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bicentenário
Italiano criou uma moda revolucionária
GARBO -> Cuidadosamente trajado, Garibaldi colecionou viagens, camisas vermelhas, lenços, ponchos, barretes -e amores
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
Nascido há 200 anos na então Nizza, na hoje Riviera Francesa, Giuseppe Maria Garibaldi
era filho de um marinheiro que
queria fazer dele um clérigo.
Mas, aos 15 anos, o moço que
viria a ser o mais popular entre
os artífices da unificação italiana, ao lado de Giuseppe Mazzini (teórico do "Risorgimento")
e de Camille Cavour (primeiro-ministro piemontês), elegeu
como destino os caminhos do
mar, da aventura e das lutas independentistas e libertárias.
Exaltado em vida como uma
figura quase mitológica, Garibaldi foi um intrépido homem
de ação -e um dos grandes viajantes de seu tempo. Movido à
causa da liberdade, não era bem
um republicano -tanto que,
após unificar a sua Itália natal,
entregou o legado ao rei Vítor
Emanuel 2º.
Também não foi exatamente
um homem de letras -e, já famoso, se aproximou do escritor
Alexandre Dumas, autor da
biografia romanceada que ajudou a edulcorar sua imagem de
revolucionário e de lenda viva.
Foi, sem dúvida, um capitão
cujas qualidades militares se
aliavam à capacidade de mobilizar, romanticamente, seus
soldados. Trajados com camisas vermelhas, seus comandados o seguiam convencidos da
nobreza de seus objetivos.
Já exilado na América do Sul,
em 1848, aos 41 anos, Garibaldi
testemunhou as transformações causadas pela Constituição francesa e pelas revoluções
políticas, que varriam os governos autocráticos da Europa.
Aí, retornou ao seu país e lutou contra o domínio estrangeiro em vastas áreas da península itálica, enfrentando, com
um exército freqüentemente
mal-equipado, as forças combinadas da França, da Áustria,
das Duas Sicílias e da Espanha.
Mesmo o presidente Abraham Lincoln, nos EUA, o teria
sondado para comandar uma
divisão na Guerra Civil.
A exaltação mitológica de sua
figura tem eco na iconografia
de revolucionário que ele cultivou com esmero. Imagens de
sua maturidade na ilha de Caprera, da qual adquiriu parte,
revelam um Garibaldi de barba
farta, usando barrete marroquino e lenço no pescoço e envergando poncho listrado inspirado em trajes gauchescos.
E, além de viagens e de vitórias político-militares, o revolucionário foi senhor de muitos
amores. Entre nós, a catarinense Anita Ribeiro está imortalizada como sua mulher, mas Garibaldi estrelou outros tantos
romances depois da morte da
brasileira, em 1849. Ela foi sepultada na Itália.
Manuela, Maria, Giuseppina,
Francesca, Dora, Speranza,
Harriet, Emma, Anna, Carolina
e Battistina estão no rol das
inúmeras -e mais recônditas-
conquistas do galante "herói de
dois mundos".
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