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Pousada foi convento capuchinho
DA ENVIADA ESPECIAL
Sofia Maria Anjos Costa Macedo Pinta da Franca recebe os visitantes na sua Quinta da Anunciada-a-Velha, com tantas histórias
quanto o número de sobrenomes
que carrega. Ao chegar ali, tem-se
a certeza de que dificilmente alguém mora em algum lugar mais
aprazível do que Sofia. Sabendo
disso, ela transformou a casa em
uma pousada.
A Anunciada fica entre Tomar e
Torres Novas, a três quilômetros
partindo da primeira cidade.
A propriedade era da avó de Sofia, que também foi a última dona
do convento de Cristo, em Tomar, antes de ele ser comprado
pelo Estado, em 1940. Ela era dona, ainda, de uma região ao redor,
na qual está a casa que permanece
até hoje com a família.
Mas a quinta nem sempre foi
apenas uma casa. Era, antes, um
convento capuchinho. Os capuchinhos queriam ter acesso ao
convento de Cristo, em Tomar.
Então fizeram um trato com a Ordem de Cristo: cederiam seu convento em troca de poder circular
pelo convento de Cristo.
Mas, em Tomar, os capuchinhos ainda construíram um lugar
para eles e batizaram-no de
Anunciada-a-Nova, o que fez
com que o de Sofia ganhasse o nome de a-Velha.
Nas paredes da casa, há fotos de
todas as pessoas envolvidas nessas transações. Em baixo da casa,
foi descoberto um lagar, tanque
no qual são espremidas uvas para
fazer vinho ou azeitonas para fazer azeite, como é o caso desse,
antiquíssimo. Estima-se que seja
da época em que a região estava
sob o domínio dos romanos, por
volta do século 4º.
O melhor de tudo é ouvir as histórias de Sofia. Casada com um
embaixador, ela já morou em
Guiné-Bissau, Angola, Alemanha
e Vaticano. A senhora de meia-idade, com sombra verde sobre os
olhos, matraca sobre a região, seu
hábito de pintar aquarelas e sobre
as receitas de sua família.
E a satisfação é dupla: pelo papo
e pela vista do quintal da casa, que
abriga um simpático vinhedo e
duas preguiçosas redes.
(HL)
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