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bicentenário
Memórias publicadas por Dumas soam algo cabotinas
CERTEIRO -> Em uma batalha, Garibaldi diz que atirou como se fosse vários e garante que não desperdiçou um único tiro dos fuzis que descarregou
DA REDAÇÃO
Certo cabotinismo de "Memórias de Garibaldi" pode ser
creditado à veia ficcional do autor francês Alexandre Dumas,
amigo do italiano "herói dos
dois mundos". Mas ainda sobra
muita autocongratulação, a
ponto de o leitor desconfiar que
Giuseppe entusiasmava-se tanto consigo mesmo quanto com
a independência dos povos.
A estampa é a de um aventureiro equânime, sensível, altruísta, intrépido. Na página 26
lemos: "Uma daquelas pobres
mulheres caiu na água. Pequeno como eu era -não devia ter
mais do que oito anos-, atirei-me para salvá-la. Conto isso
simplesmente para provar o
quanto é natural em mim esse
sentimento que me leva a socorrer o meu semelhante e o
quão pouco meritórios são os
meus impulsos nesse sentido".
Na 43: "Muitos dos meus
amigos dizem que sou, antes de
mais nada, um poeta. Se a condição de ser poeta é compor a
"Ilíada" ou "A Divina Comédia"
[...], então não sou um poeta.
Mas se poeta é aquele que passa
horas a sondar nas águas aniladas e profundas os mistérios da
vegetação submarina; se poeta
é aquele que se demora arrebatado diante das baías do Rio de
Janeiro, de Nápoles ou de
Constantinopla; se poeta é
aquele que sonha com carinhos
filiais, com memórias infantis
ou com amores juvenis, entre
balas e canhonaços, sem cuidar
que o seu sonho pode findar
numa fratura de crânio ou na
mutilação de um braço, nesse
caso eu sou poeta".
Na 75: "Peguei um dos fuzis e
o descarreguei. Depois, um segundo e um terceiro, e isso com
tanta rapidez que ninguém poderia supor que eu estivesse
completamente só. [...] Nenhum tiro era perdido".
(TM)
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