São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2007

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Real forte eleva ida de brasileiros ao país

SOBE Os 525.271 turistas que saíram do Brasil rumo aos EUA em 2006 representaram aumento de 8% em relação a 2005

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

Crítico feroz do governo norte-americano quando o assunto é a maneira que os visitantes são tratados quando solicitam o visto de entrada ou chegam nos aeroportos dos EUA, Roger Dow, presidente da Travel Industry Association of America (TIA, associação que reúne a indústria do turismo dos EUA), organizadora do 39º Pow Wow, divulgou que o Brasil foi, em 2006, o 10º maior emissor de turistas para os EUA. Maior evento especializado da indústria de viagens nos EUA, o Pow Wow terminou ontem e, entre os dias 21 e 25, reuniu mais de 5.000 profissionais do setor, vindos de 70 países, em Anaheim, na Califórnia.
De acordo com os números divulgados (veja tabela), se fossem excluídos Canadá e México, países que fazem fronteira com os EUA, o Brasil seria o 8º no ranking, com 525.271 turistas (8% mais que em 2005). A cotação forte do real frente ao dólar (US$ 1 = R$ 2,03) certamente tem alavancado a presença de brasileiros nos EUA, mas Dow lembra que, no tempo da paridade entre as moedas, o Brasil enviava cerca de 1 milhão de turistas/ano ao país. E, até 2000, a emissão de turistas brasileiros para o território norte-americano era a quinta maior no ranking mundial de emissores, posição que foi mantida, aliás, por toda a década de 1990.
O brasileiro é, no entanto, um dos turistas que mais gastam em suas viagens aos EUA: US$ 110/dia em média, excluindo aí tudo o que é pré-pago no Brasil (passagens aéreas, pacotes de turismo e locações de automóveis, por exemplo). Segundo os mesmos critérios, os turistas europeus gastam, em média, US$ 95/dia; já os japoneses, no topo da lista, deixam nos EUA US$ 130. "Ao todo, recebemos nos EUA 52 milhões de visitantes estrangeiros em 2006, mas, em 2000, recebíamos 51 milhões de turistas", disse o presidente da TIA em entrevista exclusiva à Folha.
A TIA existe há 65 anos e congrega as principais empresas norte-americanas do setor -grupos hoteleiros, companhias aéreas, parques temáticos, locadoras de automóveis, empresas de cruzeiros marítimos, conventions & visitors bureaus (órgãos oficiais de promoção turística) de cidades e Estados, entre outras. Seu acompanhamento estatístico monitora uma indústria que, nos EUA, segundo Roger Dow, faturou US$ 111 bilhões no ano passado. Segundo dados divulgados no Pow Wow, em 33 Estados norte-americanos, o turismo é a primeira, a segunda ou a terceira principal fonte direta de receita -o país tem, ao todo, 50 Estados. Nos Estados Unidos, 1 em cada 7 americanos trabalha diretamente com turismo. A essa indústria é responsável pela maior receita, por exemplo, na Califórnia, na Flórida, no Colorado, no Arizona, em Nevada e em Massachusetts.

Tempo perdido
Machucado desde os atentados terroristas do 11 de Setembro, em 2001, os EUA voltaram só agora aos patamares de 2000, quando recebiam 7,5% de todas os viajantes internacionais (hoje, a fatia de mercado do país é de 6,5%). Atrás de países como a Franca e a Espanha em número de visitantes internacionais, os EUA, no entanto, são o país que mais fatura com sua indústria de viagens.
As projeções da TIA colocam a República Popular da China -hoje o quarto país que mais recebe visitantes- no topo da lista mundial até 2020. Outra novidade comentada na feira foi a criação da Discover America Partneship, associação privada que pretende arrecadar fundos junto à industria do turismo, ao Comitê Olímpico do país, a empresas de cartão de crédito e a determinados conventions & visitors bureaus para arrecadar US$ 300 milhões, que seriam gastos com marketing (US$ 200 milhões), com equipamentos e pessoal nos consulados de todo o mundo (US$ 50 milhões) e com contratação de pessoal de imigração e confecção de material elucidativo que seria exibido em TVs nos 20 principais aeroportos dos EUA (US$ 50 milhões).
Atualmente, como país, os EUA nada gastam com promoção turística. Já o Brasil, que sequer recebe 5 milhões de turistas/ano, gasta, através da Embratur, US$ 70 milhões/ano; a Austrália gasta anualmente, em promoção turística, US$ 150 milhões; as ilhas Fiji gastam, também, US$ 70 milhões/ano; já no Canadá, tal verba chega, segundo a TIA, a anuais US$ 110 milhões.


SILVIO CIOFFI viajou a convite da Travel Industry Association of America e da Continental Airlines


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