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SUÍÇA SALVA
Encharcada pela cultura italiana, Bellinzona preserva três castelos; almoço em terraço é ponto alto do tour
Bucolismo aquece passeio entre pedras
DA ENVIADA ESPECIAL À SUÍÇA
Bellinzona tem tudo o que uma
antiga cidadezinha italiana tem:
bate-papos travados em dialeto;
sobrados antigos, com fachadas
decoradas; "gelato" tentador; e
até castelo medieval -um não,
três. Só faltava estar na Itália.
A 136 km de Zurique, a cidade é
a capital do Cantão de Ticino
(também conhecido pela alcunha
de Suíça Italiana) e tem seu nome
estampado na lista de patrimônios da humanidade por ter mantido intactas suas fortificações
medievais -que defendiam os
milaneses, habitantes da região,
de invasores suíços.
O Castelgrande (o maior dos
três, claro) era ligado ao castelo
Montebello por um grande muro
-do qual resta um trecho, mas
por onde não se pode caminhar.
Assim, os dois, no alto, cercavam
o vilarejo, edificado no vale. Acima do Montebello, o castelo de
Sasso Corbaro funcionava como
torre de observação.
A sensação de estar em um dos
filmes de Franco Zeffirelli já seria
razão suficiente para caminhar
por entre as paredes medievais
feitas de pedra, mas o forasteiro
tem a sorte de se deparar com cenas bucólicas que acaloram o frio
tour arquitetônico.
Ação!
Cena um: o restaurante do Castelgrande (cuja construção iniciou-se no século 13) oferece o
melhor macarrão com vista da cidade. Em um terraço, degusta-se
a correta cozinha italiana. Na
montanha à frente, repousa o
Montebello (também do século
13). No vale entre as duas construções, Bellinzona se mostra inteira.
O preço do menu completo, com
entrada, prato principal e sobremesa, é de cerca de CHF 30 (R$
52). Não deixe de provar também
o café -um bom expresso, que
não é encontrado facilmente na
parte alemã do país.
Para chegar lá, nada de sacrifícios de outros tempos, porque um
elevador foi escavado na grande
rocha que sustenta a fortificação.
Dentro, como em todos os outros
castelos, há um museu histórico
-são as únicas porções do interior das construções que podem
ser visitadas.
Cena dois: do lado de fora do
Castelgrande, pode-se caminhar
pela muralha larga que envolve
um dos lados do castelo, forrada,
com graça, por grama. Não se espante se vir alguém dando saltinhos ou correndo, porque o tapete verde e as descidas íngremes
parecem convidar à brincadeira.
Ao lado do muro, cresce um inusitado parreiral.
Cena 3: antes de se tornar um
forte, o Montebello era residência
de verão de uma abastada família.
O melhor lugar para observar sua
arquitetura é no gramado que o
circunda. Lá existe uma estratégica mesa de pedra, na ponta de um
dos muros, que tem toda a cidade
aos seu pés. Há sempre alguém
lendo ou pensando na vida -ainda que os banquinhos não sejam
nada confortáveis.
Aos sábados, de lá, se avista a cidade fervilhando, colorida pelas
barraquinhas da tradicional feira
da praça principal, a Nosetto. Das
6h às 12h, em frente à prefeitura,
os agricultores do interior oferecem ovos, queijos e verduras frescos e frutas maduras.
Do Montebello, sobe-se até Sasso Corbaro (erguido na metade
do século 15), uma construção
menor, mas que premia com o
mais amplo panorama do vale.
Um cenário irrepreensível para a
cena final.
(JULIANA DORETTO)
Castelos de Bellinzona - Horário: de segunda a domingo, das 10h às 18h. Ingresso: CHF 8 (R$ 14; válido para os três
castelos; estudantes pagam meia-entrada). Linhas de ônibus: do Castelgrande
para o Montebello, deve-se pegar a de
número 81; do Montebello para o Sasso
Corbaro, toma-se a linha quatro.
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