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FRONTEIRA BRASILEIRA
Para os moradores do Jalapão, ver o sol se pôr nas dunas é obrigatório para entender a região
Praias e cachoeira enchem os olhos em pleno cerrado
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO JALAPÃO
Entre Ponte Alta e Mateiros, há
duas das principais atrações da
região. A primeira é a cachoeira
da Velha, no rio Novo, uma garganta em formato semicircular
que forma um panelão d'água e
que, no inverno, a época de chuvas, parece uma hidromassagem
dentro de uma sauna, pois o vapor de água domina a cena.
A queda não é alta, mas a cachoeira e o entorno são muito bonitos. A chegada se dá por cima,
de onde se podem avistar o rio, a
queda e um chapadão ao fundo. É
uma visão impressionante.
Porém entrar na água nesse período do ano é desaconselhável,
pois ela fica muito agitada. Fora
desses dias de chuva, há vários locais para se refrescar e nadar.
Existem duas praias por perto,
uma um pouco abaixo da cachoeira, que é ótima para banhos,
e outra a cerca de 100 m rio acima,
que é um bom lugar para quem
vai com mais dias e curte a prática
de camping selvagem -há espaço para algumas barracas embaixo de copas de árvores bem à beira do rio.
Dali, em dias de águas calmas, é
possível cruzar para a outra margem e chegar à outra queda da cachoeira da Velha. O rio Novo é o
lugar de prática de rafting no Jalapão. Existem programas com até
quatro dias de descida com pernoites nas margens (na Canoar;
www.canoar.com.br).
Duna
A outra parada antes de Mateiros são as muito faladas dunas do
Jalapão. Elas são um dos motivos
de alguns chamarem a região de
deserto. Pode soar estranho falar
em dunas em pleno cerrado brasileiro, mas é isso mesmo. Formados por sedimentos originados da
erosão natural das serras e chapadas bem próximas dali -que têm
por volta de 300 milhões de
anos-, os montes são algo inusitado e contribuem para reforçar o
caráter exótico e único da região.
E não se vêem dunas pequenas
não, são bem altas.
A vista que se tem lá de cima
compensa a íngreme subida. Se
estiver seguindo esse roteiro, provavelmente vai chegar por ali no
fim do dia, e esse é o horário perfeito para ver a luz lateral atingindo as serras vizinhas, apreciar a
bela paisagem e depois assistir ao
pôr-do-sol.
Para a gente daquelas bandas, se
você não viu o cair da tarde nas
dunas, você não viu nada. É como
se fosse um ritual necessário para
entender a complexidade das belezas do Jalapão.
Marcando a entrada para as dunas, na beira da estrada, há uma
pequena casa. Ali fica a família de
Davi e Abenita Alves de Souza,
que toma conta da área e cobra a
taxa de visitação. Há uma mesa de
sinuca, cafezinho a R$ 0,50 e artesanato de capim dourado, que é
uma espécie de mato que só cresce na região. Criados na comunidade dos mumbucas, esses objetos feitos da haste do capim que
brilha feito ouro ganharam o
mundo (leia mais na pág. F6). E o
pessoal aproveita a grande procura e o movimento de turistas para
reforçar o orçamento.
(EDU MARIN KESSEDJIAN)
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