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Incêndio causa mais danos à microfauna
DO ENVIADO ESPECIAL
Embora o recente incêndio tenha queimado cerca de
30% da área do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, ocorrências desse tipo não são grandes problemas para o cerrado. A não
ser que sejam recorrentes.
"É público e notório que o
cerrado reage bem ao fogo",
diz Venesio Singer, professor da Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Mato Grosso. "Boa parte das plantas é
protegida por uma camada
de cortiça, que age como um
isolante. A maioria das árvores nem é morta pelo fogo."
Mesmo no caso de uma
queimada das proporções
deste mês, a vegetação logo
se recuperaria, em "dois ou
três anos". "Mas isso não
quer dizer que temos de colocar fogo todo ano", diz
Singer, que destaca um problema para a recuperação da
região: "Não está dando
tempo para ela se recuperar". Isso porque, segundo
Singer, os focos de queimada têm ocorrido anualmente
nas mesmas regiões, impedindo a regeneração.
A maioria das plantas de
maior porte sai ilesa do fogo,
que prejudica mais a microfauna (bactérias e outros microrganismos) e os bancos
de semente dos solos, responsáveis pela manutenção
da vegetação a longo prazo.
Mas nada que impeça o cerrado de voltar à plenitude.
Singer lembra outros efeitos das queimadas, como a
emissão de gás carbônico na
atmosfera. Ele aponta que
eventos desse tipo sempre
levam a uma redução da fauna de grande porte, quando
animais acabam sucumbindo ao fogo. "Eles tentam fugir, mas muitos ficam ilhados e não conseguem escapar. Com certeza teve lobo-guará da chapada dos Guimarães morrendo neste último incêndio."
(SN)
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