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BOAS FESTAS
Livro repassa rica história berlinense em fotografias
Imagens registram as diversas fases de Berlim, desde que era capital do reino da Prússia até o pós-guerra
GUSTAVO ROTH
EDITOR-ADJUNTO DE FOTOGRAFIA
Grande e pesado. Essa é apenas a primeira impressão quando se tem em mãos o livrão
"Berlin -Porträt einer Stadt",
ou, em bom português, "Berlim
-Retrato de uma Cidade".
Com quase 700 páginas e não
menos que 4 quilos, o lançamento da editora Taschen revela, em imagens, a história da
metrópole alemã nos últimos
150 anos, desde a época em que
foi capital do reino da Prússia.
Dividido em cinco capítulos
como uma linha de tempo, o livro mostra cenas do cotidiano
de seus habitantes e, também,
seus momentos e monumentos
históricos.
O portal de Brandenburgo,
que abre a edição em uma cena
de 1870 em tons de sépia, aparece, depois, emoldurando as
grandes manifestações do nazismo e, também, arrasado pela
Segunda Guerra (1939-1945).
O local também foi palco de
desfiles de moda nos anos 70,
em plena Guerra Fria. E há
imagens do Reichstag, a sede do
parlamento alemão, em 1892,
onde um orgulhoso carpinteiro
trabalha em uma das torres da
obra recém construída.
Esse imponente prédio reaparece em 1945 em ruínas, e,
ainda, empacotado em 1995, na
inusitada obra dos artistas
Christo e Jeanne-Claude, em
sua reforma e na reinauguração, como um dos marcos da arquitetura moderna.
Nas imagens do livro, é possível acompanhar a Revolução
Industrial, os momentos de crise, decadência e novamente o
desenvolvimento de Berlim.
Estão lá vendedores e artistas de rua, cenas da vida noturna e brincadeiras de criança em
épocas passadas. São flagrantes
do cotidiano retratados por
280 fotógrafos, entre anônimos
e alguns dos maiores nomes do
fotojornalismo, como Henri
Cartier-Bresson, Helmuth
Newton, Robert Capa, René
Burri, Josef Koudelka e Erich
Solomon, cujas biografias estão
resumidas ao final do livro.
A força das imagens é sustentada por comentários em três
idiomas (alemão, inglês e francês) de importantes cidadãos
berlinenses ou conhecedores
da metrópole, como Marlene
Dietrich, David Bowie, Willy
Brandt, Vladimir Nabokov e
Helmuth Newton. Vale lembrar que Berlim sobreviveu às
duas Grandes Guerras Mundiais, foi dividida pelo famoso
muro durante a Guerra Fria,
presenciou sua queda, marcou
a reunificação alemã e, por fim,
se restabeleceu como capital
definitiva do país nos anos 90.
Por trás desta obra-prima está a dedicação do editor Hans
Christian Adam que, durante
sete anos, vasculhou arquivos
públicos e coleções particulares para editar "Berlin". Apesar
de todo o tamanho, sobra espaço para algumas críticas. Faltam fotos, fotógrafos e até capítulos da história berlinense.
Não há quase nada sobre a influente comunidade judaica no
tradicional bairro Spandau e
muito pouco da tão documentada virada deste século. E como o velho ditado que diz que a
primeira impressão é a que fica,
"Berlim -Retrato de uma Cidade", de 672 páginas (e que custa
49,99) é mesmo muito grande, pesado e difícil de manusear. Mesmo assim, não deixa
de ser interessante.
Quem deseja conhecer melhor uma das principais cidades
do mundo ou aprecia fotografias de primeira classe pode
desfrutar de um passeio turístico por meio das lentes destes
atentos fotógrafos.
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