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São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2003

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PORTO DE AROMAS

Pescadores moram em vila flutuante em Aberdeen; restaurantes luxuosos convivem com o bairro pobre

"Quarteirões" de água amparam casa-barco


DA ENVIADA ESPECIAL A HONG KONG

As casas são numeradas, as roupas estão estendidas no varal, e o cachorro late quando percebe a presença de intrusos no seu território. O porto de Aberdeen não seria diferente de nenhum outro bairro residencial se não fosse por um detalhe: as moradias vivem em constante movimento e, se o cão quiser fugir, terá de nadar por pelo menos cinco minutos.
Aberdeen é uma vila de pescadores flutuante, no sul da ilha de Hong Kong. Famílias inteiras vivem em barcos aportados um do lado do outro, em fileiras que delimitam verdadeiras ruas de água.
Crianças brincam na ponta das embarcações, plantas tomam sol nas beiradas, e alguns moradores descansam na rede, que balança com o ritmo das ondas. A região já chegou a ter 6.000 moradores, no tempo em que a pesca esteve mais próspera na baía. Hoje, são cerca de cem barcos.
O passeio pelos "quarteirões" de Aberdeen podem ser feitos em embarcações chamadas de sampan -pequenos barcos dotados de cobertura circular, feita com bambus e plásticos- que ficam à espera de turistas próximos ao píer na Shum Wan Road.
Quem vai sozinho deve esperar até que outros interessados se aproximem e um pequeno grupo seja formado. Um sampan não sai com menos de quatro pessoas. Cada turista desembolsa HK$ 50 por um passeio de cerca de 20 minutos. Seguindo os costumes de Hong Kong, vale pechinchar (leia à pág. F5). Até porque o condutor também é um comerciante.
Assim que o motor começa a funcionar, ele revela seu arsenal de bugigangas, todas à venda, que abarca desde chapéus de bambu, idênticos ao que ele usa, a ricas almofadas de seda. Com uma mão, ele mostra as mercadorias e, com a outra, maneja o barco. Nada de mais se, no caminho, não houvesse barcos pesqueiros e mais sampans, guiados por outros que, como ele, se dividem entre as duas funções. Resultado: enquanto pega o troco, o barquinho quase bate em outra embarcação.
Entre as casas-barcos de Abeerden, ergue-se um imponente restaurante flutuante, o Jumbo (www.jumbo.com.hk), que atende em pleno mar há mais de 50 anos. Com barcos próprios para transportar os clientes da terra às suas mesas, o Jumbo gaba-se de ter servido especialidades chinesas para cerca de 30 milhões de pessoas e de ser o maior restaurante do mundo a funcionar sobre as águas. Sua fachada pede uma visita mesmo a quem não quiser provar seus pratos.
(JULIANA DORETTO)

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