São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007 |
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PAÍS BASCO Em Bilbao, arrojamento convive com a tradição Projetos de arquitetos contemporâneos transformam a cidade sem sufocar patrimônio do centro antigo
MARCELO PLIGER DO ENVIADO ESPECIAL A BILBAO Bilbao é a principal cidade do País Basco, aquele pedacinho de terra bem perto da França que o grupo terrorista ETA (sigla para as iniciais em basco de Pátria Basca e Liberdade) quer separar da Espanha. Eles não se acanharam em, ao longo dos anos, lançar mão de atentados para isso. Nas ruas, há essa semelhança do grupo com o restante do povo basco: a falta de acanhamento. A informalidade é uma característica que distingue em geral os espanhóis de outros europeus, mas os bascos são especialmente despojados. Eles têm orgulho visível de ser um dos povos mais antigos da Europa. E se você perguntar nas ruas o que pensam sobre a independência da Espanha, eles respondem que vão muito bem assim, obrigado. Bilbao também é o lugar onde está a filial mais conhecida do museu Guggenheim (www.guggenheim.com), maior responsável pela epidemia de hotéis descolados em torno do rio que corta a cidade, o Nervión. A cerca de 200 m do Guggenheim, fica o museu de Bellas Artes de Bilbao (www.museobilbao.com), com acervo abrangente de cerca de 6.000 obras. Há peças do século 13 e telas dos espanhóis Francisco de Goya (1746-1828) e Antoni Tápies (1923-). Pólo industrial e portuário, a cidade se reinventou nas últimas duas décadas. Virou uma metrópole globalizada, alegre e culturalmente rica sem perder o charme da tradição. Por todos os lados há obras assinadas por alguma celebridade da arquitetura ou do design. O metrô, por exemplo, foi projetado pelo arquiteto inglês Norman Foster (www.fosterandpartners.com), autor daquela torre em forma de Zeppelin que marca o horizonte de Londres. Há uma arrojada ponte desenhada pelo espanhol Santiago Calatrava (www.calatrava.com) e hotéis do francês Phillipe Starck (www.philippe-starck.com), do japonês Arata Isozaki (www.arataisozaki.net) e do espanhol Javier Mariscal (www.mariscal.com). Tudo arrojadíssimo, mas planejado para dialogar respeitosamente com a velha cidade. Ainda está em obras uma biblioteca pública desenhada pelo espanhol Rafael Moneo, o que sinaliza que as mudanças não vão parar tão cedo. Um bairro inteiro ainda está na prancheta da celebrada arquiteta iraquiana Zaha Hadid (www.zaha-hadid.com). A cidade é cheia de praças e parques que convidam a população a tomar as ruas em busca de ócio. Uma caminhada de 40 minutos pelo rio Nervión liga o centro velho ao lado mais modernizado de Bilbao. Os antigos edifícios que margeiam o rio foram reformados para abrigar escritórios e uma igreja antiga foi transformada no Bilborock, uma das principais casas de shows da cidade. Bilbao foi fundada em 1300 com apenas sete ruas cercadas por uma muralha. Três paralelas e quatro transversais. A muralha sumiu, mas as "siete calles del Casco Viejo" (as sete ruas do centro velho) ainda estão lá, abrigando bares e restaurantes mais tradicionais. Os carros não circulam na maioria dessas ruas -algumas com pouco mais de dois metros de largura. Por isso as vielas são tomadas por um vaivém de jovens, idosos, turistas, imigrantes e bascos. O nacionalismo se mistura com a paixão pelo Atlético de Bilbao na infinidade de bandeiras do clube penduradas nas janelas. Próximo Texto: País Basco: Guggenheim paga sozinho ida à cidade Índice |
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