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MUSEU DE TUDO
Aberta ao público depois da Revolução Francesa, instituição é a melhor quando o assunto é arte ocidental
Louvre é o maior, mas não o mais querido
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
O Louvre é o maior museu de
arte ocidental. Sistematiza coleções de sucessivos monarcas da
França conforme divisão historicista recentemente reformada. Situa-se em um edifício simbólico
de Paris, cuja construção foi iniciada por Felipe Augusto, no século 13. Sobreviveu ao período revolucionário, foi agrandado por
imperadores e hoje recebe, comodamente, o público multitudinário do século 21. Mas esses predicados não garantiram ao museu o
posto de mais querido na escolha
dos profissionais consultados pela Folha. Embora ele tenha sido
citado respeitosas três vezes.
A torre original do castelo fortificado ainda pode ser adivinhada
nas ruínas subterrâneas, abertas à
visitação. Desde sempre, entre
tais muros se guardaram tesouros. Conforme cresciam os reis
Capetos e se unificavam os domínios francos, maiores eram os estoques de preciosidades.
Porém o colecionismo de arte
começou com o renascentista
Francisco 1º. O monarca ganhou
24 estátuas e vários bustos, que foram alojados em outra residência,
a de Fontainebleau.
Foi lá também que os regentes
franceses ganharam o gosto italiano pelas reinterpretações modernas dos cânones de beleza antiga:
em Fontainebleau situa-se a primeira galeria francesa, de 1528,
um tipo de cômodo que havia sido recentemente criado em Roma
para acolher coleções arqueológicas latinas mescladas a obras do
século 15 e 16. Desde então, acumularam-se em gabinetes riquezas de culturas tidas clássicas, como a mesopotâmica, a egípcia, a
grega, a etrusca, a romana.
Assim, as peças arqueológicas
começaram a ser agrupadas no
Louvre para funcionar em coordenação com os ateliês dos artistas pagos pelo rei, pois a cópia dos
antigos era requisito entre artistas
educados, como apreciamos nos
quadros de Poussin (1594-1665).
Tais pintores, escultores, artesãos e tapeceiros do Estado alojavam-se sob a Grande Galeria
(1595) que margeia o rio, e seu
agrupamento deu origem à Academia Francesa de Belas-Artes.
O esclarecimento dos reis franceses exprimiu-se na reforma de
Luís 14: a antiga fortificação à beira do Sena cedeu lugar a um edifício quadrado, com grandes colunatas externas no piano nobile,
ainda visíveis da praça do Louvre.
Durante o século 18, houve
pressões para a abertura do acervo régio ao público. A Academia
já mantinha no Louvre uma bienal de arte desde 1699.
Mas apenas com a Revolução
Francesa as coleções reais foram
exibidas em conjunto, com a
transformação do Louvre em Museu da República, em 1793.
O século 19 adicionou alas ao
palácio. Alguns locais mantêm a
decoração dos tempos de Napoleão 3º. Através das janelas cobertas de rendas, entrevemos o jardim das Tulherias como uma paisagem dos impressionistas, cujos
quadros encerram o desfile das
idades representadas ali.
LOUVRE - Cour Napoléon, s/nº. Funciona às segundas, às sextas, aos sábados e
domingos, das 9h às 18h45; e às quartas
e às quintas, das 9h às 21h45; fecha às
terças. Ingressos: a partir de 6; tel.: 00/
xx/33/1/4020-5317; www.louvre.org
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