São Paulo, quinta-feira, 29 de outubro de 2009

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DEZ VEZES BUENOS AIRES
Descubra casinhas, moradores preparando parrillada na calçada, cores e cheiros de um bairro orgulhoso

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Caminito completa cinco décadas como calçadão turístico

DA ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

Recomendação indefectível a qualquer turista que ponha o pé em Buenos Aires, o Caminito decepciona por um lado. E vale a pena por outro. A pequena viela do bairro La Boca não conseguiu manter a gênese que globalizava subgângsteres italianos, prostitutas e marinheiros que chegavam à cidade num mosaico multicultural. Ficaram na história. E no tango.
A viela virou calçadão turístico há exatos 50 anos. Mas, mesmo antes de 1959, a estreita faixa diagonal de cem metros que sai num dos braços do rio da Prata já era famosa.
E passou a atrair turistas. Com eles, artistas de produção duvidosa. Depois, estátuas vivas para as fotos. Assim, não é surpresa que tenha perdido muito de sua autenticidade.
Num certo sentido, acompanhou um esvaziamento vivido por bairros italianos de São Paulo, como Brás e Bixiga, que perderam muito da originalidade. Lá como cá, a maior parte das boas cantinas foi embora. Pelo menos, a maior parte das que valiam a pena.
No caso da Boca, elas ocupavam toda a calle Necochea. Ali era o epicentro de pratos de mamma à base de frutos do mar e de peixes. Prova inconteste da turba de imigrantes genoveses que tomou conta do bairro. Mas, uma a uma, as cantinas foram fechando as portas.
Isso não quer dizer que você deva riscar o Caminito de seu roteiro. Não mesmo! Afinal, como provar que você foi a Buenos Aires sem as fotos das casas feitas de restos de navio que formam paredes coloridas? Mais que isso. Você pode conhecer a sua Boca. Descobrir o bairro à sua maneira.

Roteiro
Um bom começo pode ser o Museu Casa Taller Celia Chevalier (calle Irala, 1162; tel.: 00/xx/54/11/4302-2337). Misto de galeria e museu, instalado num imóvel da segunda metade do século 19, entrar ali é mergulhar na história do bairro e de seus imigrantes.
Aventure-se também por um par de ruas próximas com certa atenção, porque se trata de um bairro nos limites da cidade. E descubra pequenas casas e armazéns, moradores preparando na calçada uma parrillada, muros grafitados, cores e cheiros de um bairro que exala orgulho e nada tem de artificial, quase o oposto do Caminito. Você vai garantir surpresas longe das turmas turísticas e fotos bem mais interessantes.

História
E mesmo que você não goste de futebol, inclua uma visita ao estádio do Boca Juniors (www.bocajuniors.com.ar), o mais mítico do planeta.
Nele, há um interessante museu que conta a história do clube fundado por italianos. Dá ainda para fazer um tour pelo estádio, comprar lembranças na lojinha do time e sentir o gostinho de ter estado em La Bombonera -nome com que o campo é chamado por lembrar uma caixa de bombons.
(PRISCILA PASTRE-ROSSI)


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