São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

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SOS MAR

Hugo Gallo, do Aquário de Ubatuba, diz o que fazer para ajudar mamífero

Oceanógrafo dá dicas para resgatar animais marinhos

CAROLINA COSTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM UBATUBA (SP)

Não fazia parte de nenhum pacote de viagens, mas quem estava em Londres, no último final de semana, foi surpreendido por um inusitado show num dos pontos turísticos da cidade: barcos e um guindaste tentavam socorrer uma baleia nariz-de-garrafa-do-norte que apareceu no rio Tâmisa.
A operação, que levou dois dias, chamou a atenção de londrinos e turistas. Os esforços, no entanto, foram em vão. A baleia morreu poucas horas depois de ter sido içada por um guindaste que a levaria a mar aberto.
No Brasil, uma viagem de férias também pode acabar incluindo uma operação de resgate de animais marinhos. Encalham em nossas praias desde baleias-franca-do-sul, que chegam a pesar 90 toneladas, até tartarugas, lobos-marinhos, pingüins e golfinhos. Ao encontrar um animal marinho ferido, o bom senso vale mais do que o senso comum. "Já resgatei um pingüim-de-magalhães que foi colocado na geladeira", lembra o oceanógrafo Hugo Gallo, 40, diretor do Aquário de Ubatuba.
Pingüim na geladeira? Parece mesmo a melhor coisa a se fazer, uma vez que o animal é típico de regiões frias. "Esse bicho costuma chegar às praias com hipotermia", explica Gallo. Em português claro, morrendo de frio. Segundo ele, a melhor coisa a fazer é secar o pingüim e levá-lo para um lugar arejado.
Se o resgate de um pingüim já é complicado, o que dizer do salvamento de uma baleia de 20 toneladas? "Não adianta juntar gente para empurrar, o bicho pode se machucar", diz a bióloga Carla Beatriz Barbosa, 28.
No caso das baleias, o melhor a fazer é manter o animal úmido -jogando água ou usando toalhas molhadas-, cuidar para que o orifício no alto da cabeça não fique obstruído e torcer para a maré ajudar. "O importante é usar o mar a seu favor", conta Gallo, que já participou de vários resgates e "enterros" de baleias, incluindo um bem-sucedido desencalhe de jubarte, em 2000, em Ubatuba.
Atenção, ecologistas de primeira viagem: esses mamíferos têm doenças não-identificadas -e podem passá-las para o ser humano. "Conheço um biólogo que pegou uma doença pulmonar de uma baleia", diz Gallo.
Focas e leões-marinhos também costumam aparecer nas praias brasileiras, mas o melhor é manter distância desses turistas acidentais, que chegam estressados, com fome e, muitas vezes, machucados. Se você der mole, eles podem atacar.
Já no caso das tartarugas, vale entrar em contato com o Projeto Tamar-Ibama (www.tamar.org.br), que tem uma estrutura pronta para receber esses animais.
Para dar conta do número expressivo de ocorrências na costa brasileira, os especialistas do Aquário de Ubatuba vêem tentando criar uma rede nacional de encalhe. Enquanto esse projeto ainda não existe, a melhor coisa a fazer em caso de animais marinhos "extraviados" é ligar pro Ibama de sua cidade (www.ibama.gov.br). E bater uma foto porque, contando, ninguém vai acreditar.


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