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São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2003

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Estado processa diretor do museu Solar por rebeldia

DO ENVIADO ESPECIAL

Enquanto os turistas queimam filmes crentes de que estão no meio do mundo, o pesquisador Cristóbal Cobo Arízaga, 35, diretor do Museu da Cultura Solar, a alguns metros do monumento, esclarece o erro histórico na demarcação da linha do Equador em palestras para visitantes.
Processado pelo Estado por rebeldia e desacato, em vez de receber verba para o museu, Cobo está prestes a ser despejado. Como mostra a entrevista abaixo.
 

Folha - O Museu da Cultura Solar divulga para os visitantes o erro na demarcação da linha do Equador?
Cristóbal Cobo Arízaga -
Sim. Explicamos a verdade a todos os visitantes porque ela representa nossa dignidade, nossa identidade. Abrimos o museu para que a sociedade possa conhecer nossas descobertas e participar de investigações afins, ajudando a resolver e a interpretar os verdadeiros processos históricos dos americanos. Isso influirá no restabelecimento da nossa identidade cultural e no resgate da auto-estima do nosso povo.
Lastimavelmente, em nossos países, não existe consciência dos valores da cultura e da ciência, por isso temos perdido competitividade tecnológica e intelectual.

Folha - Falta apoio oficial?
Cobo -
Sim, o governo nunca cumpriu sua parte no nosso acordo para a manutenção do museu e ainda move um processo contra nós por rebeldia e desacato. Isso nos obriga a gastar com advogados de defesa.
O projeto Quitsa To sobrevive porque recebe pequenas doações, já que o museu é gratuito. Nós editamos um CD enciclopédico que, no momento, é nossa principal fonte de renda. Temos um site completo, que não está disponível ao público porque não temos verba para hospedá-lo na internet.

Folha - O que é o Quitsa To?
Cobo -
É um projeto científico totalmente independente, constituído por pessoas de uma nova geração que necessita de uma identidade cultural e histórica sólida, desprendida daquela contada pelos conquistadores.


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