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RUMO A 2006
Apelidada de "Mainhattan", arranha-céus desse centro financeiro, que é terra de Goethe, não ocultam horizonte
Frankfurt transmite ar quase bucólico
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NA ALEMANHA
Se Munique é a capital alemã da
cerveja, Frankfurt é o centro financeiro da Alemanha. Literalmente no coração do país, em
Hessen, não espere encontrar
uma cidade congestionada, barulhenta e caótica. Se apagasse da
paisagem os prédios de arquitetura arrojada que abrigam diversas
multinacionais, o visitante que caminha ao longo do rio Meno até
diria que a cidade tem uma atmosfera, digamos, bucólica.
Como estão em Frankfurt os
maiores arranha-céus da Europa,
que tal começar a desbravar a cidade lá do alto? Para apreciar a
vista panorâmica, procure no
centro um prédio que tenha algum restaurante ou café no topo.
O engraçado é que, apesar de ter
o apelido de "Mainhattan" (Main,
ou Meno, é o nome do rio que
corta a cidade), os prédios altos
segundo os padrões europeus não
bloqueiam a linha do horizonte. É
um alívio para os olhos.
Em terra firme, a dica é percorrer a pé o centro da cidade. O turista pode seguir para a praça Römer, onde a arquitetura das casas
de madeirame aparente contrasta
com as construções contemporâneas vistas lá de cima.
No Natal, Römer é tomada por
uma grande feira de guloseimas e
artesanato, entre outros artigos
natalinos. Outra opção é passear
às margens do rio Meno, onde estão localizados 12 dos 32 museus
de Frankfurt.
Goethe
Foi no centro de Frankfurt, na
rua Grosser Hirschgraben, que
nasceu o maior expoente da literatura alemã -Johann Wolfgang
von Goethe (1749-1832). Com a
fachada contemporânea, a área
interna do museu é a reconstituição da arquitetura do século 18.
Ali o criador de "Fausto" viveu
com o pai -Johann Caspar Goethe, um homem culto, apreciador
das artes, conselheiro da corte de
Frederico 2º (1712-1786)-, com a
mãe, Catharina Elisabeth Goethe,
de quem o escritor contou certa
vez ter herdado "o gosto de narrar", e, por último, com a irmã
mais nova, Cornelia. Goethe viveu na casa até 1775, ano em que
se mudou para Weimar.
Ao circular pelos aposentos do
museu-casa (Goethehaus), você
conhece um pouco da história do
escritor que colecionou paixões
arrebatadoras: Friederike Brion,
uma aldeã, Lili Schönemann,
uma garota de 16 anos, filha de
um negociante, e Christiane Vulpius, operária de uma fábrica de
flores artificiais, foram algumas
de suas pretendentes.
A casa é silenciosa. E a única trilha sonora, que, aliás, é digna de
filme de terror, é o barulho do assoalho de madeira que persegue
os passos pela sala de música, pela
biblioteca e pela cozinha.
No quarto de Goethe, está a escrivaninha onde ele registrou seus
primeiros poemas. Foi lá que o
poeta escreveu a primeira versão
de "Fausto", personagem imortalizado na literatura por ter vendido a alma ao diabo. Na parede, estão alguns desenhos feitos pelo escritor alemão na infância.
A sala de música revela o interesse musical da família: Goethe
tocava piano; o pai, alaúde, e a
mãe e a irmã cantavam. Culto, o
pai tinha ampla biblioteca, com livros de diferentes áreas do saber.
Entre quadros de artistas de
Frankfurt, alguns objetos familiares ganham destaque. Exemplo é
um relógio de astronomia de
1746, com ponteiros para marcar
as horas, as fases da lua e a posição
do Sol.
Por ser a reconstituição de uma
casa, o museu não tem placas sinalizadoras ou informativas para
orientar o visitante. Mas os guias
locais são receptivos às perguntas
dos mais curiosos.
Ao lado da Casa de Goethe, está
o museu com pinturas do tempo
do escritor alemão, que dizia que
de nada valia o mundo sem a arte.
Lá estão quadros de artistas como
Caspar David Friedrich (1774-1840), expoente do romantismo
alemão.
(GABRIELA ROMEU)
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