São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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TURISTA ACIDENTADO

Férias Vivas distribuirá cartilhas para orientar praticantes de esportes de aventura na Adventure Fair

ONG quer diminuir acidentes em turismo

MARISTELA DO VALLE
DA REPORTAGEM LOCAL

No primeiro trimestre deste ano, pelo menos três crianças morreram vítimas de acidentes em momento de lazer: Lucas, 4, foi atropelado por um jet-ski em Florianópolis; Renan Júlio, 7, se afogou num parque aquático no Ceará; e Victoria, 9, em um passeio a cavalo em um resort de Alagoas, ficou pendurada no arreio enquanto o animal disparava e sofreu traumatismo craniano.
Talvez as três fatalidades tivessem sido evitadas respeitando-se algumas condições de segurança: a condutora do jet-ski que atropelou Lucas não tinha habilitação; não foram realizados procedimentos de primeiros socorros em Renan Júlio a tempo, segundo a família; e a sela usada por Victoria não era própria para criança.
Com o objetivo de diminuir o risco desse tipo de acidente, a mãe de Victoria, a arquiteta Silvia Belise, montou a ONG Férias Vivas. "Nunca me passou pela cabeça que uma atividade de lazer pudesse acarretar essa tragédia." E provavelmente poucos pensam nisso.
"O risco não deve ser temido, mas identificado para ser controlado." A frase, da própria Silvia, acompanha nove cartilhas com orientações para a prática de esportes de aventura que serão distribuídas gratuitamente na Adventure Fair, feira que ocorre de quarta a domingo no Pavilhão da Bienal do parque Ibirapuera, em São Paulo.
As cartilhas serão custeadas pela Embratur, que na semana passada firmou um acordo de cooperação com a ONG. Segundo Regina Cavalcante, diretora de economia e fomento do órgão do governo, ele deve apoiar outros projetos da Férias Vivas, que, por exemplo, ajudará a Embratur a criar outros critérios de segurança para o seu sistema de classificação de meios de hospedagem.
A participação da Férias Vivas com um estande na Adventure Fair é a primeira ação pública da ONG, que foi fundada em 24 de julho, dia do aniversário de Victoria. "Além de homenagear a minha filha, resolvi transformar uma data triste num dia alegre", comenta Silvia. Fazem parte da decoração da sede da ONG quadros pintados por Victoria.
Entre as metas da organização não-governamental estão conscientizar os consumidores a conhecer e a exigir seus direitos, informá-los e orientá-los sobre produtos e serviços, lutar pela criação de normas técnicas de segurança em turismo, criar um selo de qualidade para empresas do setor que ofereçam condições mínimas de segurança e estudar, pesquisar e divulgar as causas dos problemas relacionados a acidentes.
Em relação ao último item, a Férias Vivas já começou a fazer um banco de dados sobre acidentes em turismo, com o objetivo de criar o primeiro "Relatório Brasileiro de Acidentes com Turistas".
Conhecendo as causas dos acidentes, fica mais fácil ter condições de elaborar uma legislação sobre o assunto, o que deve ser feito a longo prazo, com a ajuda de técnicos e organizações afins.
Para orientar os consumidores e ao mesmo tempo receber denúncias, a ONG já colocou no ar uma página na internet, que ainda divulga dicas de segurança e eventos sobre o tema, além de ter um espaço para que os consumidores tirem suas dúvidas específicas.
A Férias Vivas também se apresentará, no dia 4 de novembro, à direção do Procon para eventualmente participar das reuniões da Câmara Técnica de Consumo do seu serviço de Turismo. "As reuniões contam com entidades de classe do setor, mas não há ninguém do outro lado, representando o consumidor", conta Silvia.
Para ajudar a concretizar tantos planos, a ONG está montando um plano de marketing com auxílio da Empresa Jr. da Fundação Getúlio Vargas, integrada por graduandos da faculdade.

Associação Férias Vivas - Tel. 0/xx/ 11/5051-4160, site www.feriasvivas.org.br.


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