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Abandono ronda patrimônio tombado do séc.17
DO ENVIADO ESPECIAL
Para quem se interessa pela história do país, a principal atração
de São Roque é o Sítio Santo Antônio, a 8 km do centro. Apesar da
importância e da beleza do lugar,
um alerta: a infra-estrutura turística é bastante inadequada ao status de monumento nacional.
O local foi residência do bandeirante Fernão Paes de Barros no
século 17 e, após passar por diversos proprietários, pertenceu ao
escritor modernista Mário de Andrade. Ele o comprou em dezembro de 1944, dois meses antes de
morrer. Nos anos 60, cumprindo
um desejo do escritor, a família
doou a propriedade à União.
O sítio inclui dois prédios históricos, ambos tombados em 1947
pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A casa-grande, construída
em 1650, era ponto de encontro
de bandeirantes. Já a capela de
Santo Antônio foi erguida em
1681 a pedido da mulher de Paes
de Barros, Maria de Mendonça.
As duas construções, embora
relativamente simples, estão em
bom estado -mérito da última
restauração, de 1999- e são vestígios raros da época em que aventureiros se embrenhavam pelo interior em busca de riquezas.
A casa-grande, com um único
pavimento, tem pelo menos duas
curiosidades que ilustram a vida
de então: as portas externas mais
altas do que as internas para que
os homens pudessem entrar na
casa de chapéu; e as janelas gradeadas para prevenir a entrada de
onças e outros animais selvagens.
Na capela, o altar é de madeira
policromada, e o nicho do santo,
de ouro. A imagem de santo Antônio é uma réplica da original,
furtada há 40 anos. Mesmo sem
iluminação ideal, as pinturas do
teto chamam a atenção.
Além do interesse histórico, o
lugar encanta pela beleza natural
e pela atmosfera bucólica. Na
frente da casa-grande e da capela,
um vasto gramado em suave declive conduz a um lago freqüentado por patos, garças e passarinhos
de cores variadas. Na margem
oposta, refletido no lago, um belo
bosque de mata atlântica.
Falta de infra
O turista, porém, precisa estar
preparado para a falta de boas
condições de visitação, evidente
antes mesmo de chegar lá.
Para quem sai de São Paulo, o
modo mais fácil de ir ao sítio, que
fica aberto de terça a domingo,
das 9h às 17h, é pela estrada Darcy
Penteado, que sai da altura do
quilômetro 56,5 da rodovia Raposo Tavares. Um pórtico marca o
início da estrada. A partir daí, é
preciso atenção -a primeira placa indicando o Sítio Santo Antônio surge após alguns minutos.
Ao chegar à entrada do sítio, a
impressão é de abandono. Na pequena construção que deveria
servir ao mesmo tempo de escritório e guarita, os vidros estão
quebrados e não há funcionários
nem folhetos explicativos.
Ao lado, no início da ladeira de
terra de 200 m, um bambu faz as
vezes de cancela. E o motorista
deve ser cauteloso ao descer pela
estradinha rumo à casa-grande,
pois não faltam valas e buracos.
Há quem prefira deixar o veículo
no meio do caminho e descer a pé.
Ao concluir a descida, a dica é
virar à direita e caminhar cerca de
50 m até a casa de Paulo Severino,
42, único funcionário do Iphan
que toma conta do sítio. Ele tem
as chaves da casa-grande e da capela e, com forte sotaque interiorano, conta a história do lugar.
Há 23 anos no posto, Severino
lamenta as condições para o visitante e a escassez de turistas. Segundo ele, houve promessa de
melhorias na estrada após a última restauração, mas nada foi feito. "E a idéia de um museu na casa-grande até hoje não saiu do papel."
(MM)
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