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São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2003

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Travões sem óleo e bicha afligem condutor

MAFALDA DE AVELAR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Estava a sonhar. Atravessei o Atlântico e cheguei. Cheguei e aluguei um automóvel. Não quis viajar, no meu sonho, de autocarro, tampouco de carrinha. Mas, sim, de automóvel.
Ninguém entende bem o porquê, mas a liberdade de conduzir um automóvel, de pedir boleia, não tem limites. Mas o perigo existe. Você pode apanhar uma boleia errada. Você pode andar em sentido contrário. Claro está que não estamos em Inglaterra, mas estamos na Europa e sem querer ter que parar num engarrafamento onde a bicha é tão grande que você simplesmente corre o risco de acordar.
Mais ainda, você pode ter a sorte ou a pouca sorte, dependendo das circunstâncias, de colocar a marcha a trás em vez da primeira. E cuidado. A rua pode ter apenas um sentido e pode estar cheia de buracos, o que obviamente ajuda a fazer aumentar as bichas.
Perante um filme desses, nem pense em não colocar óleo nos travões. Os travões são essenciais para qualquer uma dessas situações. Situações essas que podem estar na origem de uma notificação por má condução. E até o senhor polícia lhe pode pedir a carta de condução, carta esta que convém não ter sido escrita pela mãezinha. Perante uma situação dessas você está simplesmente a leste do paraíso. Está perdido sem eira nem beira em pleno Algarve, Beira Alta ou Alto Douro numa estrada esburacada ou numa auto-estrada financiada pelos fundos europeus. Por tudo.
Por tudo deixe-se ir. Mas coloque o cinto de segurança, conduza com juizinho, dê prioridade nos cruzamentos, coloque o pisca à direita ou à esquerda (conforme o sentido que pretenda tomar), não se esqueça de obedecer à sinalização de trânsito, aos semáforos, respeite o encarnado, não ultrapasse com o traço contínuo e, por favor, não se esqueça de encher o depósito na bomba de gasolina mais próxima de si.
E, se estiver sem óleo, água ou mesmo gasóleo, pode acordar. E, acabar por não chegar. Por não chegar ao outro lado do Atlântico, à terrinha comandada pelo premiê Durão Barroso, ao país lindo onde a língua é a mesma, mas onde as palavras têm diferentes significados. Tantos. Tantos quantos os sonhos. O sonho comanda o homem. Os mais aventureiros que o digam.


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