São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007

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bicentenário

Italiano criou uma moda revolucionária

GARBO -> Cuidadosamente trajado, Garibaldi colecionou viagens, camisas vermelhas, lenços, ponchos, barretes -e amores

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

Nascido há 200 anos na então Nizza, na hoje Riviera Francesa, Giuseppe Maria Garibaldi era filho de um marinheiro que queria fazer dele um clérigo.
Mas, aos 15 anos, o moço que viria a ser o mais popular entre os artífices da unificação italiana, ao lado de Giuseppe Mazzini (teórico do "Risorgimento") e de Camille Cavour (primeiro-ministro piemontês), elegeu como destino os caminhos do mar, da aventura e das lutas independentistas e libertárias.
Exaltado em vida como uma figura quase mitológica, Garibaldi foi um intrépido homem de ação -e um dos grandes viajantes de seu tempo. Movido à causa da liberdade, não era bem um republicano -tanto que, após unificar a sua Itália natal, entregou o legado ao rei Vítor Emanuel 2º.
Também não foi exatamente um homem de letras -e, já famoso, se aproximou do escritor Alexandre Dumas, autor da biografia romanceada que ajudou a edulcorar sua imagem de revolucionário e de lenda viva.
Foi, sem dúvida, um capitão cujas qualidades militares se aliavam à capacidade de mobilizar, romanticamente, seus soldados. Trajados com camisas vermelhas, seus comandados o seguiam convencidos da nobreza de seus objetivos.
Já exilado na América do Sul, em 1848, aos 41 anos, Garibaldi testemunhou as transformações causadas pela Constituição francesa e pelas revoluções políticas, que varriam os governos autocráticos da Europa.
Aí, retornou ao seu país e lutou contra o domínio estrangeiro em vastas áreas da península itálica, enfrentando, com um exército freqüentemente mal-equipado, as forças combinadas da França, da Áustria, das Duas Sicílias e da Espanha.
Mesmo o presidente Abraham Lincoln, nos EUA, o teria sondado para comandar uma divisão na Guerra Civil.
A exaltação mitológica de sua figura tem eco na iconografia de revolucionário que ele cultivou com esmero. Imagens de sua maturidade na ilha de Caprera, da qual adquiriu parte, revelam um Garibaldi de barba farta, usando barrete marroquino e lenço no pescoço e envergando poncho listrado inspirado em trajes gauchescos.
E, além de viagens e de vitórias político-militares, o revolucionário foi senhor de muitos amores. Entre nós, a catarinense Anita Ribeiro está imortalizada como sua mulher, mas Garibaldi estrelou outros tantos romances depois da morte da brasileira, em 1849. Ela foi sepultada na Itália.
Manuela, Maria, Giuseppina, Francesca, Dora, Speranza, Harriet, Emma, Anna, Carolina e Battistina estão no rol das inúmeras -e mais recônditas- conquistas do galante "herói de dois mundos".


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