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CORRA, TURISTA, CORRA
Prova no exterior estimula atleta a manter treinos
Maratonistas enxergam cidades por outro ângulo
MARISTELA DO VALLE
DA REPORTAGEM LOCAL
Fazer uma maratona, para a
maioria das pessoas, é sinônimo
de algo muito trabalhoso, cansativo, às vezes inatingível. Porém esse significado muda para muitos
atletas amadores, que correm como hobby e viajam o mundo para
participar dessa prova, que tem
42 quilômetros e 195 metros.
A possibilidade de participar de
maratonas clássicas, como Nova
York, Chicago ou Paris, ou inusitadas, como a do Sol da Meia-Noite, realizada na Noruega no
dia do ano em que o sol não se
põe, ou a da Muralha da China,
salpicada de degraus históricos,
estimulam os atletas a prosseguirem nos treinos quase diários.
"Se não tivesse o objetivo de
correr as maratonas internacionais, com certeza sempre inventaria uma desculpa para faltar aos
treinamentos", comenta a arquiteta Alessandra Ribeiro, 36, que já
correu as maratonas de Paris e de
Chicago. "A chegada é uma emoção indescritível. Você percebe
que se superou." Ela conta ter
preferido a primeira. "O visual de
Paris não tem igual", comenta,
acrescentando que reparou em
detalhes da paisagem despercebidos pelos amigos preocupados
em fazer um bom tempo.
Também Edoardo Magli, 40,
empresário, que passou a lua-de-mel em Paris há 16 anos, viu a cidade com outros olhos na prova
deste ano, da qual participou com
a mulher. "Meu sonho era correr
uma maratona aos 40 anos." Pelo
jeito, ambos voltaram ao clima da
viagem realizada após o casamento, pois, depois da prova de Paris,
estenderam o roteiro à romântica
região do vale do Loire.
Conciliar a maratona com as férias da família ou com compromissos profissionais é comum para esse público, composto principalmente de empresários, executivos e profissionais liberais, numa faixa de idade de 35 a 60 anos.
Caso do empresário Alberto Banach, 46, que neste ano foi para a
Disney com a mulher e os filhos e
lá ficou 20 dias. "A prova é muito
pitoresca. O Mickey canta o hino
nacional dos EUA numa grua, e
os personagens da Disney distribuem a água nos postos de hidratação. Os corredores passam pelos cinco parques e por hotéis cinematográficos", relata Banach,
que só lamenta a época do ano, no
segundo domingo de janeiro,
após as festas de fim de ano, o que
atrapalha os treinos dos atletas.
Outro inconveniente é que a
prova começa às 6h e os parques
só começam a funcionar às 9h,
então quem faz a prova em menos
de três horas não conta com a torcida e o estímulo do público.
Já quem demora mais -o que é
muito comum entre não profissionais- costuma combinar de
encontrar com a família em determinados pontos. A filha de cinco
anos de Armando Girello, 52, diretor da operadora Chamonix, fez
uma grande festa ao ver o pai concluir a prova no parque.
Com 11 maratonas na bagagem,
ele já participou seis vezes apenas
da Maratona de Nova York, talvez
a mais cobiçada do mundo. E cada vez descobre uma novidade.
"Só na prova de 2001, por exemplo, percebi a existência do Corpo
de Bombeiros no Brooklin. Talvez
porque a prova tenha ocorrido
uns dois meses após o 11 de Setembro, eles fizeram mais festa
que o normal para os corredores."
O forte apoio da população da
cidade, que bate palmas e oferece
coisas para os corredores independentemente da sua colocação,
é um dos fatores que mais animam os atletas a optar pela prova.
"Nunca vou esquecer das criancinhas encapotadas debaixo do
guarda-chuva da mãe me estendendo a mão para que eu batesse.
Isso dá uma força violenta."
Mas a primeira experiência esportiva de Girello na cidade, em
1990, não foi tão feliz: ele desistiu
da prova pouco depois da metade. Ao descobrir que é preciso seriedade para participar de uma
maratona, Girello então procurou
um preparador físico, o famoso
Wanderley de Oliveira, coincidentemente o mesmo de Banach.
Além de preparar o maratonista
para a prova, o treino com um
profissional desse porte integra o
atleta com outros amadores, e tal
amizade se torna mais um estímulo para uma divertida viagem
em turma com o pretexto da maratona. Como acontece com os
alunos do preparador Marcos
Paulo Reis, que costumam fazer
uma tradicional festa todos os
anos após a Maratona de Chicago.
Sites de corrida
www.marathonguide.com
www.aims-association.org
www.runnersworld.com
www.copacabanarunners.net
www.runnerbrasil.com.br
www.ativo.com
www.webrun.com.br
www.runtheplanet.com
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