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São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2003

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PORTO DE AROMAS

Nessa ilha, população de 7 milhões de habitantes se espreme em pouco mais de mil quilômetros quadrados

Néon não ofusca lado oriental de Hong Kong

Juliana Doretto/ Folha Imagem
Barco típico chinês, chamado de sampan, passa em frente ao Centro de Convenções e Exibições de Hong Kong, no porto de Victoria


JULIANA DORETTO
ENVIADA ESPECIAL A HONG KONG

A sensação é a de entrar em uma sauna: um ar quente, extremamente úmido, embaça os óculos e dificulta a respiração; o corpo sua inteiro. Chegar a Hong Kong é adentrar em um mundo cálido, colorido e perfumado.
A calidez das ruas cinzentas, que refletem a luz do sol forte e se atritam com os milhões de pneus que por elas circulam todos os dias; a cor dos mercados montados ao ar livre, em que se vende de tudo e se pechincha sempre; o aroma da comida preparada nos restaurantes, que estão sempre cheios e barulhentos. Tudo isso concentra o espírito desse território, que voltou a ser controlado pela China em 1997 (leia ao lado).
Uma metrópole ocidental em pleno Oriente? Os arranha-céus e sua iluminação ofuscante durante a noite podem enganar o olhar. Quem fita atentamente a cidade, quem espia pelas suas janelas, quem ri com o sorriso que às vezes surge no rosto de seus moradores introspectivos logo descobre que estamos, sim, no Oriente.
O inglês é constante em todos os letreiros, mas os nomes das lojas aparecem primeiro na escrita chinesa. As ruas têm denominações que lembram o Reino Unido, porém os mais velhos, que não aprenderam a língua inglesa na escola, inventaram seus próprios nomes. Estamos, sim, na China.
Esse pedaço de um país tão vasto abriga 7 milhões de habitantes em pouco mais de mil quilômetros quadrados. Gente que vive em prédios residenciais com mais de 50 andares, em apartamentos de 30 metros quadrados.
Com o pouco espaço, os animais de estimação também sofrem restrições. Os pássaros (e não cães e gatos), que se adaptam a áreas menores, são os melhores amigos do homem (veja na pág. F5). E, se alguém perguntar a um chinês se ele não sofre ao ver a ave engaiolada, ele responderá: "Também vivemos em espaços pequenos e somos felizes assim".
O território divide-se em quatro grandes áreas: a península de Kowloon, a ilha de Hong Kong, a ilha de Lantau e a região dos Novos Territórios, que faz fronteira com a China continental. Todas essas áreas estão interligadas por pontes, túneis ou cinquentenárias balsas (leia à pág. F9).
Em Kowloon e na ilha de Hong Kong estão os néons coloridos, os prédios de dezenas de andares, as sedes dos grandes bancos, os hotéis requintados, as lojas caras. Em Lantau e nos Novos Territórios, vilarejos de pescadores com casas simples cortam um cenário mais verde, menos explorado e mais pobre (veja na pág. F6). Sentado num lótus, em Lantau, um Buda gigante de bronze abençoa essas regiões e todo o país.

Porto de aromas
Hong Kong, que em cantonês significa porto de aromas, é também um importante ancoradouro asiático para visitantes de todos os cantos do mundo. Atingida pela Sars (sigla em inglês para síndrome respiratória aguda grave), que matou cerca de 300 pessoas e afastou turistas, a cidade ressurge no mapa do turismo internacional com campanhas publicitárias e promoções. A ameaça de que a Sars volte é constante, principalmente no inverno. Mas os honcongueses se dizem preparados para enfrentá-la. Não é à toa que o símbolo da cidade é um dragão.


Juliana Doretto viajou a convite do Hong Kong Tourism Board e da Cathay Pacific Airways

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