São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2001

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Incêndio causa mais danos à microfauna

DO ENVIADO ESPECIAL

Embora o recente incêndio tenha queimado cerca de 30% da área do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, ocorrências desse tipo não são grandes problemas para o cerrado. A não ser que sejam recorrentes.
"É público e notório que o cerrado reage bem ao fogo", diz Venesio Singer, professor da Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Mato Grosso. "Boa parte das plantas é protegida por uma camada de cortiça, que age como um isolante. A maioria das árvores nem é morta pelo fogo."
Mesmo no caso de uma queimada das proporções deste mês, a vegetação logo se recuperaria, em "dois ou três anos". "Mas isso não quer dizer que temos de colocar fogo todo ano", diz Singer, que destaca um problema para a recuperação da região: "Não está dando tempo para ela se recuperar". Isso porque, segundo Singer, os focos de queimada têm ocorrido anualmente nas mesmas regiões, impedindo a regeneração.
A maioria das plantas de maior porte sai ilesa do fogo, que prejudica mais a microfauna (bactérias e outros microrganismos) e os bancos de semente dos solos, responsáveis pela manutenção da vegetação a longo prazo. Mas nada que impeça o cerrado de voltar à plenitude.
Singer lembra outros efeitos das queimadas, como a emissão de gás carbônico na atmosfera. Ele aponta que eventos desse tipo sempre levam a uma redução da fauna de grande porte, quando animais acabam sucumbindo ao fogo. "Eles tentam fugir, mas muitos ficam ilhados e não conseguem escapar. Com certeza teve lobo-guará da chapada dos Guimarães morrendo neste último incêndio." (SN)



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