São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

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O PAÍS E O POETA

Fenícios deixaram legado ainda visível no Líbano

Herança mais importante foi a invenção do alfabeto linear, a partir do qual tiveram origem todos os outros

DO ENVIADO ESPECIAL AO LÍBANO

Muitas cidades contemporâneas e seus sítios arqueológicos permitem conhecer a história dos fenícios, que viviam em um território que, em linhas gerais, corresponde à região costeira do Líbano atual e era formado por um grupo de cidades-Estado independentes.
Seus habitantes costumavam se referir a si próprios de acordo com a localidade de procedência. Dessa forma, existiam os "sidonianos", de Sidon, os "tiroanos", de Tiro, entre outras denominações.
A palavra "fenício" vem do grego "phoinikes", em referência à cor púrpura avermelhada que aplicavam aos tecidos e pela qual eram conhecidos.
No início do século 12 a.C. uma crise sociopolítica abalou o Mediterrâneo oriental, marcado por uma série invasões.
Muitas das cidades litorâneas do Levante foram destruídas (entre as quais, Ugarit), mas a arqueologia demonstra que as cidades fenícias (como Tiro, Sarepta e Tell Kazel) não passaram pelo mesmo colapso. Essas cidades foram organizadas em cidades-Estado.

Mestres do mar
Os fenícios eram famosos por seus conhecimentos náuticos e foram os primeiros a cruzar longas distâncias para o Mediterrâneo ocidental.
Suas técnicas avançadas produziram dois tipos de embarcação: de transporte e de guerra.
Em Al-Mina (ao norte), reuniam-se quando sentiam que o território estava ameaçado e estudavam formas de defendê-lo contra o perigo externo, como explica o professor libanês Ihsan Darwich.
Em busca de matéria-prima e de novos mercados, os fenícios exploraram as rotas comerciais do Mediterrâneo.
Além disso, estabeleceram povoados do Chipre à África do Norte, assim como na Itália e na Espanha.
As primeiras expedições para Cadiz (Espanha) e Utiqa (Tunísia) ocorreram durante a Idade do Ferro.
Os fenícios desenvolveram uma economia baseada na exportação de madeira dos cedros libaneses e de objetos de metal, marfim, tecidos tingidos, vidro, vinho e azeite de oliva.
Cada cidade-Estado fenícia possuía suas próprias divindades, mas se observam alguns elementos comuns.
Em Biblos, Baal e Baal-Gubal eram adorados; em Sidon, Astarte (comum em diversas cidades); e em Tiro (ao sul), tanto Melkart (literalmente, "o rei da cidade") quanto Astarte.
De acordo com o arqueólogo Antoine Khoury Harb, 64, "o libanês era um povo muito religioso antes do cristianismo. Em Baalbeck, por exemplo, tudo é três. A tríade fenícia é muito importante. Astarte era chamada de "mãe virgem". Quando veio o cristianismo, a idéia de Maria foi muito bem aceita".
Na tradição funerária, havia túmulos de diversas formas e cremação. Além de jarros de cerâmica, eram tradicionais os túmulos verticais esculpidos na rocha.

Alfabeto
A contribuição mais importante dos fenícios refere-se à invenção do alfabeto linear, a partir do qual todos os outros alfabetos foram derivados.
A literatura desse período era escrita em papiro, mas esse material não sobreviveu aos anos devido às condições climáticas e à umidade.
Pontas de lanças e inscrições em monumentos, estátuas e túmulos deixaram o registro do alfabeto fenício.
De acordo com Harb, "desde antigamente, até os dias atuais, a importância da geografia nas obras literárias libanesas é muito grande. Já na Fenícia, aparecem as montanhas e as cidades nos textos". (PDF)


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