São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2004

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MUSEU DE TUDO

Fósseis e casas de personalidades ligadas à arte moderna brasileira compõem passeios pouco propalados

Recônditos se apartam das obviedades

Divulgação
Jardim criado pelo paisagista Burle Marx em seu sítio em Barra de Guaratiba, no Rio de Janeiro


DA REDAÇÃO

Alguns museus interessantes gostam de brincar de esconde-esconde. Pouco óbvios, no mais das vezes divulgados menos do que o desejável e quase nunca incluídos nos roteiros mais comuns do gênero, eles bem podem rivalizar com o "mainstream" ou mesmo superá-lo em curiosidade. Entre eles, está o cearense Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, ligado à Universidade Regional do Cariri (Urca), cujo interesse remonta a 140 milhões de anos. Dois mil fósseis de peixes, insetos, plantas e dinossauros achados na região da chapada do Araripe compõem o acervo. Cerca de cem dessas peças integram até 31/10 a mostra "Ciências da Terra, Ciências da Vida -Chapada do Araripe", na Faap, em São Paulo (tel. 0/xx/11/3662-7198). Mais recente, mas não menos importante, é a história condensada no Museu Mariano Procópio. Na instituição juiz-forana fundada em 1915, considerada o mais antigo museu mineiro, há um forte cabedal ligado à época do Império. Agrupa cerca de 45 mil peças, entre as quais estão, por exemplo, os trajes da coroação, da maioridade e do casamento de dom Pedro 2º e o de corte da princesa Isabel, quadros de Pedro Américo e de Rodolfo Amoedo e moedas greco-romanas. O Rio de Janeiro comparece com duas boas opções menos evidentes ligadas a duas personalidades da história da arte brasileira moderna: o artista plástico e paisagista paulistano Roberto Burle Marx (1909-94) e o empresário e colecionador nascido em Paris Raymundo Ottoni de Castro Maya (1894-1968). O primeiro legou o sítio Roberto Burle Marx, antigo sítio Santo Antônio da Bica, adquirido em 1949. A propriedade continha uma casa de fazenda e uma capela do século 17, que o novo dono tratou de restaurar. Em 1973, ele se mudou para o lugar e nele residiu até a morte. O sítio abarca um jardim botânico e uma coleção de pinturas, desenhos, murais em azulejos e tecidos, vidros decorativos, imagens sacras, cerâmicas pré-colombianas e primitivas do vale do Jequitinhonha. O Museu da Chácara do Céu, no deleitoso bairro de Santa Teresa, e o Museu do Açude, no Alto da Boa Vista, chamados Museus Castro Maya, foram residências de Castro Maya, que doou as casas a uma fundação que levou o seu nome entre 1963 e 1983. Extinta a fundação, as propriedades foram incorporadas pela União. O primeiro fica numa construção projetada em 1954. Hospeda um conjunto que enfeixa obras de Matisse, Picasso, Miró, Guignard, Di Cavalcanti, Portinari e Debret. Detém um mirante que descortina a baía de Guanabara. O Museu do Açude, por sua vez, é uma edificação adquirida em 1913 pelo pai de Raymundo Ottoni de Castro Maya e reformada nos anos 1920. Situa-se na área da floresta da Tijuca. Por ali, observam-se, entre outras coisas, peças de azulejaria, esculturas chinesas e indianas, mobiliário luso-brasileiro e obras a céu aberto de Helio Oiticica e de Lygia Pape.

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