São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

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CAPITAL LÍGURE

Macarrão ao pesto é abre-alas da culinária

Mas, além do macerado de manjericão, experimente o stocafisso, a focaccia, a farinata e o panigacci

Silvio Cioffi/Folha Imagem
A via 20 Settembre, principal avenida comercial genovesa


DO ENVIADO ESPECIAL A GÊNOVA

Onipresente, a pasta ao pesto -um macerado de manjericão, queijo de cabra, pinólis e azeite- virou até tema de concurso internacional no próximo dia 19 de abril, como se pode ver no site www.pestochampionship.it/campionato_2008_home.asp: a competição reunirá, no palazzo Ducale, uma centena de chefs.
As receitas variam, há até quem cozinhe a massa com um pouco de batatas, mas esse prato certamente vai bem com o vinho branco vermentino produzido nos arredores. Na mesma linha, a culinária de Gênova tem molhos ricos à base de azeite, alho e nozes. Outras especialidades locais são a foccacia, quase uma pizza, mas mais sutil; a farinata, elaborada com grão-de-bico; e o panigacci, que lembra o pão sírio e é servido com presunto e o queijo stracchino.
Para o segundo prato, os pescados, como a anchova, ocupam um lugar central. Exímios marinheiros, os lígures eram recebidos por suas mulheres com comidas substanciosas -e essa comida é chamada de cozinha de retorno. O mais caudaloso e festejado prato típico de peixe local é, no entanto, o stocafisso, bacalhau salgado semelhante àquele preparado em Portugal. Veja, a seguir, algumas sugestões de restaurantes:

Trattoria Alle Due Torri
Atrás da porta Soprana e próximo da casa onde teria nascido, em 1451, o navegador Cristóvão -ou Cristoforo- Colombo, fica esse restaurante turístico, mas honesto. Com gastos por pessoa girando em torno de 30, esse local na salita del Prione, 53, fecha aos domingos. Entre as sugestões freqüentes estão pratos como a lasagnette com molho pesto, o vitello tonatto (finas fatias frias de vitela assada com maionese de atum) e as saladas de frutos do mar, cotados a preços que variam de 8 a 15. Meia garrafa de vermentino custa ali 7. Informações: 00/xx/39/010/ 251-3637; www.alleduetorri.com.

I Tre Merli
Filial de restaurante homônimo, no Porto Antico, tem comida e ambiente contemporâneos e fica num velho galpão chamado de Pallazzina Millo. Funciona diariamente, das 12h30 às 15h, e das 19h30 às 23h. Ideal para bebericar, tem boa adega e comidas rápidas, como a foccaccia com queijo e a farinata, além de peixe fresco. Quem não exagera no vinho gasta cerca de 40. Informações: 00/xx/39/010/246-4416; www.itremerli.it.

Maxelâ
Restaurante cujo nome é uma corruptela dialetal de "macellaio" -açougueiro, em italiano-, fica numa das ruelas entre a piazza de Ferrari e o Porto Antico, no vico Inferiore del Ferro, 9, numa casa de 1790. Fecha aos domingos. Como se depreende do nome, é um grill para saborear uma bisteca alta, num ambiente de açougue chique. Há filas infinitas, especialmente no almoço, de modo que convém fazer reserva. É sofisticado e caro. Deixar 50 ali não exige extravagâncias. Informações: 00/xx/39/010/ 247-4209; www.maxela.it.

La Barcaccia
No bar deste restaurante há uma linda maquete de navio. Ele fica na spianata Castelletto, esplanada de onde se avista o porto. Quase um restaurante de bairro, tem menu por 13. No cardápio "alla carte" há coelho (coniglio) com alecrim (rosmarino) e stocafisso (bacalhau). Os pratos iniciais (primi piatti) custam cerca de 8; já os secondi, de carne ou peixe, valem de 12 a 15. Informações: 00/xx/39/ 010/247-3809 ou pelo e-mail barcaccia.d@tiscalinet.it.

