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Paraná concentra legado da Europa Central e Oriental
HERANÇA Em festas folclóricas, descendente de imigrante preserva a tradição em Guarapuava, a 260 km de Curitiba
RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL AO PARANÁ
Ucrânia? Polônia? Suábia?
Um pouco de tudo isso pode
ser encontrado no Paraná, o
Estado brasileiro que mais influência teve da Europa Central e Oriental.
É mais fácil achar essa influência concentrada em pequenas cidades e comunidades
ou na zona rural. Mas mesmo
na capital, Curitiba, esse legado
é presente, embora difuso, mais
encontrável no sobrenome das
pessoas do que na paisagem.
Poloneses e ucranianos começaram a chegar ao Paraná no
final do século 19 e já estão bem
assimilados ao país. Mas seus
descendentes mantêm orgulho
pelas origens e zelam pela sua
história.
No interior e na capital, festas folclóricas preservam as
tradições, mesmo para os descendentes de imigrantes que
não falam a língua dos ancestrais europeus ou que precisam
aprendê-la na escola.
Guarapuava, a 260 km a oeste de Curitiba pela rodovia BR-277, tentou dar mais visibilidade a essa herança criando a 1ª
Festa Nacional da Vodka, realizada em setembro passado. Inventada pelos russos, a vodca é
bem disseminada pela Europa
Oriental, notadamente entre
poloneses e ucranianos.
Houve muita "festa", animada por vários conjuntos e DJs,
mas quase nada de "nacional" e
pouca "vodka" -basicamente,
estava sendo vendida uma marca popular russa trazida por um
importador de São Paulo. Mas
os organizadores esperam ampliar o evento em uma segunda
edição. Quem foi para dançar
não teve do que reclamar.
Quem queria se esbaldar com a
vodca se frustrou.
Guarapuava
Chegar a Guarapuava dá trabalho ao turista. Apesar de haver um aeroporto, não há vôos
para lá. São de três a quatro horas de estrada e quatro pedágios a partir de Curitiba, com a
maior parte do tempo em rodovia de pista simples.
A cidade tem poucas atrações
de destaque. Há um simpático
museu na casa que foi do visconde de Guarapuava. A casa é
modesta, nos fundos havia a cozinha e uma senzala para os escravos domésticos.
O Museu Municipal Visconde de Guarapuava é um típico
museu de cidade pequena: um
aglomerado de objetos antigos
dos mais variados tipos ligados
ou não à história local, incluindo uma curiosa coleção de velhas máquinas de escrever e
computadores que eram da
prefeitura.
A maior atração turística da
região é o salto São Francisco,
uma queda-d'água com 196 metros de altura, que fica na "tríplice divisa" de três municípios
-Guarapuava, Turvo e Prudentópolis, cuja estrada de
acesso, boa parte em terra e
cascalho, parte da BR-277.
O mirante fica no lado de
Guarapuava, onde recentemente foram instaladas grades
de proteção, além de um novo
estacionamento e banheiros.
Em época de estiagem, como
agora, o volume de água do salto chega a ser apenas 30% daquele da estação mais úmida.
Mas a beleza da queda-d'água é
quase a mesma.
Prudentópolis e Guarapuava
travam há anos uma verdadeira
guerra para decidir quem fica
de posse da atração.
Em Prudentópolis, cidade de
forte colonização ucraniana,
existem outras quedas-d'água,
a maioria de acesso difícil, apenas para os que praticam turismo de aventura. No município
de Guarapuava fica também a
comunidade de Entre Rios,
fundada por alemães suábios,
uma leva mais tardia de imigrantes, que veio depois da Segunda Guerra (leia ao lado).
Ricardo Bonalume Neto viajou a convite da Prefeitura de Guarapuava e da organização da 1ª
Festa Nacional da Vodka.
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