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MAPA DA LUSOFILIA
Em Tomar, convento abrigou monges cavaleiros fugidos da França, que viraram a Ordem de Cristo
Maçons ainda se clamam herdeiros da Ordem do Templo
ENVIADA ESPECIAL A PORTUGAL
É preciso tempo, disposição e
um bom guia para aproveitar o
tour pelo convento de Cristo, no
cimo de uma colina em Tomar.
O prédio amuralhado data de
1162, quando foi erguido pelos cavaleiros da Ordem do Templo, rebatizados de Ordem de Cristo.
Os cavaleiros templários surgiram para cuidar dos cristãos que
peregrinavam para a Terra Santa.
A Ordem do Templo cresceu e ficou poderosa. É atribuída a ela a
invenção do sistema bancário de
depósitos e retiradas. Quando eles
cuidavam dos peregrinos, criaram o sistema para evitar assaltos:
o peregrino entregava uma quantia de dinheiro para os cavaleiros,
e, em troca, recebia um documento comprovando o depósito.
Se o peregrino precisasse do dinheiro, em qualquer ponto da caminhada, poderia retirá-lo em
parte ou integralmente, apresentando o tal documento.
Quando o poder dos templários
ameaçou o poder do rei Felipe, o
Belo, da França, então pátria da
ordem, ele mandou que os monges cavaleiros fossem executados,
acusando-os de praticar o homossexualismo e de adorar a imagem de um ser mitológico chamado Baphomet, que era um diabo.
A sentença: muitos viraram cinzas em uma enorme fogueira.
Os que sobraram fugiram para
diversos países, entre eles Portugal, onde se estabeleceram, rebatizados como Ordem de Cristo. Em
Tomar, construíram o convento.
Cada canto do prédio convida a
imaginar como era a vida ali com
os cavaleiros. O canto mais emocionante é a charola, onde eram
realizados os rituais religiosos.
Nos afrescos, a influência árabe,
gosto adquirido pela ordem durante as cruzadas, é evidente.
Em vez de ser uma espécie de
palco, acima do nível do chão, o
altar fica entre oito colunas que
formam uma estrutura octogonal, e as pessoas que assistem à cerimônia cercam o altar.
O convento tem sete claustros,
cada um com uma função: lavandeira, dormitório, cemitério, entre outras. O claustro dos dormitórios tem quatro corredores que
formam uma cruz.
Algumas alas do convento são
fechadas à visitação, como é o caso da sala dos ritos iniciáticos, que
tem um misterioso poço no meio.
Acredita-se que parte dos fundamentos que regiam a Ordem de
Cristo sejam usados pela maçonaria, que se clama herdeira do conhecimento dos monges cavaleiros. Com uma certa frequência,
grupos de maçons realizam cerimônias ali, inclusive, dizem os locais, na sala dos ritos iniciáticos.
No convento, não deixe de visitar dois pontos: a janela do Capítulo, uma obra do estilo manuelino, e a muralha, alcançada por
uma escada, e da qual se vê Tomar, por entre os buracos em forma de cruz.
(HELOISA LUPINACCI)
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