São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007

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bicentenário

Memórias publicadas por Dumas soam algo cabotinas

CERTEIRO -> Em uma batalha, Garibaldi diz que atirou como se fosse vários e garante que não desperdiçou um único tiro dos fuzis que descarregou

DA REDAÇÃO

Certo cabotinismo de "Memórias de Garibaldi" pode ser creditado à veia ficcional do autor francês Alexandre Dumas, amigo do italiano "herói dos dois mundos". Mas ainda sobra muita autocongratulação, a ponto de o leitor desconfiar que Giuseppe entusiasmava-se tanto consigo mesmo quanto com a independência dos povos.
A estampa é a de um aventureiro equânime, sensível, altruísta, intrépido. Na página 26 lemos: "Uma daquelas pobres mulheres caiu na água. Pequeno como eu era -não devia ter mais do que oito anos-, atirei-me para salvá-la. Conto isso simplesmente para provar o quanto é natural em mim esse sentimento que me leva a socorrer o meu semelhante e o quão pouco meritórios são os meus impulsos nesse sentido".
Na 43: "Muitos dos meus amigos dizem que sou, antes de mais nada, um poeta. Se a condição de ser poeta é compor a "Ilíada" ou "A Divina Comédia" [...], então não sou um poeta. Mas se poeta é aquele que passa horas a sondar nas águas aniladas e profundas os mistérios da vegetação submarina; se poeta é aquele que se demora arrebatado diante das baías do Rio de Janeiro, de Nápoles ou de Constantinopla; se poeta é aquele que sonha com carinhos filiais, com memórias infantis ou com amores juvenis, entre balas e canhonaços, sem cuidar que o seu sonho pode findar numa fratura de crânio ou na mutilação de um braço, nesse caso eu sou poeta".
Na 75: "Peguei um dos fuzis e o descarreguei. Depois, um segundo e um terceiro, e isso com tanta rapidez que ninguém poderia supor que eu estivesse completamente só. [...] Nenhum tiro era perdido". (TM)


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