas de
príncipes e nobres- e pelos dois
colossos de Memnon. Com 18
metros de altura, é tudo que resta
do antigo templo funerário dedicado a Amenhotep 3º, morto em
1352 a.C. As águas do Nilo, que no
passado chegavam até ali, varreram tudo e deixaram apenas essas
estátuas como uma lembrança de
que por ali ainda existe muito a
ser descoberto sobre a civilização
egípcia.
(CHIAKI KAREN TADA)
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