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Sé de Braga guarda cruz usada por Cabral
ENVIADO ESPECIAL A PORTUGAL
Não é preciso ser um iniciado
em arquitetura de igrejas para
sentir o quanto Braga oferece
de singular. Há algo em comum
com o gótico ou com o barroco
de países católicos (Espanha,
França, Alemanha do sul ou
Áustria), em que a ostentação
das riquezas dos templos não
chegava a ser um pecado.
As duas igrejas mais antigas
são a basílica de São Martinho
(século 6) e a capela de São Fruguoso (erigida pelos visigodos).
Mas nenhuma supera a Sé de
Braga, de estrutura românica,
gótica ou manuelina, estilo arquitetônico em que as colunas
reproduzem a cordoagem também existente nas caravelas.
Não deixe de visitar o museu
da Sé, dentro da catedral. O ingresso custa € 3. A museografia
é moderníssima, patrocinada
pelo patrimônio cultural da
União Européia. Há peças como a pequena cruz do Brasil,
que Cabral teria utilizado para
a celebração da primeira missa,
em 1500. Ou custódias, cálides
e relicários medievais.
Outras igrejas: a da Misericórdia, com seu altar-mor todo
talhado e recoberto em ouro. O
mesmo ocorre com o convento
do Pópulo (do povo), onde é
preciso atenção para não atrapalhar velórios feitos do lado
direito do altar-mor, segundo
tradição reservada aos fiéis
mais idosos. Na mesma igreja,
azulejos preciosos, com cenas
da vida de santo Agostinho.
O paço Episcopal tem uma
edificação gótica, parecida à
muralha de um castelo, onde
está instalada a biblioteca pública. O edifício não está aberto
à visitação. Mas suas arcadas
externas, a certa distância do
muro, dão ao conjunto uma encantadora leveza.
Na praça do Município há,
obviamente, a prefeitura (que,
em Portugal, por ser um país
parlamentarista em todos os
níveis de governo, chama-se
Câmara Municipal). Prédio do
século 18, em estilo clássico.
A Braga medieval é exemplificada pela torre da Menagem,
provavelmente construída no
século 13 e que integrava as
muralhas destruídas, em nome
do "progresso", no início do século passado.
E para quem quiser gastar
em excursão ou 8 em táxi,
existem os santuários de Braga,
construídos no topo das colinas que circundam a cidade. O
mais bonito deles, que data do
século 18, é o do Bom Jesus.
Ele é também acessível por
um bondinho sobre trilhos,
chamado de elevador hidráulico, e tem o mais bonito carrilhão da cidade. Depois de bater
a hora exata, os sinos executam
canções religiosas "velhas como a Sé de Braga".
(JOÃO BATISTA NATALI)
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