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DEZ VEZES BUENOS AIRES
Descubra casinhas, moradores preparando parrillada na calçada, cores e cheiros de um bairro orgulhoso
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Caminito completa cinco décadas como calçadão turístico
DA ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES
Recomendação indefectível a
qualquer turista que ponha o
pé em Buenos Aires, o Caminito decepciona por um lado. E
vale a pena por outro. A pequena viela do bairro La Boca não
conseguiu manter a gênese que
globalizava subgângsteres italianos, prostitutas e marinheiros que chegavam à cidade num
mosaico multicultural. Ficaram na história. E no tango.
A viela virou calçadão turístico há exatos 50 anos. Mas, mesmo antes de 1959, a estreita faixa diagonal de cem metros que
sai num dos braços do rio da
Prata já era famosa.
E passou a atrair turistas.
Com eles, artistas de produção
duvidosa. Depois, estátuas vivas para as fotos. Assim, não é
surpresa que tenha perdido
muito de sua autenticidade.
Num certo sentido, acompanhou um esvaziamento vivido
por bairros italianos de São
Paulo, como Brás e Bixiga, que
perderam muito da originalidade. Lá como cá, a maior parte
das boas cantinas foi embora.
Pelo menos, a maior parte das
que valiam a pena.
No caso da Boca, elas ocupavam toda a calle Necochea. Ali
era o epicentro de pratos de
mamma à base de frutos do mar
e de peixes. Prova inconteste da
turba de imigrantes genoveses
que tomou conta do bairro.
Mas, uma a uma, as cantinas foram fechando as portas.
Isso não quer dizer que você
deva riscar o Caminito de seu
roteiro. Não mesmo! Afinal, como provar que você foi a Buenos Aires sem as fotos das casas
feitas de restos de navio que
formam paredes coloridas?
Mais que isso. Você pode conhecer a sua Boca. Descobrir o
bairro à sua maneira.
Roteiro
Um bom começo pode ser o
Museu Casa Taller Celia Chevalier (calle Irala, 1162; tel.:
00/xx/54/11/4302-2337). Misto de galeria e museu, instalado
num imóvel da segunda metade do século 19, entrar ali é
mergulhar na história do bairro
e de seus imigrantes.
Aventure-se também por um
par de ruas próximas com certa
atenção, porque se trata de um
bairro nos limites da cidade. E
descubra pequenas casas e armazéns, moradores preparando na calçada uma parrillada,
muros grafitados, cores e cheiros de um bairro que exala orgulho e nada tem de artificial,
quase o oposto do Caminito.
Você vai garantir surpresas
longe das turmas turísticas e
fotos bem mais interessantes.
História
E mesmo que você não goste
de futebol, inclua uma visita ao
estádio do Boca Juniors
(www.bocajuniors.com.ar),
o mais mítico do planeta.
Nele, há um interessante
museu que conta a história do
clube fundado por italianos. Dá
ainda para fazer um tour pelo
estádio, comprar lembranças
na lojinha do time e sentir o
gostinho de ter estado em La
Bombonera -nome com que o
campo é chamado por lembrar
uma caixa de bombons.
(PRISCILA PASTRE-ROSSI)
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