Bistrot Goooglo
Como o Maxelâ, fica nas vielas entre a basílica de San Lorenzo e o porto, na piazza Lavagna, 19, num local cujas aparências enganam: há, nos arredores, imigrantes mal-encarados e prostitutas mesmo de dia. Mesmo assim, a praça é um local pitoresco, e o restaurante é moderninho, com mesas ao ar livre. A comida é típica e varia diariamente. Entre os pratos leves, os destaques são o carpaccio de peixe e os mexilhões recheados cobertos de molho de tomates. Os gastos variam muito, mas, em geral, não excedem os 30, mesmo tomando uma ou duas tacinhas do vinho típico, o vermentino branco. Informações: 00/xx/39/010/ 254-3361.

Da Rina
Fica na Mura delle Grazie, 3, num local debruçado entre o viaduto que passa perto do porto e do aquário. Fecha às segundas e é um local premiado, elegante e algo esnobe. Fundado em 1946, é decorado com fotos de vistantes ilustres, incluídos aí atores e até cardeais. Muitos dos fregueses vêm dos cruzeiros que aportam em Gênova. A atração é o peixe fresco, que pode ser escolhido antes de ir ao forno. Os gastos, salgados, não saem por menos de 50. Informações: 0/xx/39/010/ 246-6475; www.ristorantedarina.it.

Zeffirino
Na via 20 Settembre, 20, no lado oposto ao do mercado Orientale, virou sinônimo de bom pesto e, inclusive, marca de restaurantes exclusivos dentro de alguns navios da Costa Cruzeiros, originalmente uma companhia de navegação genovesa. Abre das 12h à meia-noite, todos os dias do ano -e tem sala reservada para fumantes. Gastos em torno de 50. Informações: 00/xx/39/ 010/570- 5939; www.zeffirino.com.

Trattora Ugo
Fica na via Giustiniani, 86, em meio ao emaranhado de vielas que levam ao Porto Antico. Fecha às segundas e é uma estalagem onde se senta à mesa com outros fregueses. Tem pratos do dia como massa, peixe frito, dobradinha, milanesas, tudo simples e trivial. Os vinhos são anônimos e baratos. Dá para comer por 15. Informações: 00/xx/39/ 010/246-8302

Le Terrazze del Ducale
Na piazza Matteotti, 8, dentro do palácio Ducal, é um local contemporâneo e relaxante que praticamente não fecha. Muita gente que trabalha no centro de Gênova almoça lá ou vai para um aperitivo e um café. Local de passagem para quem corta caminho entre a piazza de Ferrari e a igreja de San Lorenzo, é visita tão inevitável quanto agradável. Uma refeição completa fica por cerca de 30. Informações: 00/xx/39/010/ 58-8600; www.leterrazzedelducale.it.

Pizzeria Da Totò
Na piazza Cavour 5/7, fecha às quartas-feiras. É pizzaria e restaurante. Especializada em foccacia al formagio, tem uma carta de vinhos notável para um local relativamente simples. Ali, além do branco vermentino, dá para pedir o vinho rossesse, um rosado refrescante da cidade de Dolceaqua, no vale do Nervia, no interior da Riviera, local de onde vieram representantes da família do mítico doge Andrea Doria. Outro vinho lígure, o sciacchetrà, de Cinque Terre, também está na lista. Informações: 00/xx/39/ 010/246-5031.

Doçaria Romanengo
É uma fábrica de doces, chocolates e conservas próxima à praça Brignole e atrás do hotel Astoria. Fundada em 1780, pode ser visitada, mas é preciso agendar. As compotas e as frutas cristalizadas são memoráveis. O músico milanês Giuseppe Verdi era freguês -e um bilhete seu, de 1881, elogia as habilidades do fundador, Pietro Romanengo. Duas filiais históricas, uma na via Roma, 51, e outra na via Soziglia, 74, vendem seus produtos, mas nada se compara com a visita à fabrica. Aliás, uma atarefada cozinha. Passear nos arredores e fazer compras na via san Vincenzo (veja texto na pág. F4) pode ser uma maneira de diminuir a culpa da gula, praticando o pecado do consumismo. Fica no beco viale Mojon, 1. Informações: www.romanengo.com. (SILVIO CIOFFI).


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