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PORTO DE AROMAS
Nessa ilha, população de 7 milhões de habitantes se espreme em pouco mais de mil quilômetros quadrados
Néon não ofusca lado oriental de Hong Kong
Juliana Doretto/ Folha Imagem
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Barco típico chinês, chamado de sampan, passa em frente ao Centro de Convenções e Exibições de Hong Kong, no porto de Victoria |
JULIANA DORETTO
ENVIADA ESPECIAL A HONG KONG
A sensação é a de entrar em
uma sauna: um ar quente, extremamente úmido, embaça os óculos e dificulta a respiração; o corpo sua inteiro. Chegar a Hong
Kong é adentrar em um mundo
cálido, colorido e perfumado.
A calidez das ruas cinzentas,
que refletem a luz do sol forte e se
atritam com os milhões de pneus
que por elas circulam todos os
dias; a cor dos mercados montados ao ar livre, em que se vende de
tudo e se pechincha sempre; o
aroma da comida preparada nos
restaurantes, que estão sempre
cheios e barulhentos. Tudo isso
concentra o espírito desse território, que voltou a ser controlado
pela China em 1997 (leia ao lado).
Uma metrópole ocidental em
pleno Oriente? Os arranha-céus e
sua iluminação ofuscante durante
a noite podem enganar o olhar.
Quem fita atentamente a cidade,
quem espia pelas suas janelas,
quem ri com o sorriso que às vezes surge no rosto de seus moradores introspectivos logo descobre que estamos, sim, no Oriente.
O inglês é constante em todos os
letreiros, mas os nomes das lojas
aparecem primeiro na escrita chinesa. As ruas têm denominações
que lembram o Reino Unido, porém os mais velhos, que não
aprenderam a língua inglesa na
escola, inventaram seus próprios
nomes. Estamos, sim, na China.
Esse pedaço de um país tão vasto abriga 7 milhões de habitantes
em pouco mais de mil quilômetros quadrados. Gente que vive
em prédios residenciais com mais
de 50 andares, em apartamentos
de 30 metros quadrados.
Com o pouco espaço, os animais de estimação também sofrem restrições. Os pássaros (e
não cães e gatos), que se adaptam
a áreas menores, são os melhores
amigos do homem (veja na pág.
F5). E, se alguém perguntar a um
chinês se ele não sofre ao ver a ave
engaiolada, ele responderá:
"Também vivemos em espaços
pequenos e somos felizes assim".
O território divide-se em quatro
grandes áreas: a península de
Kowloon, a ilha de Hong Kong, a
ilha de Lantau e a região dos Novos Territórios, que faz fronteira
com a China continental. Todas
essas áreas estão interligadas por
pontes, túneis ou cinquentenárias
balsas (leia à pág. F9).
Em Kowloon e na ilha de Hong
Kong estão os néons coloridos, os
prédios de dezenas de andares, as
sedes dos grandes bancos, os hotéis requintados, as lojas caras.
Em Lantau e nos Novos Territórios, vilarejos de pescadores com
casas simples cortam um cenário
mais verde, menos explorado e
mais pobre (veja na pág. F6). Sentado num lótus, em Lantau, um
Buda gigante de bronze abençoa
essas regiões e todo o país.
Porto de aromas
Hong Kong, que em cantonês
significa porto de aromas, é também um importante ancoradouro
asiático para visitantes de todos
os cantos do mundo. Atingida pela Sars (sigla em inglês para síndrome respiratória aguda grave),
que matou cerca de 300 pessoas e
afastou turistas, a cidade ressurge
no mapa do turismo internacional com campanhas publicitárias
e promoções. A ameaça de que a
Sars volte é constante, principalmente no inverno. Mas os honcongueses se dizem preparados
para enfrentá-la. Não é à toa que o
símbolo da cidade é um dragão.
Juliana Doretto viajou a convite do Hong Kong Tourism Board e da Cathay
Pacific Airways
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