São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

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Paraná concentra legado da Europa Central e Oriental

HERANÇA Em festas folclóricas, descendente de imigrante preserva a tradição em Guarapuava, a 260 km de Curitiba

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL AO PARANÁ

Ucrânia? Polônia? Suábia? Um pouco de tudo isso pode ser encontrado no Paraná, o Estado brasileiro que mais influência teve da Europa Central e Oriental. É mais fácil achar essa influência concentrada em pequenas cidades e comunidades ou na zona rural. Mas mesmo na capital, Curitiba, esse legado é presente, embora difuso, mais encontrável no sobrenome das pessoas do que na paisagem.
Poloneses e ucranianos começaram a chegar ao Paraná no final do século 19 e já estão bem assimilados ao país. Mas seus descendentes mantêm orgulho pelas origens e zelam pela sua história.
No interior e na capital, festas folclóricas preservam as tradições, mesmo para os descendentes de imigrantes que não falam a língua dos ancestrais europeus ou que precisam aprendê-la na escola.
Guarapuava, a 260 km a oeste de Curitiba pela rodovia BR-277, tentou dar mais visibilidade a essa herança criando a 1ª Festa Nacional da Vodka, realizada em setembro passado. Inventada pelos russos, a vodca é bem disseminada pela Europa Oriental, notadamente entre poloneses e ucranianos.
Houve muita "festa", animada por vários conjuntos e DJs, mas quase nada de "nacional" e pouca "vodka" -basicamente, estava sendo vendida uma marca popular russa trazida por um importador de São Paulo. Mas os organizadores esperam ampliar o evento em uma segunda edição. Quem foi para dançar não teve do que reclamar.
Quem queria se esbaldar com a vodca se frustrou.

Guarapuava
Chegar a Guarapuava dá trabalho ao turista. Apesar de haver um aeroporto, não há vôos para lá. São de três a quatro horas de estrada e quatro pedágios a partir de Curitiba, com a maior parte do tempo em rodovia de pista simples.
A cidade tem poucas atrações de destaque. Há um simpático museu na casa que foi do visconde de Guarapuava. A casa é modesta, nos fundos havia a cozinha e uma senzala para os escravos domésticos. O Museu Municipal Visconde de Guarapuava é um típico museu de cidade pequena: um aglomerado de objetos antigos dos mais variados tipos ligados ou não à história local, incluindo uma curiosa coleção de velhas máquinas de escrever e computadores que eram da prefeitura.
A maior atração turística da região é o salto São Francisco, uma queda-d'água com 196 metros de altura, que fica na "tríplice divisa" de três municípios -Guarapuava, Turvo e Prudentópolis, cuja estrada de acesso, boa parte em terra e cascalho, parte da BR-277.
O mirante fica no lado de Guarapuava, onde recentemente foram instaladas grades de proteção, além de um novo estacionamento e banheiros.
Em época de estiagem, como agora, o volume de água do salto chega a ser apenas 30% daquele da estação mais úmida.
Mas a beleza da queda-d'água é quase a mesma. Prudentópolis e Guarapuava travam há anos uma verdadeira guerra para decidir quem fica de posse da atração.
Em Prudentópolis, cidade de forte colonização ucraniana, existem outras quedas-d'água, a maioria de acesso difícil, apenas para os que praticam turismo de aventura. No município de Guarapuava fica também a comunidade de Entre Rios, fundada por alemães suábios, uma leva mais tardia de imigrantes, que veio depois da Segunda Guerra (leia ao lado).


Ricardo Bonalume Neto viajou a convite da Prefeitura de Guarapuava e da organização da 1ª Festa Nacional da Vodka.


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