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bicentenário
Garibaldi foi incansável pé na estrada
VIAJANTE -> Nascido em Nizza, hoje Nice, "herói de dois mundos" lutou na Europa e na América do Sul e teve ilha na Itália
THIAGO MOMM
DA REDAÇÃO
Os 200 anos do nascimento
de Giuseppe Garibaldi (1807-1882) serão comemorados na
próxima quarta-feira, dia 4 de
julho. Combatente italiano, Garibaldi lutou em Santa Catarina
e no Rio Grande do Sul, contra
o Império brasileiro, no Uruguai, contra a Argentina, e na
Itália, pela unificação do país,
batalhas ocorridas entre os
anos 1830 e 1860.
Nasceu em Nice (cidade então chamada Nizza e território
disputado pelo reino do Piemonte e pela França), mas teve
sua nacionalidade determinada
pela de seus pais. Morreu na
ilha italiana de Caprera (ao
norte da ilha da Sardenha), da
qual adquiriu parte, em meados
da década de 1850, e onde está
enterrado.
O site oficial do bicentenário,
www.garibaldi200.it, traz
mais do que a sua biografia e as
comemorações conectadas à
data: mostra vasta filmografia,
bibliografia, iconografia e relação de museus ligados a Garibaldi. Além de uma lista de 817
(!) locais da Itália em que o herói lutou ou pisou.
Após ouvir depoimentos dele
em Paris, em 1860, o escritor
Alexandre Dumas (1802-1870),
célebre pela autoria de "Os
Três Mosqueteiros", publicou
o livro "Memórias de Garibaldi". Há trechos ficcionais, mas
o relato tem valor histórico.
"Eu fora condenado à morte.
Era a primeira vez que eu tinha
a honra de ver meu nome num
jornal", afirma Garibaldi sobre
fato sucedido em Marselha em
1834. Ele fora condenado por
haver aderido à Jovem Itália,
organização patriótica de Giuseppe Mazzini.
Rumo ao Rio
Dois anos depois, iria para o
exílio no Brasil. "Após ter visto
erigir-se em sua costa ocidental
a cidade dominada pelo Pão de
Açúcar, imensa pedra cônica
que serve não de farol, mas de
baliza ao navegador; e tendo
visto irromper ao meu derredor aquela natureza luxuriante
da qual a África e a Ásia não puderam oferecer-me senão uma
pálida idéia, senti-me verdadeiramente maravilhado com o espetáculo", narra, sobre sua chegada ao Rio de Janeiro.
No país, depois de ter tido como "soberana absoluta da alma", sem sucesso, Manoela, sobrinha do general gaúcho Bento Gonçalves, e de dizer que
eram "geralmente lindíssimas"
as mulheres locais, Garibaldi
conheceu Anita em Laguna
(SC). Ela se tornou sua mulher.
O italiano vibrava ao vê-la lutar.
Nas suas memórias, lê-se: "Armada com uma carabina, ela se
engajara no combate [...]."
Em outro trecho, sua empolgação com Anita (nascida Anita
Ribeiro) é ainda maior: "Ela,
porém, de pé sobre a popa, no
encruzamento dos tiros, surgia,
ereta, calma e altaneira como
uma estátua de Palas, recoberta
pela sombra da mão de Deus
que naquela hora pousava sobre mim." A brasileira morreu
em Roma, em 1849.
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