São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007

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bicentenário

Garibaldi foi incansável pé na estrada

VIAJANTE -> Nascido em Nizza, hoje Nice, "herói de dois mundos" lutou na Europa e na América do Sul e teve ilha na Itália

THIAGO MOMM
DA REDAÇÃO

Os 200 anos do nascimento de Giuseppe Garibaldi (1807-1882) serão comemorados na próxima quarta-feira, dia 4 de julho. Combatente italiano, Garibaldi lutou em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, contra o Império brasileiro, no Uruguai, contra a Argentina, e na Itália, pela unificação do país, batalhas ocorridas entre os anos 1830 e 1860.
Nasceu em Nice (cidade então chamada Nizza e território disputado pelo reino do Piemonte e pela França), mas teve sua nacionalidade determinada pela de seus pais. Morreu na ilha italiana de Caprera (ao norte da ilha da Sardenha), da qual adquiriu parte, em meados da década de 1850, e onde está enterrado.
O site oficial do bicentenário, www.garibaldi200.it, traz mais do que a sua biografia e as comemorações conectadas à data: mostra vasta filmografia, bibliografia, iconografia e relação de museus ligados a Garibaldi. Além de uma lista de 817 (!) locais da Itália em que o herói lutou ou pisou.
Após ouvir depoimentos dele em Paris, em 1860, o escritor Alexandre Dumas (1802-1870), célebre pela autoria de "Os Três Mosqueteiros", publicou o livro "Memórias de Garibaldi". Há trechos ficcionais, mas o relato tem valor histórico. "Eu fora condenado à morte. Era a primeira vez que eu tinha a honra de ver meu nome num jornal", afirma Garibaldi sobre fato sucedido em Marselha em 1834. Ele fora condenado por haver aderido à Jovem Itália, organização patriótica de Giuseppe Mazzini.

Rumo ao Rio
Dois anos depois, iria para o exílio no Brasil. "Após ter visto erigir-se em sua costa ocidental a cidade dominada pelo Pão de Açúcar, imensa pedra cônica que serve não de farol, mas de baliza ao navegador; e tendo visto irromper ao meu derredor aquela natureza luxuriante da qual a África e a Ásia não puderam oferecer-me senão uma pálida idéia, senti-me verdadeiramente maravilhado com o espetáculo", narra, sobre sua chegada ao Rio de Janeiro.
No país, depois de ter tido como "soberana absoluta da alma", sem sucesso, Manoela, sobrinha do general gaúcho Bento Gonçalves, e de dizer que eram "geralmente lindíssimas" as mulheres locais, Garibaldi conheceu Anita em Laguna (SC). Ela se tornou sua mulher. O italiano vibrava ao vê-la lutar. Nas suas memórias, lê-se: "Armada com uma carabina, ela se engajara no combate [...]."
Em outro trecho, sua empolgação com Anita (nascida Anita Ribeiro) é ainda maior: "Ela, porém, de pé sobre a popa, no encruzamento dos tiros, surgia, ereta, calma e altaneira como uma estátua de Palas, recoberta pela sombra da mão de Deus que naquela hora pousava sobre mim." A brasileira morreu em Roma, em 1849.


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