São Paulo, quinta-feira, 26 de novembro de 2009

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TURQUIA 2 EM 1
Erguido há 1.400 anos como basílica, local foi tornado mesquita e hoje é museu; cisternas são destaque

Santa Sofia conjuga as mudanças religiosas

DO ENVIADO ESPECIAL À TURQUIA

Imensa e intrigante, com as paredes externas pintadas na cor terracota e o interior bafejado pela história, a Santa Sofia foi edificada há 1.400 anos -e não tem mudança religiosa nesse mundo que ela, originalmente batizada de templo da sabedoria (ou sofia, em grego) sagrada, não tenha enfrentado.
Construído por Justiniano no século 6º para ser uma basílica, o prédio foi transformado em mesquita, no século 15, pelos otomanos.
Os mosaicos do seu interior, com motivos cristãos, foram cobertos, o templo ganhou minaretes, mausoléus e fontes na parte externa.
O altar cristão, cuja posição indicava a da Terra Santa, foi providencialmente islamizado e voltado para a direção de Meca, a cidade sagrada da Arábia Saudita que recebe a perigrinação anual dos muçulmanos.
Quando a Santa Sofia foi transformada em museu, os mosaicos cristãos, em tons de dourado, foram redescobertos e, hoje, convivem lado a lado com painéis com arabescos florais alusivos a versos do Corão.
Por todo o lado, no interior desse imenso prédio que testemunha, em camadas arqueológicas, todas as fases de Istambul -que já foi Constantinopla e, também, Bizâncio-, as paredes são revestidas pedras imensas de mármore avermelhado, branco e verde.

Um segredo
Menos sagrado e mais secreto, debaixo da Santa Sofia, o passeio às cisternas, um reservatório subterrâneo de água edificado com colunas trazidas dos lugares mais diversos do mundo antigo, deixa os visitantes boquiabertos.
Também edificada pelo imperador Justiniano (527-565), a obra vai fundo na atribulada história de Istambul e revela, graças a uma iluminação contemporânea bem realizada, quão importante era para a cidade estar abastecida de água em caso de crise.
Ocupando uma área de 140 metros por 70 metros, o teto da cisterna é sustentado embaixo da terra por 336 colunas de 9 metros de altura cada uma e, nesse local, calcula-se que é possível armazenar 100 mil toneladas de água -há até peixes nesse reservatório.
Entre as colunas, duas têm as pontas viradas de cabeça para baixo e mostram o rosto mitológico deusa grega Medusa, cujos cabelos eram serpentes.
Por sua acústica, no passado recente o local abrigou apresentações de música clássica, mas, temendo danificar as antigas estruturas, tais eventos foram suspensos.
Descoberta pelos viajantes ocidentais apenas a partir da metade do século 16, foi estudada por um certo holandês que os registros atuais chamam de P. Gylius, um pesquisador interessado inicialmente no resgate dos detalhes arquitetônicos do templo de Santa Sofia.
Restaurada depois que Atatürk proclamou a República, em 1923, ela ganhou o formato atual, com passarelas e luzes, em 1987, virando até cenário de um filme de James Bond, "Moscou Contra 007", isso em 2005. (SILVIO CIOFFI)


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