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São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2003

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Pousada foi convento capuchinho

DA ENVIADA ESPECIAL

Sofia Maria Anjos Costa Macedo Pinta da Franca recebe os visitantes na sua Quinta da Anunciada-a-Velha, com tantas histórias quanto o número de sobrenomes que carrega. Ao chegar ali, tem-se a certeza de que dificilmente alguém mora em algum lugar mais aprazível do que Sofia. Sabendo disso, ela transformou a casa em uma pousada.
A Anunciada fica entre Tomar e Torres Novas, a três quilômetros partindo da primeira cidade.
A propriedade era da avó de Sofia, que também foi a última dona do convento de Cristo, em Tomar, antes de ele ser comprado pelo Estado, em 1940. Ela era dona, ainda, de uma região ao redor, na qual está a casa que permanece até hoje com a família.
Mas a quinta nem sempre foi apenas uma casa. Era, antes, um convento capuchinho. Os capuchinhos queriam ter acesso ao convento de Cristo, em Tomar. Então fizeram um trato com a Ordem de Cristo: cederiam seu convento em troca de poder circular pelo convento de Cristo.
Mas, em Tomar, os capuchinhos ainda construíram um lugar para eles e batizaram-no de Anunciada-a-Nova, o que fez com que o de Sofia ganhasse o nome de a-Velha.
Nas paredes da casa, há fotos de todas as pessoas envolvidas nessas transações. Em baixo da casa, foi descoberto um lagar, tanque no qual são espremidas uvas para fazer vinho ou azeitonas para fazer azeite, como é o caso desse, antiquíssimo. Estima-se que seja da época em que a região estava sob o domínio dos romanos, por volta do século 4º.
O melhor de tudo é ouvir as histórias de Sofia. Casada com um embaixador, ela já morou em Guiné-Bissau, Angola, Alemanha e Vaticano. A senhora de meia-idade, com sombra verde sobre os olhos, matraca sobre a região, seu hábito de pintar aquarelas e sobre as receitas de sua família.
E a satisfação é dupla: pelo papo e pela vista do quintal da casa, que abriga um simpático vinhedo e duas preguiçosas redes. (HL)


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