São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2007

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BOAS FESTAS

Livro repassa rica história berlinense em fotografias

Imagens registram as diversas fases de Berlim, desde que era capital do reino da Prússia até o pós-guerra

GUSTAVO ROTH
EDITOR-ADJUNTO DE FOTOGRAFIA

Grande e pesado. Essa é apenas a primeira impressão quando se tem em mãos o livrão "Berlin -Porträt einer Stadt", ou, em bom português, "Berlim -Retrato de uma Cidade".
Com quase 700 páginas e não menos que 4 quilos, o lançamento da editora Taschen revela, em imagens, a história da metrópole alemã nos últimos 150 anos, desde a época em que foi capital do reino da Prússia.
Dividido em cinco capítulos como uma linha de tempo, o livro mostra cenas do cotidiano de seus habitantes e, também, seus momentos e monumentos históricos.
O portal de Brandenburgo, que abre a edição em uma cena de 1870 em tons de sépia, aparece, depois, emoldurando as grandes manifestações do nazismo e, também, arrasado pela Segunda Guerra (1939-1945).
O local também foi palco de desfiles de moda nos anos 70, em plena Guerra Fria. E há imagens do Reichstag, a sede do parlamento alemão, em 1892, onde um orgulhoso carpinteiro trabalha em uma das torres da obra recém construída.
Esse imponente prédio reaparece em 1945 em ruínas, e, ainda, empacotado em 1995, na inusitada obra dos artistas Christo e Jeanne-Claude, em sua reforma e na reinauguração, como um dos marcos da arquitetura moderna.
Nas imagens do livro, é possível acompanhar a Revolução Industrial, os momentos de crise, decadência e novamente o desenvolvimento de Berlim.
Estão lá vendedores e artistas de rua, cenas da vida noturna e brincadeiras de criança em épocas passadas. São flagrantes do cotidiano retratados por 280 fotógrafos, entre anônimos e alguns dos maiores nomes do fotojornalismo, como Henri Cartier-Bresson, Helmuth Newton, Robert Capa, René Burri, Josef Koudelka e Erich Solomon, cujas biografias estão resumidas ao final do livro.
A força das imagens é sustentada por comentários em três idiomas (alemão, inglês e francês) de importantes cidadãos berlinenses ou conhecedores da metrópole, como Marlene Dietrich, David Bowie, Willy Brandt, Vladimir Nabokov e Helmuth Newton. Vale lembrar que Berlim sobreviveu às duas Grandes Guerras Mundiais, foi dividida pelo famoso muro durante a Guerra Fria, presenciou sua queda, marcou a reunificação alemã e, por fim, se restabeleceu como capital definitiva do país nos anos 90.
Por trás desta obra-prima está a dedicação do editor Hans Christian Adam que, durante sete anos, vasculhou arquivos públicos e coleções particulares para editar "Berlin". Apesar de todo o tamanho, sobra espaço para algumas críticas. Faltam fotos, fotógrafos e até capítulos da história berlinense. Não há quase nada sobre a influente comunidade judaica no tradicional bairro Spandau e muito pouco da tão documentada virada deste século. E como o velho ditado que diz que a primeira impressão é a que fica, "Berlim -Retrato de uma Cidade", de 672 páginas (e que custa 49,99) é mesmo muito grande, pesado e difícil de manusear. Mesmo assim, não deixa de ser interessante.
Quem deseja conhecer melhor uma das principais cidades do mundo ou aprecia fotografias de primeira classe pode desfrutar de um passeio turístico por meio das lentes destes atentos fotógrafos.


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