São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2006

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TRAÇADO PANTANEIRO

Produto da terra origina adorno e quitute

Da farinha de bocaiúva, espécie de coquinho, são feitos biscoitos; a salsaparrilha, tipo de cipó, vira cestos

DO ENVIADO ESPECIAL A CORUMBÁ (MS)

O prédio que hoje abriga a Casa do Artesão funcionou como presídio até 1970, quando foi desativado. Cinco anos mais tarde, foi transformado no que é até hoje o maior centro de artesanato local. As lojas expõem os produtos dentro das antigas celas, com as grades de ferro preservadas.
Um dos maiores atrativos do local são os biscoitos feitos com farinha de bocaiúva. É uma espécie de coquinho cuja farinha serve para fazer pães, bolos, biscoitos e até sorvetes. O pacote de meio quilo da farinha custa R$ 4. Os pacotes de biscoito variam de R$ 3,50 a R$ 7.
No local funciona também uma oficina de salsaparrilha. É uma espécie de cipó (Herreria salsaparrilha), a partir da qual se produz uma palha que dá origem a cestos, leques e outros tipos de adornos.
Isabel Moraes dos Santos, 73, é professora aposentada e coordena um projeto de ensino do ofício do artesanato de salsaparrilha para deficientes mentais, visuais e auditivos.
Toda a matéria-prima é conseguida por doações. A venda dos produtos ajuda a manter o local e ainda gera uma pequena renda para os seis artesãos que participam do projeto. Os preços dos produtos variam de R$ 4 a R$ 15.
Já a Casa do Massa Barro é uma associação artesanal que existe desde 1982. Crianças e adolescentes da comunidade trabalham como aprendizes, fabricando peças a partir da argila retirada das margens do rio Paraguai. Os objetos representam principalmente são Francisco e animais da região, como a onça e o tuiuiú.
A instituição é mantida com 20% do valor de venda de cada peça, sendo que os 80% restantes ficam para quem o fabricou. Toda criança que participa deve ter freqüência comprovada na escola. Renan Alexsander, 10, participa do projeto há um ano e meio. O garoto é capaz de fabricar seis peças por dia, que são vendidas a um preço médio de R$ 7 cada uma.
Segundo Enílson de Campos, 30, coordenador do projeto, há 66 aprendizes em atividade e, nos últimos dois meses, a associação vendeu mais de mil peças produzidas por eles.
Além de receberem encomendas de material para as cidades de Bonito, Cuiabá e Brasília, os jovens artesãos já foram convidados duas vezes por Joãozinho Trinta para decorar carros alegóricos das escolas de samba Beija-Flor e Viradouro, do Carnaval carioca. (LEONARDO WEN)


CASA DO ARTESÃO
rua Dom Aquino Correa, 425; horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 7h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h. Aos sábado, das 7h30 às 11h30 Tel: 0/xx/67/3231-2715

CASA DE MASSA BARRO
rua Cacimba da Saúde, s/nš; horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 8h às 11h30 e das 13h30 às 17h; aos sábados, das 8h às 11h30.



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