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PORTO DE AROMAS
Em mercado de pássaros, calculadora intermedeia venda
Em vez de cães, chineses levam aves para passear
DA ENVIADA ESPECIAL A HONG KONG
Mesmo que você não fale uma
palavra em cantonês, prepare-se
para "conversar" muito em Mong
Kok. A região, na península de
Kowloon, é um grande mercado a
céu aberto, com ruas tomadas por
barracas, pequenas lojas e uma
infinidade de comerciantes chineses, que distribuem "hellos" aos
cobiçados turistas ocidentais.
Mas o diálogo em inglês acaba aí.
Quando fisgado, o comprador
passará a argumentar muito com
o vendedor usando outra linguagem: a matemática.
O preço inicial, claro, nunca é o
verdadeiro. Cabe ao interessado
pedir descontos e ao comerciante
mostrar o novo valor, digitando-o
em calculadoras, enquanto fala os
números em inglês com forte sotaque.
Se não estiver satisfeito, vale lutar por mais abatimentos, até que
o vendedor, cansado, pergunte ao
comprador: "Quanto?". Então, o
preço final é dado -que, ainda
assim, pode ser ou não aceito pelo
lojista. A mercadoria chega a sair
pela metade do valor do início. O
único risco é o comprador sair da
barraca tão satisfeito que comece
a comprar tudo o que vê, só pelo
prazer de pechinchar.
O principal mercado de Mong
Kok -que, apropriadamente,
significa "lugar com muita gente"- é conhecido como Ladie's
Market e se concentra nos quarteirões da Tung Choi Street. As
barracas, formadas por grandes
pedaços de tecido pendurados,
originalmente vendiam apenas
roupas femininas, mas hoje oferecem de tudo: imitações de bolsas e
relógios de marcas famosas ocidentais (HK$ 140), sapatos ricamente bordados (HK$ 180), CDs
(HK$ 30), objetos de decoração e
até calcinhas temáticas (HK$ 15).
Nas ruas paralelas à Tung Choi,
lojinhas oferecem imitações de tênis e aparelhos eletrônicos.
Pio
Durante o dia, a pechincha toma lugar no Bird Market (Flower
Market Road, das 7h às 20h), prédio que tem lojas especializadas
na criação de pássaros, o animal
de estimação preferido dos chineses -com 7 milhões de pessoas
apinhadas em minúsculos apartamentos, não há muito espaço para cães e gatos.
Pelos corredores, espalham-se
delicadas gaiolas de bambu (de
HK$ 50 a HK$ 170), abrigando
uma infinidade de espécies. Até
mesmo a nossa arara, que o comerciante jura ser espécie nativa
de Hong Kong, aparece por lá.
Os compradores, que levam os
bichinhos em suas gaiolas para
passear e para acompanhá-los nas
novas aquisições, buscam, além
de acessórios, como recipientes
para água e comida em porcelana,
suprimento para a alimentação
dos animais.
As guloseimas variam de sementes a gafanhotos vivos, para
os pássaros maiores. O preço é
dado de acordo com o tamanho
dos insetos -de HK$ 7 a HK$ 10.
Como trilha sonora, uma "sinfonia" descompassada e confusa:
cantos e gritos (dos bichinhos)
misturados com conversas, risadas e pechinchas dos compradores e dos vendedores.
Esparramado ao lado do Bird
Market, o Flower Market é, talvez,
o mercado mais perfumado de
que se tem notícia. Suas lojas (na
Flower Market Road e na Prince
Edward Road West) estão sempre
abarrotadas de uma imensa variedade de flores, vasos e plantas ornamentais. Com tanto verde, é difícil saber onde termina uma barraca e onde começa a outra.
Em Yau Ma Tei, região vizinha a
Mong Kok, tomam forma outros
dois mercados. O Jade Market
(Kansu Street; aberto até às 18h)
atrai os compradores da verde jade, pedra comum na China continental, usada em jóias e acessórios. Mas é preciso ter cuidado e
não comprar gato por lebre: as falsificações são tão apetitosas quanto as pedras originais.
Na Temple Street, as ofertas e o
burburinho, que se assemelham
aos encontrados no Ladie's Market, estendem-se noite adentro
(até à 0h), quando o clima mais
fresco pode ajudar a enfrentar a
multidão que se aperta pela rua.
No sul da ilha de Hong Kong,
perto da baía Stanley -cercada
de casas e apartamentos luxuosos-, o Stanley Market (Stanley
Main Street, das 11h às 18h) tem
produtos de melhor qualidade e
preços um pouco mais altos do
que os dos outros mercados, mas,
ainda assim, passíveis de uma boa
pechincha. (JULIANA DORETTO)
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