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AÇÃO NOS ALPES
Estreitas e atravessando prédios antigos, "traboules" servem de comunicação ao ligar ruas e o rio Saône
Passagens "secretas" levam charme ao bairro de Velha Lyon
DO ENVIADO ESPECIAL À FRANÇA
Classificado em 1998 pela Unesco como patrimônio da humanidade, o bairro de Velha Lyon
("Vieux Lyon", em francês) é hoje
o principal sítio turístico da cidade, em total contraste com o que
era há apenas duas décadas, um
local malcheiroso e praticamente
abandonado.
Após a recuperação, as estreitas
ruas de paralelepípedo com ar de
vilarejo italiano voltaram a exibir
o charme que fez da cidade um
importante centro comercial na
Idade Média e principalmente
durante a Renascença.
Mas a história do bairro é ainda
mais antiga. Embora o nascimento da cidade tenha ocorrido no alto da colina de Fourvière, os antigos moradores preferiram viver
mais próximos ao rio Saône, limitador natural do bairro em uma
das extremidades (a própria colina faz o outro limite).
Com a construção no século 12
da igreja de Saint Jean, uma das
mais antigas da cidade, teve início
o desenvolvimento do bairro ao
seu redor. Até hoje a igreja é uma
das principais atrações de Velha
Lyon, com sua fachada de estilo
predominantemente gótico e sem
boa parte dos detalhes originais
-muitas estátuas de santos foram destruídas durante as guerras que a região atravessou.
Apesar dos ataques, o prédio
conseguiu manter um belo relógio astronômico do século 13,
com todos os conhecimentos de
astronomia da época, e os belos
vitrais da mesma época, que só estão intactos por terem sido retirados em razão da investida iminente de inimigos durante a Segunda Guerra Mundial.
"Traboules"
A maior beleza de Velha Lyon
pode ser vista ao se passear por
qualquer uma de suas ruas: a influência da arquitetura italiana
-graças à presença maciça no
passado de mercadores italianos,
principalmente no período renascentista- aparece em fachadas e
no interior dos seus misteriosos
casarões.
Para reconhecê-la, basta observar a predominância de escadas
em formato espiral, conhecidas
em francês como "petit escargot"
(pequeno caramujo) ou os vãos
centrais das edificações com inúmeras arcadas com vista para um
jardim interno.
Outra marca registrada de Lyon
são as "traboules", estreitas passagens no meio dos prédios antigos
que servem de comunicação, ao
ligar ruas paralelas ao rio Saône.
Não se conhece exatamente o número total de "traboules" que podem ser encontradas em Lyon.
Muitas abrem somente para travessia em um sentido, enquanto
outras têm horários específicos
para funcionar, mas descobrir algumas delas é uma forma divertida de conhecer a cidade em seu
interior (pois atravessam prédios
ainda habitados) e de se surpreender com os pátios internos que algumas apresentam.
À noite, Velha Lyon é refúgio
para quem busca diversão: reúne
uma grande quantidade de bares
e restaurantes, compensando talvez o principal defeito da cidade, a
falta de vida noturna. Ali podem
ser saboreadas as comidas típicas
da região até altas horas da madrugada, com o privilégio de ter a
vista para o rio Saône de um lado,
e para a iluminada colina de Fourvière, do outro.
(CÁSSIO AOQUI)
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