São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ECOTURISMO PEGA FOGO

Forasteiros muitas vezes se encantam pela região e se estabelecem por lá
Chapada costuma segurar visitantes

SALVADOR NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A MATO GROSSO

Para quem quer embarcar numa jornada de integração com a natureza, um bom lugar para visitar é o município de Chapada dos Guimarães, ao lado do parque nacional de mesmo nome, em Mato Grosso. Mas cuidado: quem for corre o risco de não querer mais voltar para casa.
É impressionante a quantidade de paulistas que topou com esse município de apenas 12 mil habitantes a 65 km de Cuiabá e decidiu se estabelecer por lá. É o caso do paulistano Jorge Belfort Mattos Jr., professor de história, que conheceu a região no início dos anos 80. Decidiu ficar por lá e montou uma agência de turismo.
Hoje a Eco Turismo Cultural (www.chapadadosguimaraes.com.br) é uma das três que prestam serviços na região, mostrando sua riqueza natural e histórica.
A cidade surgiu na época dos bandeirantes como Chapada de Santana. O nome mudou para Chapada dos Guimarães por ordem da Coroa portuguesa em 1782, em referência a uma cidade homônima de Portugal.
Ainda há traços fortes do garimpo, exploração inicial da região. Uma de suas figuras quase folclóricas é um velho garimpeiro conhecido como seu Salvador.
Habitante do distrito de Água Fria, ele é dono de uma antiga mina (que adquiriu décadas atrás, após sonhar com um grande diamante e, em seguida, encontrá-lo) e deixa os visitantes darem uma peneirada em sua propriedade, mas cobra uma taxa para isso.
A região ficou mais conhecida depois que o programa "No Limite" mostrou suas lindas paisagens, embora a produção da Globo tenha optado por chamar o local de "Chapada dos Ventos".
O local tem um incrível valor histórico (e pré-histórico, por suas pinturas rupestres), mas o que salta aos olhos é a natureza. Para preservar a fauna e a flora locais, dignas representantes do que há de melhor no cerrado, o governo criou o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, de 330 km2. A entrada custa R$ 5.
No parque, onde o camping não é permitido e fotografias só podem ser feitas com autorização prévia do Ibama, estão atrações como a Cidade de Pedra, uma formação natural de várias colunas de pedras, mas que lembram construções feitas pelo homem.
Para além das formações de arenito há um imenso penhasco, de onde é possível vislumbrar os enormes paredões da chapada. Também dentro do parque está a famosa cachoeira Véu de Noiva, de 86 m, a mais alta da região.
A chapada e seus arredores são ricos em corredeiras e cachoeiras. Um exemplo é Martinha, um complexo de cinco quedas-d'água, que fica em uma área particular, onde é possível acampar.
Quem resolver se aventurar pelo parque sem guia poderá ter dificuldades. As trilhas são razoavelmente abertas, mas uma bússola e um mapa talvez ajudem. Há ainda histórias de guias mal-intencionados que tiram ou bagunçam as placas de sinalização, confundindo os desavisados.
A estrutura hoteleira é razoavelmente robusta. Pode-se optar por um estilo totalmente "pró-natureza", em acampamento, ou por algo mais confortável, como um hotel. Vale a pena lembrar que o contato com a natureza tem seu preço, e repelente e protetor solar são indispensáveis.


Salvador Nogueira viajou a convite da Secretaria de Turismo do Estado de Mato Grosso



Texto Anterior: Biodiversidade pantaneira confunde turista
Próximo Texto: Incêndio causa mais danos à microfauna
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.