São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2008

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A BOLA DA VEZ

Atrasos nas obras não devem comprometer o Mundial de 2010; ingressos só serão vendidos em 2009

País corre atrás de fazer Copa emblemática

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

A pergunta mais freqüente para quem volta da África do Sul atualmente é: eles vão conseguir fazer a Copa do Mundo de 2010? A menos que alguma catástrofe ocorra, eles vão.
A ameaça da Fifa, que controla o futebol mundial, de levar o torneio para outro país por causa dos atrasos nas obras, não será levada a cabo. Seria um fracasso para a entidade.
E o governo sul-africano abriu os cofres para acelerar os trabalhos. Transformou as nove cidades que receberão os jogos em canteiro de obras, principalmente para construir ou reformar estádios e aeroportos.
Prioridades, como o combate à pobreza, estão agora em segundo plano. Dinheiro de outros governos também já está empenhado -caso da Noruega, que bancará programa para minimizar a emissão de carbono.
O cenário é bem parecido com aquele no Rio de Janeiro antes do Pan-07. O orçamento estourou, o governo investe mais dinheiro, mas o atraso preocupa. O prazo para entrega das obras é outubro de 2009.
Pelo menos dois estádios precisam estar prontos em dezembro de 2008, pois serão usados na Copa das Confederações, um evento-teste. Se tudo der certo, o resultado será um lote de dez estádios confortáveis e modernos. Cinco novos e cinco reformados. Alguns projetos impressionam pela beleza arquitetônica e localização. Como a arena da Cidade do Cabo, erguida num vale diante da imponente montanha do Leão.
Custará R$ 1,3 bilhão e é a mais atrasada porque os moradores eram contra a construção.
Quem já foi a uma Copa na Europa e desembarcar na África do Sul sentirá falta do metrô. Desde já os organizadores fazem campanha para estimular caminhadas de quatro quilômetros até os locais dos jogos.
Os torcedores conviverão com nativos que dão de ombros para o futebol. A maioria, principalmente os brancos, é fanática pelo rúgbi. Tanto que os governantes não sabem o que será dos estádios, construídos com dinheiro público. Serão maiores do que o futebol do país.
Em Durban, já bateu o desespero no governo, que não consegue vender a arena para os Sharks, time de rúgbi dono de um belo estádio colado ao novo.
Idéias para não deixar ocioso o novo estádio, que deve consumir R$ 600 milhões, são mirabolantes: construir um bondinho rumo à cobertura ou instalar ali um bungee jump?
Entre a minoria que gosta de futebol, existe curiosidade sobre os brasileiros. Querem entender como desapareceu o futebol de Ronaldinho, abandonado pelo Barcelona.
E perguntam se o brasileiro Joel Santana, substituto de Carlos Alberto Parreira como treinador da seleção sul-africana, será capaz de levar o time para a segunda fase do torneio.
Os anfitriões são os únicos classificados automaticamente.
Há quem se lembre de antigos ídolos -um vigia das obras na Cidade do Cabo quer saber "onde anda o doutor Sócrates", corintiano da seleção que disputou a Copa da Espanha, em 1982. Tudo indica que o Brasil terá o apoio dos locais. Só falta o time de Dunga obter a vaga.


O jornalista RICARDO PERRONE viajou a convite da South African Tourism e da South African Airways (SAA).


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