|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DOCES RIVALIDADES
Flertando com a pintura, a escultura e a arquitetura, Miró, Picasso e Gaudí imprimiram sua marca
"Subversores", artistas matizaram o país
DO ENVIADO ESPECIAL À ESPANHA
Picasso, Miró, Dalí, Gaudí: a lista de artistas plásticos espanhóis
ativos no século 20 está ligada à
herança de Francisco Goya (1746-1828) e, antes dele, à de Diego Velázquez (1599-1660).
Pablo Picasso foi o mais eclético
dos artistas do século passado.
Costumava dizer: "Um pode pintar o que quiser" -e ele, que realmente podia, atreveu-se a criar escolas artísticas, a superar a si mesmo, tomando partido do figurativo e inventado o cubismo, e deixando uma obra tão variada que
envereda pelo formal e pelo primitivismo, e que, além da pintura,
abraça a escultura e a cerâmica,
inventando formas e fases que estiveram na vanguarda das artes.
Nascido em Málaga, deve sua
formação eclética mais a cidades
como Barcelona e Paris.
Quando o fotógrafo norte-americano David Douglas Duncan fotografou Picasso fumando charuto na banheira, no início dos anos
1960, ele se tornou um popstar,
mas não perdeu a densidade.
Arte subvertida
Outro que subverteu a arte foi o
catalão Joan Miró, que aderiu ao
surrealismo logo que André Breton lançou seu "Manifesto", em
1924. Embora tenha flertado com
a escultura, Miró deixou sua marca em telas onde cores primárias
dão molduras a figurinhas espevitadas, quase infantis, num espaço
pictórico estranho, naïf, algo alucinado e sarcástico.
Já Salvador Dalí, mais polêmico
pelo exagero, ateve-se a detalhes e
ao realismo mágico, que distorceu ao seu bel-prazer, influenciado seja pelo cubismo de Picasso,
seja pelo universo metafísico de
artistas como Max Ernst e Giorgio
de Chirico.
Filiado não à pintura, mas, sim,
à arquitetura e às artes decorativas, Antoni Gaudí foi outro catalão que revolucionou as artes
plásticas fazendo construções e
prédios retorcidos que se filiam
tanto ao art nouveau e ao modernismo quanto aludem até a um
certo medievalismo.
Seu pai tinha uma fundição, de
onde saiu a imaginação para que
amalgamasse as formas distorcidas e os cacos de cerâmica que recobrem suas obras de pedra e cal
-entre as quais se destaca o parque edificado por encomenda de
Eusébio Güell, seu mecenas mais
importante.
(SILVIO CIOFFI)
Texto Anterior: Metrópoles revezam modernidade e sisudez Próximo Texto: Madri: Espírito de movimento toma a capital Índice
|