São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2000


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Dia-a-dia pantaneiro começa às 5h

DO ENVIADO ESPECIAL

O visitante do Pantanal deve se dedicar a um estado de contemplação como o poema da rã que salta no tanque. Mergulhando no silêncio, ele tem a oportunidade de ler a natureza como um livro.
Rastros, movimentos mínimos, pequenos barulhos: tudo é sinal da presença dos animais. Com o tempo, em companhia dos pantaneiros, aprende-se a prestar atenção aos detalhes e a reconhecer os cantos -às vezes, berros- das aves. Descendo o rio de canoa, cavalgando ou caminhando, devagar o visitante torna-se parte do ambiente. Então os bichos começam a aparecer.
Alguns seria melhor que não aparecessem, como os milhões de mosquitos sem piedade. Mas a natureza não é um quadro sobre a tela e um bom repelente é rigorosamente obrigatório. Há colhereiros, tuiuiús, garças, ariranhas, tamanduás, lobinhos, veados. Difícil listar todos. É bom levar binóculo e câmara fotográfica, se possível, com teleobjetivas.
Às vezes, passa-se um dia inteiro no rio, descansando e comendo churrasco em companhia dos jacarés em uma pequena praia. Outras, passeia-se de "pata-choca", um jipe usado pelo Exército norte-americano na Segunda Guerra Mundial.
O carro está adaptado às condições locais. É barulhento, mas uma boa alternativa para nádegas fatigadas com o cavalo.
Com grande surpresa, descobre-se que o ritmo do Sol não cansa: despertar às 5h30; passeio; almoço ao meio-dia; mais passeio; a cama desejada por volta das 21h.
Enquanto isso, o movimento do Sol ilumina a paisagem de mil formas diferentes, como as luzes de um palco, até "incendiar" o teatro inteiro, quando o astro sai triunfante da cena.
O Pantanal tem um fascínio ambivalente, que é o mesmo do poema japonês. Em seu significado mais profundo, a rã que salta no tanque, assim como as aves que pulam na água parada do rio -o espelho perfeito para céu e árvores-, representam o choque do momentâneo com o permanente: o grande contraste da vida. (VS)


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