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PORTO DE AROMAS
Pescadores moram em vila flutuante em Aberdeen; restaurantes luxuosos convivem com o bairro pobre
"Quarteirões" de água amparam casa-barco
DA ENVIADA ESPECIAL A HONG KONG
As casas são numeradas, as roupas estão estendidas no varal, e o
cachorro late quando percebe a
presença de intrusos no seu território. O porto de Aberdeen não
seria diferente de nenhum outro
bairro residencial se não fosse por
um detalhe: as moradias vivem
em constante movimento e, se o
cão quiser fugir, terá de nadar por
pelo menos cinco minutos.
Aberdeen é uma vila de pescadores flutuante, no sul da ilha de
Hong Kong. Famílias inteiras vivem em barcos aportados um do
lado do outro, em fileiras que delimitam verdadeiras ruas de água.
Crianças brincam na ponta das
embarcações, plantas tomam sol
nas beiradas, e alguns moradores
descansam na rede, que balança
com o ritmo das ondas. A região
já chegou a ter 6.000 moradores,
no tempo em que a pesca esteve
mais próspera na baía. Hoje, são
cerca de cem barcos.
O passeio pelos "quarteirões"
de Aberdeen podem ser feitos em
embarcações chamadas de sampan -pequenos barcos dotados
de cobertura circular, feita com
bambus e plásticos- que ficam à
espera de turistas próximos ao
píer na Shum Wan Road.
Quem vai sozinho deve esperar
até que outros interessados se
aproximem e um pequeno grupo
seja formado. Um sampan não sai
com menos de quatro pessoas.
Cada turista desembolsa HK$ 50
por um passeio de cerca de 20 minutos. Seguindo os costumes de
Hong Kong, vale pechinchar (leia
à pág. F5). Até porque o condutor
também é um comerciante.
Assim que o motor começa a
funcionar, ele revela seu arsenal
de bugigangas, todas à venda, que
abarca desde chapéus de bambu,
idênticos ao que ele usa, a ricas almofadas de seda. Com uma mão,
ele mostra as mercadorias e, com
a outra, maneja o barco. Nada de
mais se, no caminho, não houvesse barcos pesqueiros e mais sampans, guiados por outros que, como ele, se dividem entre as duas
funções. Resultado: enquanto pega o troco, o barquinho quase bate em outra embarcação.
Entre as casas-barcos de Abeerden, ergue-se um imponente restaurante flutuante, o Jumbo
(www.jumbo.com.hk), que atende em pleno mar há mais de 50
anos. Com barcos próprios para
transportar os clientes da terra às
suas mesas, o Jumbo gaba-se de
ter servido especialidades chinesas para cerca de 30 milhões de
pessoas e de ser o maior restaurante do mundo a funcionar sobre as águas. Sua fachada pede
uma visita mesmo a quem não
quiser provar seus pratos.
(JULIANA DORETTO)
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