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SOS MAR
Hugo Gallo, do Aquário de Ubatuba, diz o que fazer para ajudar mamífero
Oceanógrafo dá dicas para resgatar animais marinhos
CAROLINA COSTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM UBATUBA (SP)
Não fazia parte de nenhum pacote de viagens, mas quem estava
em Londres, no último final de semana, foi surpreendido por um
inusitado show num dos pontos
turísticos da cidade: barcos e um
guindaste tentavam socorrer uma
baleia nariz-de-garrafa-do-norte
que apareceu no rio Tâmisa.
A operação, que levou dois dias,
chamou a atenção de londrinos e
turistas. Os esforços, no entanto,
foram em vão. A baleia morreu
poucas horas depois de ter sido
içada por um guindaste que a levaria a mar aberto.
No Brasil, uma viagem de férias
também pode acabar incluindo
uma operação de resgate de animais marinhos. Encalham em
nossas praias desde baleias-franca-do-sul, que chegam a pesar 90
toneladas, até tartarugas, lobos-marinhos, pingüins e golfinhos.
Ao encontrar um animal marinho
ferido, o bom senso vale mais do
que o senso comum. "Já resgatei
um pingüim-de-magalhães que
foi colocado na geladeira", lembra
o oceanógrafo Hugo Gallo, 40, diretor do Aquário de Ubatuba.
Pingüim na geladeira? Parece
mesmo a melhor coisa a se fazer,
uma vez que o animal é típico de
regiões frias. "Esse bicho costuma
chegar às praias com hipotermia", explica Gallo. Em português claro, morrendo de frio. Segundo ele, a melhor coisa a fazer é
secar o pingüim e levá-lo para um
lugar arejado.
Se o resgate de um pingüim já é
complicado, o que dizer do salvamento de uma baleia de 20 toneladas? "Não adianta juntar gente
para empurrar, o bicho pode se
machucar", diz a bióloga Carla
Beatriz Barbosa, 28.
No caso das baleias, o melhor a
fazer é manter o animal úmido
-jogando água ou usando toalhas molhadas-, cuidar para que
o orifício no alto da cabeça não fique obstruído e torcer para a maré ajudar. "O importante é usar o
mar a seu favor", conta Gallo, que
já participou de vários resgates e
"enterros" de baleias, incluindo
um bem-sucedido desencalhe de
jubarte, em 2000, em Ubatuba.
Atenção, ecologistas de primeira viagem: esses mamíferos têm
doenças não-identificadas -e
podem passá-las para o ser humano. "Conheço um biólogo que pegou uma doença pulmonar de
uma baleia", diz Gallo.
Focas e leões-marinhos também costumam aparecer nas
praias brasileiras, mas o melhor é
manter distância desses turistas
acidentais, que chegam estressados, com fome e, muitas vezes,
machucados. Se você der mole,
eles podem atacar.
Já no caso das tartarugas, vale
entrar em contato com o Projeto
Tamar-Ibama (www.tamar.org.br), que tem uma estrutura pronta para receber esses animais.
Para dar conta do número expressivo de ocorrências na costa
brasileira, os especialistas do
Aquário de Ubatuba vêem tentando criar uma rede nacional de
encalhe. Enquanto esse projeto
ainda não existe, a melhor coisa a
fazer em caso de animais marinhos "extraviados" é ligar pro
Ibama de sua cidade (www.ibama.gov.br). E bater uma foto porque, contando, ninguém vai acreditar.
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