São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2005

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RUMO A 2006

Apelidada de "Mainhattan", arranha-céus desse centro financeiro, que é terra de Goethe, não ocultam horizonte

Frankfurt transmite ar quase bucólico

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NA ALEMANHA

Se Munique é a capital alemã da cerveja, Frankfurt é o centro financeiro da Alemanha. Literalmente no coração do país, em Hessen, não espere encontrar uma cidade congestionada, barulhenta e caótica. Se apagasse da paisagem os prédios de arquitetura arrojada que abrigam diversas multinacionais, o visitante que caminha ao longo do rio Meno até diria que a cidade tem uma atmosfera, digamos, bucólica.
Como estão em Frankfurt os maiores arranha-céus da Europa, que tal começar a desbravar a cidade lá do alto? Para apreciar a vista panorâmica, procure no centro um prédio que tenha algum restaurante ou café no topo.
O engraçado é que, apesar de ter o apelido de "Mainhattan" (Main, ou Meno, é o nome do rio que corta a cidade), os prédios altos segundo os padrões europeus não bloqueiam a linha do horizonte. É um alívio para os olhos.
Em terra firme, a dica é percorrer a pé o centro da cidade. O turista pode seguir para a praça Römer, onde a arquitetura das casas de madeirame aparente contrasta com as construções contemporâneas vistas lá de cima.
No Natal, Römer é tomada por uma grande feira de guloseimas e artesanato, entre outros artigos natalinos. Outra opção é passear às margens do rio Meno, onde estão localizados 12 dos 32 museus de Frankfurt.

Goethe
Foi no centro de Frankfurt, na rua Grosser Hirschgraben, que nasceu o maior expoente da literatura alemã -Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832). Com a fachada contemporânea, a área interna do museu é a reconstituição da arquitetura do século 18.
Ali o criador de "Fausto" viveu com o pai -Johann Caspar Goethe, um homem culto, apreciador das artes, conselheiro da corte de Frederico 2º (1712-1786)-, com a mãe, Catharina Elisabeth Goethe, de quem o escritor contou certa vez ter herdado "o gosto de narrar", e, por último, com a irmã mais nova, Cornelia. Goethe viveu na casa até 1775, ano em que se mudou para Weimar.
Ao circular pelos aposentos do museu-casa (Goethehaus), você conhece um pouco da história do escritor que colecionou paixões arrebatadoras: Friederike Brion, uma aldeã, Lili Schönemann, uma garota de 16 anos, filha de um negociante, e Christiane Vulpius, operária de uma fábrica de flores artificiais, foram algumas de suas pretendentes.
A casa é silenciosa. E a única trilha sonora, que, aliás, é digna de filme de terror, é o barulho do assoalho de madeira que persegue os passos pela sala de música, pela biblioteca e pela cozinha.
No quarto de Goethe, está a escrivaninha onde ele registrou seus primeiros poemas. Foi lá que o poeta escreveu a primeira versão de "Fausto", personagem imortalizado na literatura por ter vendido a alma ao diabo. Na parede, estão alguns desenhos feitos pelo escritor alemão na infância.
A sala de música revela o interesse musical da família: Goethe tocava piano; o pai, alaúde, e a mãe e a irmã cantavam. Culto, o pai tinha ampla biblioteca, com livros de diferentes áreas do saber.
Entre quadros de artistas de Frankfurt, alguns objetos familiares ganham destaque. Exemplo é um relógio de astronomia de 1746, com ponteiros para marcar as horas, as fases da lua e a posição do Sol.
Por ser a reconstituição de uma casa, o museu não tem placas sinalizadoras ou informativas para orientar o visitante. Mas os guias locais são receptivos às perguntas dos mais curiosos.
Ao lado da Casa de Goethe, está o museu com pinturas do tempo do escritor alemão, que dizia que de nada valia o mundo sem a arte. Lá estão quadros de artistas como Caspar David Friedrich (1774-1840), expoente do romantismo alemão. (GABRIELA ROMEU)


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